Tuesday, September 11, 2012

Faroeste Caboclo em Teófilo Otoni.


Mais uma história de Teófilo Otoni, contada pela Cláudia!

 Faroeste Caboclo em Teófilo Otoni.

        Como já relatei anteriormente, Teófilo Otoni é uma cidade de 133.000 habitantes e carente de muitas coisas entre elas o  laser. Não existem opções gratuitas de diversão. Um dos poucos eventos existente é o desfile cívico de sete de setembro, que coincide com o aniversário da cidade. Em 2010 são 159 anos de fundação.

        Aqui existe uma tradição muito forte, que são as Fanfarras das escolas municipais e estaduais.

        A maioria das escolas tem sua Fanfarra, e para fazer bonito no dia do desfile, os ensaios já iniciam no mês de março. Existe até uma certa competição entre elas, cada qual quer chamar mais a atenção do público. Os meninos fazem cortes de cabelo especiais, alguns até pintam os cabelos, as meninas todas produzidas e maquiadas. Isso sem falar dos malabarismos que o pessoal da bateria faz com as baquetas, algo digno do grupo Olodum.

        Esse ano o dia 7 de setembro amanheceu especialmente ensolarado, anunciando grandes expectativas, para o grande desfile, pois afinal envolve centenas de alunos e milhares de expectadores.

        E foi assim com esse espírito cívico, que eu e o Armin acordamos cedo e fomos assistir o grande espetáculo. A Fernanda como boa adolescente que é, preferiu  ficar dormindo.

        Enfim chegamos cedo na praça, escolhemos um bom lugar na sombra, com uma visão ampla da avenida. o público era muito grande, famílias com crianças, idosos, alguns mais precavidos com seus banquinhos ou tamburetes como chamam por aqui. Por ser ano eleitoral muitos candidatos realizando uma ampla distribuição de santinho, até bonecos gigantes da Dilma e do Lula. Tudo muito colorido.


        Terminados os tradicionais discursos, tem inicio o desfile. Público ansioso, crianças inquietas procurando o melhor ângulo de visão.
        Ao nosso lado chamou a atenção uma família, composta de pai, mãe e cinco crianças, a mais velha deveria ter uns 10 anos. O que chamou mais atenção é que se tratava de uma família humilde, provavelmente usuários da Bolsa Família, porém as crianças estavam bem arrumadas demonstrando o capricho da mãe, meninas de cabelo preso e devidamente enfeitado com acessórios, meninos de cabelos bem cortados. Aquela altura o pai já  havia providenciado um lanchinho para a galera: 2 litrões de refri( uma Fanta e um refri UAI, que só existe aqui em Minas) e alguns pacotes de salgadinho.


        Enfim o desfile, a abertura feita pelo exército, militares do tiro de guerra marchando perfilados, com seus coturnos muito bem encerados. A seguir a Brigada Militar com seus uniformes impecáveis. Um show a parte, o pelotão feminino, com seus cabelos presos por um coque, maquiagem discreta, algumas muito jovens, demonstrando a força da participação das mulheres em todos os setores da sociedade.


        A equipe do GATE (Grupamento Tático Especial) levou o público ao delírio com uma demostração de sua ação em plena avenida, trajando seus uniformes e armamentos completos, semelhantes a Ninjas modernos.
Logo atrás vinha a polícia ambiental com seus chapéus canadenses, SAMU, Corpo de Bombeiros isso tudo ao som de sirenes das viaturas impecavelmente limpas e enceradas.

        Tudo transcorria normalmente, soldados satisfeitos e orgulhosos, público feliz e satisfeito, até que o inesperado aconteceu. Como diz o gaúcho:  "começou o buchincho, parecia um eguedo disparando no varzedo"

        As pessoas começaram a correr, pânico generalizado, gritaria, até mesmo idosos e crianças correndo, juro que vi até gente de muletas correndo, quando consegui entender o que  alguns gritavam: "tiro, tiro, corre que é tiro!" Uma vovó atrás de min sugeriu " se joguem no chão!". 

        Olhei para o chão, olhei para a rua com aquele povo correndo para todo o lado, gente gritando, gente chorando e enfim tomei minha decisão, como boa gaúcha que sou: " Alas pucha tchê, não se assustemo", se for pra morrer aqui, vou morrer com dignidade, de pé e sem me escabelar!".  Simplesmente me segurei em uma placa de sinalização e esperei o tumulto acabar.
Muita gente se machucou durante a correria, arrebentaram cordão de isolamento, quebraram cavaletes, crianças perdidas dos pais, uma coisa impressionante.
Perguntamos á um Sargento da PM o motivo, e ele explicou que a poucos metros de nós, ali mesmo na praça, houve um acerto  de contas entre pessoas de gangues rivais, ligadas ao tráfico de drogas, deixando o saldo de um homem baleado na cabeça, que depois ficamos sabendo pelo noticiário se tratar de Eduardo, 30 anos conhecido como "chupeta". Mas a polícia agiu muito rápido e prendeu o autor do disparo (um menor de 16 anos) e  apreendeu a arma, além de prender vários envolvidos. 

        Passado o tumulto, reiniciou o desfile. Todo contingente policial presente, para garantir a segurança,  afinal todos aguardam o ano inteiro para esse dia. Desfilaram creches, grupos de idosos, mais Fanfarras  quando de repente para perplexidade, nova gritaria tumulto e correria, alguns componentes da gangue do cara baleado resolveu  atirar contra os rivais que estavam assistindo ao desfile.

        Aí não teve jeito, a Prefeita resolveu cancelar o desfile e solicitar que todos se dirigissem para suas casas. Então sem outra alternativa, voltamos para casa com toda a nossa decepção e mais uma história para contar.

        Um grande abraço a todos.  

Thursday, August 16, 2012

Praticando Esportes em T.O


Texto de Cláudia Lina Farias

Hoje em dia fala-se muito em prática de esportes e fim do sedentarismo, o que eu acho muito bom. Não que eu concorde com a ditadura estética imposta pela mídia de gente magra com a aparência de anoréxicas, ou de rapazes com os bíceps de rinoceronte.  Eu defendo uma vida saudável, de pessoas normais, sem se escravizar a nenhum padrão.

Sendo assim sigo uma rotina quase diária de exercícios o  que me garante  uma saúde razoável. Porém como já comentei anteriormente, o trânsito aqui, é um capitulo a parte, a disputa por espaço chega as vias da loucura. São apenas duas avenidas que cortam o centro da cidade, dando acesso as ruas vicinais, uma que entra no centro cidade e outra que sai.

 Para ter uma ideia, ontem presenciei uma colisão, acreditem, de um carrinho de uma catadora de papelão contra um ônibus coletivo. Isso mesmo vocês não entenderam mal, foi o carrinho que bateu no ônibus,  que por sua vez estava parado na sinaleira. Aí foi aquele caos, rua trancada, gente buzinando, motos costurando entre carros. Me senti como uma moradora da Índia, só faltaram as vacas e os elefantes.
Sendo assim, cheguei a conclusão que para praticar esportes ao ar livre, aqui são necessárias quatro  coisas: Acordar cedo, ter Determinação, Coragem e Sorte(para não ser atropelada)

Aqui no no nordeste de Minas o dia começa a clarear por volta das 6 h, e tem muito poucas pessoas na rua, então por volta das 6:30(após fazer o sinal da cruz) saio com a minha bicicleta, aquela mesma que ganhei a mais de 15 anos, e faço meu trajeto de 8km. 

Neste tempo em que realizo esta atividade já muita coisa, atropelamento,acidentes automobilísticos, cavalos soltos na pista, batida entre duas bicicletas, polícia revistando pessoas suspeitas, ou seja, a diversão é garantida.

Mas também, já reconheço nas ruas,  muitas pessoas que saem diariamente no mesmo horário que eu.  Não sei o nome de nenhuma, mas cada um tem suas características próprias, ex:
- Uma senhora gorda que faz caminhadas sempre com camisetas alusivas ao Ioga, com frases indianas. 
- Outra senhora idosa que sempre usava meias velhas de elástico frouxo e que depois do dia das mães apareceu de meias novas(concluí que ela deve ter filhos)
- Um homem de  meia idade que sempre usa um calção branco(deve ter vários no armário) apertado, revelando detalhes de sua anatomia.
- Uma mulher que usa calça e saia por cima (deve ser crente). Ou seja além do exercício físico, exercito a lógica e a imaginação. É claro que também tem muitas pessoas com características de atletas, e aqueles que desfilam com suas roupas de grifes famosas.


Outra categoria a destacar são os atletas de fim de semana, como por exemplo um grupo de ciclistas, na grande maioria  homens, que se encontram na praça para pedalar em grupo. Esses tiram onda de profissionais. Um dia conversei com um deles enquanto calibrava o pneu no posto de gasolina, ele perguntou se eu queria pedalar com eles.
Rapidamente analisei o grupo e os equipamentos necessários para acompanhá-los: bermudinhas de laycra, super apertadas e coloridas(semelhante ao homem berinjela),capacete,  óculos de sol da "Speedo", tenis" Nike", e por fim uma bicicleta de alumínio com 36 marchas. Sendo assim agradeci o convite e segui meu caminho solitário pelas ruas de Teofilo Otoni com a minha Bike guerreira de 15 anos.

E assim caminha a humanidade, com toda sua diversidade. Uma simples saída na rua pode proporcionar uma análise antopológica. Quem sabe futuramete, dá para pensar em uma faculdade na terceira idade? Aí com certeza vou por uma plaquinha na frente de casa "D. Claudia - Antopóloga".

Thursday, August 02, 2012

100 MOTIVOS PARA ENTREGAR SUA ARMA



De Serpaz Serviço de Paz
100 MOTIVOS PARA ENTREGAR SUA ARMA

1) Todo dia, 100 pessoas morrem no Brasil vítimas de arma de fogo.
2) No Brasil, a cada dia morre uma pessoa vítima de acidente com arma de fogo.
3) Arma de fogo mata mais que acidente de trânsito.
4) 67% das mortes de homens entre 15 e 34 anos é causado por arma de fogo.
5) Só no ano passado, foram 36 mil mortos a tiros. É uma pessoa a cada 15 minutos.
6) O Brasil é o país em que mais se morre e mais se mata com arma de fogo no mundo.
7) O Brasil tem 2,8% da população mundial, mas responde por 7% dos homicídios com arma de fogo em
todo o mundo.
8) No Brasil morre-se mais por arma de fogo (29,6%) do que por acidente de trânsito (25,1%).
9) A arma de fogo é a primeira causa de morte de homens jovens no Brasil.
10) No Brasil a probabilidade é 2,5 mais alta de um jovem morrer por arma de fogo (34%) do que num
acidente de trânsito (14%).
11) O homem que se arma tem a ilusão de que está protegido. Isso só acontece no cinema. Na vida real, o
bandido tem a iniciativa do assalto e vai escolher o momento em que você está distraído. Se você tentar
pegar sua arma, provavelmente vai morrer.
12) Uma pessoa com arma em casa tem 57% mais chance de ser assassinada do que quem está desarmado.
13) Se o criminoso encontrar sua arma no carro ou na sua casa, vai usa-la contra você e sua família e ainda
leva-la consigo.
14) A maioria dos homicídios é cometida por desentendimentos e agressões entre parentes ou conhecidos:
brigas em boates, bares, trânsito, torcidas de futebol ou mesmo em casa. São momentos onde agressões
físicas são substituídas por tiros.
15) Para ser ter uma idéia, só na Zona Sul de São Paulo em 46% dos homicídios vítima e autor se
conheciam.
16) Qualquer um pode perder a cabeça e, com arma ao alcance da mão, se transformar num assassino!
17) Ao contrário do que a maior parte das pessoas pensa, entre todas as mortes por armas de fogo apenas
10% são o resultado de latrocínio (roubo seguido de morte).
18) Acidentes com armas de fogo matam em média um brasileiro por dia.
19) A cada três pessoas internadas em hospitais por ferimentos a bala, uma foi acidente com arma. E as
crianças acabam sendo as principais vítimas.
20) A cada dia morrem em média quatro brasileiros por suicídio com arma de fogo.
21) O Rio Grande do Sul é um dos estados mais armados do Brasil e ocupa o segundo lugar em suicídios
por arma de fogo no país. Pesquisa feita pelo Dr. David Hemenway, da Universidade de Harvard,
conclui que em todo mundo “onde tem mais armas de fogo, tem mais suicídios”.
22) Involuntariamente o “homem de comum” que compra uma arma na loja acaba abastecendo o crime
quando a sua arma é roubada num assalto, perdida ou revendida a terceiros.
23) A cada ano, só no Estado de São Paulo, 11 mil armas legais são roubadas ou furtadas e passam para as
mãos de criminosos.
24) Desarmar os criminosos é trabalho para a polícia. Quase todos (90%) os artigos do novo Estatuto do
Desarmamento tratam de dar meios para a polícia melhor combater o crime organizado (penas altas para
contrabando de armas, marcação de arma e munição, banco nacional de dados, etc).
25) É um mito achar que as armas que nos ameaçam são armas de cano longo, estrangeiras,
contrabandeadas. Pesquisas feitas com a Polícia Civil no Rio de Janeiro revelou que 74% das armas
apreendidas em situação ilegal são brasileiras e 78% são pistolas e revólveres.
26) As armas estrangeiras e de cano longo são usadas nos enfrentamentos entre quadrilhas, entre criminosos
e a polícia. O que nos ameaça nos assaltos são pistolas e revólveres, na maioria produzidas na Brasil.
Daí a importância do controle sobre essas armas legais, como prevê o Estatuto do Desarmamento.
27) Os crimes cometidos com arma de fogo são muito mais letais do que os cometidos com armas brancas.
28) A chance de morrer numa agressão com arma de fogo é de 75%, enquanto com arma branca é de 36%.
29) As armas de fogo podem atingir várias pessoas em poucos segundos, como acontece em massacres
coletivos, e provocam mortes por balas perdidas. Segundo a Polícia Civil, há 40 vítimas de balas
perdidas por mês no Rio de Janeiro.
30) O sistema de saúde pública gasta cerca de R$ 12.000 com cada vítima de arma de fogo. Valor que
poderia ser utilizado para tratar de inúmeros doentes, comprar remédios, melhorar hospitais...
31) A Campanha de Desarmamento já reduziu o número de homicídios e de ocorrências com arma de fogo.
Em Maringá, o número de assassinatos por arma de fogo caiu 30%.
32) No estado de São Paulo, já caiu o número de homicídios e a quantidade de armas nas ruas.
33) Onde há uma arma e duas pessoas, há um homicídio em potencial.
34) O objetivo da Campanha do Desarmamento não é tomar armas de bandidos – função que deve ser
exercida pelas polícias - mas sim fazer com que o cidadão de bem não tenha armas de fogo em casa,
para evitar homicídios decorrentes de discussões banais, com brigas em família, no trânsito, em bares, e
brincadeiras de crianças com revólver, que muitas vezes acabam em tragédias.
35) O importante é criar novos paradigmas de negação da violência, paradigmas de uma vida melhor para
todo mundo. “Viver melhor significa ter um país mais seguro.”
36) Cada dez vezes que um cidadão de bem saca uma arma, em nove o bandido leva vantagem.
37) Segundo o relatório da Control Arms, existem por volta de 650 milhões de armas de pequeno porte no
mundo hoje, a maioria nas mãos de homens, e nesse cenário, as mulheres sofrem diretamente e
indiretamente de violência por armas de fogo.
38) Um estudo feito nos Estados Unidos mostra que a presença de uma arma de fogo em casa aumenta o
risco de alguém naquela residência ser assassinado em 41%; e o risco para as mulheres aumenta 272%.
39) Na África do Sul uma mulher morre a cada 18 horas assassinada pelo marido ou ex-marido.
40) Entre 1995 e 2003, quando o Canadá intensificou as leis sobre armas de fogo, o índice de homicídio de
mulheres caiu 40%.
41) Cinco anos depois que a Austrália intensificou as leis sobre armas de fogo, em 1996, a taxa de
homicídio de mulheres diminuiu pela metade.
42) A vítima de um ataque com uma arma de fogo tem 12 vezes mais chances de morrer do que a vítima de
um ataque por facas, agressões físicas, etc.
43) As mulheres quase nunca compram armas, usam armas ou possuem uma arma, mas elas continuam
sofrendo as conseqüências das armas de fogo.
44) Um cidadão armado tem 57% mais chance de ser assassinado do que os andam desarmados.
45) A cada 7 horas uma pessoa é vítima de acidente com arma de fogo no Brasil.
46) 9 entre cada 10 homicídios são praticados com arma de fogo no país.
47) Em São Paulo, quase 60% dos homicídios são cometidos por pessoas sem histórico criminal e por
motivos fúteis.
48) No Rio de Janeiro, um em cada dois jovens que morrem, é vítima de arma de fogo. As armas de fogo
provocam um custo ao SUS de mais de 200 milhões de reais.
49) A violência consome 10,5% do PIB na América Latina.
50) Nos EUA, para cada vez que um cidadão usa uma arma de fogo para matar em legítima defesa, houve
131 casos de assassinatos, suicídios e acidentes envolvendo armas.
51) A chance de uma mulher morrer assassinada com arma pelo marido ou amante é duas vezes maior do
que por um desconhecido. Quem tem arma em casa tem quase 3 vezes mais chances de morrer em um
assalto do que os que estão desarmados.
52) As grandes cidades, onde estão concentradas as armas de fogo, detém a maioria dos homicídios.
53) As armas representam muito mais risco do que a segurança para quem as porta.
54) Defender uma sociedade menos armada é muito mais do que uma visão ideológica ou romântica, mas
definitivamente uma opção por uma sociedade mais pacífica e onde todo nós possamos estar de fato
mais seguros.
55) A imensa maioria dos crimes é cometida com armas brasileiras e de calibre permitido!
56) Das armas apreendidas pela polícia no Rio de Janeiro, mais de 80% eram brasileiras e 90% de calibre
permitido, ou seja, mesmo que o bandido não compre armas em uma loja, são armas que entram de
forma legal as mais utilizadas para roubar e matar em nosso país. A figura do traficante usando um fuzil
ou metralhadora é assustadora, mas representa um número ínfimo de mortes se comparados às vítimas
dos tradicionais revólveres calibre 38.
57) Muitas armas chegam nas mãos dos bandidos depois de roubadas de pessoas que as compram achando
que vão se defender, ou então são desviadas por empresas de segurança ou até pela polícia. Só em São
Paulo, em cinco anos, mais de 70.000 armas registradas foram roubadas. Proibir a venda de armas no
país teria, portanto, efeito significativo na queda do número de armas nas mãos dos criminosos.
58) Quase metade dos homicídios são cometidos por pessoas que não são ligadas ao crime, que não tem
antecedentes criminais e que não têm porque terem armas ilegais.
59) Ao contrário do que muitos pensam, cerca de metade dos homicídios não são cometidos por bandidos
em assaltos ou chacinas. Centenas de pessoas morrem todas as semanas assassinadas por indivíduos sem
antecedentes criminais e que se conhecem. São aquelas que perdem a vida em situações banais: brigas
de trânsito, em bares ou ainda assassinadas dentro de casa pelos familiares. É muito difícil evitar que
este conflitos ocorram, mas, se conseguirmos reduzir o número de armas, o que poderia ser agressão não
se tornará mais um assassinato.
60) Uma pesquisa realizada em São Paulo alerta para a queda das lesões corporais e o aumento dos
homicídios na capital e situação inversa na interior. Percebe-se que a maior facilidade na obtenção e no
uso de armas nas grandes cidades tem transformado brigas em assassinatos, feridos em mortos,
discussões em tragédias, todos os dias. Já no interior, onde a presença de armas de fogo é menor, o
aumento da violência se reflete em um crescimento das lesões corporais ou seja, agressões que são
graves, mas não causam a morte.
61) Mesmo que a lei do desarmamento só consiga reduzir uma parte dos homicídios, já terá prestado um
grande serviço à nação, podendo salvar milhares de vidas anualmente. Poucos atos do Congresso
Nacional podem ter tanto efeito prático em tão pouco tempo.
62) Nos últimos vinte anos o número de brasileiros assassinados aumentou 273%, sete vezes mais do que o
crescimento populacional. Só no ano de 1998 quase 50.000 pessoas foram mortas, sendo que cerca de
45.000 vítimas do uso de armas de fogo.
63) Devido aos tristes dados do Brasil em relação a homicídios, a ONU nos deu o título de país que mais
mata com armas de fogo no mundo. Para se ter uma idéia, a chance de um brasileiro morrer por arma de
fogo é 3 a 4 vezes maior do que a média mundial.
64) Nossa realidade se torna ainda mais assustadora por sabermos que os jovens as maiores vítimas da
violência que nos assola. Só em 1998, 6.876 jovens, entre 10 e 19 anos, foram assassinados no Brasil.
Apenas no Rio de Janeiro, 8 pessoas entre 15 e 24 anos perdem a vida todos os dias, vitimados por
armas de fogo. Nesta faixa etária, a chance de uma pessoa ser morta com arma de fogo é 4,5 vezes
maior do que o restante da população.
65) Os índices brasileiros de homicídios retratam de forma fria os milhares de rostos de vítimas e a tristeza
de familiares inconsolados diante da violência causada por revólveres e pistolas em todo o país.
66) Não devemos assistir inertes que mais vidas se percam todos os dias até que se proíba, de uma vez por
todas, a venda de armas em nosso país.
67) A violência armada não é só um problema de aplicação de lei, ou um problema de segurança nacional.
Esta forma de violência tem gerado uma enorme crise na saúde pública mundial.
68) A violência produzida por armas pequenas causa um sofrimento imenso a amigos e familiares de
milhares de mortos e de mais de um milhão de feridos no mundo a cada ano. Além dos efeitos
imediatos, há as lesões físicas e psicológicas permanentes, e destruição de famílias, a perda de
produtividade econômica e o desperdício de recursos dos serviços de Saúde Pública, fatores difíceis de
serem avaliados.
69) A classe médica internacional se depara com grandes desafios ao tentar atender às necessidades
imediatas das vítimas de armas de fogo, devido ao alto custo da reabilitação física e psicológica
imprescindíveis a tantas delas.
70) O próprio desenho das armas pequenas, fácil de portar e de esconder, resistente e duradouro, com preço
baixo e um grande poder letal, dificulta muito a apreensão, prejudicando sistemas de Saúde Pública e
desenvolvimento ao redor do mundo.
71) Cerca de 500 mil pessoas morrem no mundo todo a cada ano, vítimas de ferimentos causados por armas
pequenas usadas para solucionar conflitos, no crime e em outros eventos violentos.
72) O custo das mortes com armas de fogo consome 14% do Produto Interno Bruto (PIB) da América
Latina, 10% do PIB do Brasil e 25% do PIB da Colômbia.
73) Armas pequenas atuam com um vírus contagioso, que atravessa fronteiras políticas e econômicas com
facilidade, causando danos às populações vulneráveis, em particular as localizadas em áreas pobres,
politicamente instáveis e sob o domínio de conflitos políticos.
74) As mulheres são vítimas armada duas vezes. Elas sofrem os efeitos negativos da violência armada como
vítimas e como mães, esposas, namoradas e irmãs dos que foram mortos e feridos por armas de fogo.
75) Com freqüência, as mulheres têm que suportar o peso de sustentar uma família, e conforta-la
emocionalmente depois que o chefe da família é morto ou ferido com gravidade a ponto de não poder
mais trabalhar.
76) As mulheres são vítimas freqüentes de crimes violentos, ataques domésticos, violência sexual, suicídios
e acidentes com armas de fogo graças à pronta disponibilidade de armas – sejam elas possuídas de
forma legal ou ilegal.
77) Ao contrário da crença popular, as armas não protegem as mulheres em casos de violência doméstica.
78) A presença da arma em casa aumenta a possibilidade de que uma relação abusiva acabe se tornando
fatal.
79) Casos de agressão doméstica e violência sexual envolvendo armas de fogo têm chance muito maior de
resultarem em morte do que aqueles que não envolveram armas.
80) Segundo estudo do New England Journal of Medicine (Estados Unidos, 1993), lares com armas de fogo
correm mais risco de homicídios entre familiares do que lares sem armas.
81) As mulheres têm uma noção bastante diferente sobre a segurança daquela dos homens. Em termos
gerais, as mulheres consideram a presença de armas de fogo em casa como uma ameaça, enquanto os
homens se sentem mais seguros. Com freqüência, as armas se tornam um símbolo do poder masculino e
são usadas para promover o uso da violência para solucionar conflitos.
82) Homens que trazem armas para casa tentando garantir a segurança da família estão na verdade pondo
estas pessoas em maior risco. Dados do Violence Policy Center (Estados Unidos, 1999) revelam que
uma arma de fogo em casa aumenta em cinco vezes o risco de suicídio para mulheres, enquanto o risco
de homicídios de mulheres triplica.
83) A idéia de que ter uma arma em casa é um modo efetivo de proteção contra criminosos é errada. Vários
estudos revelam que é muito mais provável que o indivíduo use uma arma contra seu parceiro ou
parceria, ou ainda contra um membro da família, do que a use contra um estranho.
84) A violência está demais. A taxa de homicídios por arma de fogo no Brasil é cinco vezez mais alta do
que nos EUA, um país violento.
85) O jovem é uma grande vítima. No Rio de Janeiro, morrem por arma de fogo 24 vezes mais homens do
que mulheres na população de 14 a 24 anos.
86) O jovem carioca corre 55 mais de chances de ser morto por arma de fogo do que um jovem nos Estados
Unidos, país que também é violento.
87) Ter arma em casa é um perigo. Todas as pesquisas sérias sobre o uso de arma concluem que ela é muito
mais um risco do que uma boa defesa, o alegado “direito de defesa” de o homem ter uma arma para
proteger sua casa, na verdade viola o direito de sua família à segurança.
88) Segundo pesquisa feita nos Estados Unidos, uma arma de fogo em casa têm 22 vezes mais chances de
ser usada em homicídios, acidentes ou suicídios do que para defesa.
89) O assassino pode ser você.
90) Nos Estados Unidos, 14% das vítimas de armas de fogo entre 1976 e 2000 foram mortas por familiares,
37,3% por conhecidos, e apenas 15% por estranhos, segundo o Ministério da Justiça daquele país. No
Rio, um em cada três crimes com vítimas de arma de fogo envolve uma pessoa conhecida, como
parente, amigo, colega, vizinho ou empregado.
91) Armas causam graves acidentes. No Brasil, os acidentes são a principal causa de internação de crianças
com lesões por arma de fogo. Crianças sentem grande atração por armas.
92) Armas são usada em suicídios. A cada dia morrem em média quatro brasileiros pro suicídio com arma
de fogo.
93) “Quem reage morre”. Na maioria dos casos em que o cidadão tente reagir com uma arma a um assalto, o
resultado é trágico para a vítima.
94) Tirar armas de circulação ajuda a desarmar o bandido. No Rio, um terço (33%) das armas do crime foi
comprado legalmente, por “homens de bem” e posteriormente acabou caindo nas mãos erradas.
95) As armas de fogo matam mais. Quando a agressão é feita com arma de fogo, a vítima corre duas vezes
mais risco de morrer do que quando se usa outro tipo de arma.
96) As mulheres são a favor do desarmamento. As mulheres não gostam de arma porque, quando o homem
mata ou morre pelo uso de arma, a mulher assume a dor e o sustento da família. A violência armada é
um problema criado por homens mal-informados ou inseguros. Cabe às mulheres convencer os homens
das trágicas conseqüências do uso de armas. Daí o slogam feminino “Arma Não! Ela ou Eu!”
97) No município do Rio, 94 dos que morrem por arma de fogo são homens.
98) O risco de um homem de 20 a 24 anos morrer por arma de fogo no município do Rio é 30 vezes mais
alto do que de uma mulher na mesma faixa etária.
99) A Campanha do Desarmamento já faz efeito: No Paraná, a Campanha já reduziu em 20% o número de
homicídios e em 34 as ocorrências com arma de fogo.
100) A campanha de entrega de armas é a oportunidade que você tem de se desfazer de sua arma e ser
remunerado pelo governo, dentro da lei.

Você pode receber de R$100 a R$300 de indenização.

A partir de dezembro, quem tiver arma não registrada poderá ser preso.

Quem tem uma arma, tem um problema.

Essa campanha está aí para ajudar você a resolve-lo.

Tuesday, July 10, 2012

A palavra de Deus é imutável.


 

Viva a ciência, viva o pensamento livre!


 Laura Schlessinger é uma personalidade do rádio americano que distribui conselhos para pessoas que ligam para seu show. Recentemente ela disse que a homossexualidade é uma abominação de acordo com Levíticos 18:22 e não pode ser perdoado em qualquer circunstância.

O texto abaixo é uma carta aberta para Dra. Laura, escrita por um cidadão
americano e também disponibilizada na Internet.
"Cara Dra. Laura
Obrigado por ter feito tanto para educar as pessoas no que diz respeito à Lei de Deus. Eu tenho aprendido muito com seu show, e tento compartilhar o conhecimento com tantas pessoas quantas posso. Quando alguém tenta defender o homossexualismo, por exemplo, eu simplesmente o lembro que Levíticos 18:22
claramente afirma que isso é uma abominação. Fim do debate.

Mas eu preciso de sua ajuda, entretanto, no que diz respeito a algumas leis
específicas e como seguí-las:

 a) Quando eu queimo um touro no altar como sacrifício, eu sei que isso cria um odor agradável para o Senhor (Levíticos 1:9). O problema são os meus vizinhos. Eles reclamam que o odor não é agradável para eles. Devo matá-los por heresia ?

 b) Eu gostaria de vender minha filha como escrava, como é permitido em Êxodo 21:7. Na época atual, qual você acha que seria um preço justo por ela ?

 c) Eu sei que não é permitido ter contato com uma mulher enquanto ela está em seu período de impureza menstrual (Levíticos 15:19-24). O problema é: como eu digo isso a ela ? Eu tenho tentado, mas a maioria das mulheres toma isso como ofensa.

 d) Levíticos 25:44 afirma que eu posso possuir escravos, tanto homens quanto mulheres, se eles forem comprados de nações vizinhas. Um amigo meu diz que isso se aplica a mexicanos, mas não a canadenses. Você pode esclarecer isso ?
Por que eu não posso possuir canadenses ?

 e) Eu tenho um vizinho que insiste em trabalhar aos sábados. Êxodo 35:2 claramente afirma que ele deve ser morto. Eu sou moralmente obrigado a matá-lo eu mesmo?

 f) Um amigo meu acha que mesmo que comer moluscos seja uma abominação (Levíticos 11:10), é uma abominação menor que a homossexualidade.Eu não concordo. Você pode esclarecer esse ponto ? 

 g) Levíticos 21:20 afirma que eu não posso me aproximar do altar de Deus se eu tiver algum defeito na visão. Eu admito que uso óculos para ler. A minha visão tem mesmo que ser 100%, ou pode-se dar um jeitinho ?

 h) A maioria dos meus amigos homens apara a barba, inclusive o cabelo das têmporas, mesmo que isso seja expressamente proibido em Levíticos 19:27. Como eles devem morrer ?

 i) Eu sei que tocar a pele de um porco morto me faz impuro (Levíticos 11:6-8), mas eu posso jogar futebol americano se usar luvas ? (as bolas de futebol americano são feitas com pele de porco)

 j) Meu tio tem uma fazenda. Ele viola Levíticos 19:19 plantando dois tipos diferentes de vegetais no mesmo campo. Sua esposa também viola Levíticos 19:19, porque usa roupas feitas de dois tipos diferentes de tecido (algodão e poliester). Ele também tende a xingar e blasfemar muito. É realmente necessário que eu chame toda a cidade  para  apedrejá-los  (Levíticos 24:10-16) ?  Nós não poderíamos simplesmente queimá-los em uma cerimônia privada, como deve ser feito com as pessoas que mantêm relações sexuais com seus sogros (Levíticos 20:14) ?

Eu sei que você estudou essas coisas a fundo, então estou confiante que possa ajudar.

 Obrigado novamente por nos lembrar que a palavra de Deus é eterna e imutável.

Thursday, May 24, 2012

Celebração Ecumênica pela SOUC em Teófilo Otoni.


No dia 23 de maio, às 19 horas, aconteceu o culto ecumênico da Semana de Oração Pela Unidade dos Cristãos. Evangélicos de Confissão Luterana e Católicos Romanos celebraram juntos a busca por unidade. O culto aconteceu na Catedral da Imaculada Conceição, que esteve lotada. A liturgia foi preparada a aprtir do material preparado pelo Conselho Mundial de Igrejas pelas equipes de liturgia das igrejas. O culto foi coordenado pelas equipes de liturgia e contou com a participação do Bispo Dom Aloísio Vitral, a Pastora Elisabete Lieven, a catequista Rosilene Schultz, a Candidatata ao pastorado Luane Kertzendorf e o pastor Armin Hollas.

A celebração contou com um templo lotado, mesmo sendo em meio de semana. Descobrimos um anseio muito grande de unidade por parte das pessoas de ambas as igrejas. Sabemos que muito ainda precisa ser feito, mas com o profeta Habacuque podemos dizer, "ainda que falta muito para alcançar a unidade, ainda que muitos lutem contra, ainda que existam muitas divisões e discordânias, na graça de Deus, nós pudemos experimentá-la".











Monday, April 30, 2012

Carta aberta à Dilma Rousef


Carta à
Sra. Presidenta da República 


O negócio é repassar esse e-mail à 110.000.000 de eleitores
.  Duvido que a coisa não mude!!!! 

Excelentíssima Sra. Presidente da República Federativa do Brasil. 
Manifesto meu total apoio ao seu esforço de modernização do nosso país. 
Como cidadão comum, não tenho muito mais a oferecer além do meu trabalho, mas já que o tema da moda é Reforma Tributária , percebi que posso definitivamente contribuir mais. 

Vou explicar: 
Na atual legislação, pago na fonte 27,5% do meu salário... O mesmo que o Eike Batista, e, convenhamos, eu não sou miliardário!
Como pode ver, sou um brasileiro afortunado. Sou obrigado a concordar que é pouco dinheiro para o governo fazer tudo aquilo que promete ao cidadão em tempo de campanha eleitoral. 
Mesmo juntando ao valor pago por dezenas de milhões de assalariados! 

Minha sugestão é invertermos os percentuais: 
A partir do próximo mês autorizo o Governo a ficar com 72,5% do meu  salário... 
Portanto, eu receberia mensalmente apenas 27,5% do resultado do meu  trabalho mensal. 
Funcionaria assim: Eu fico com 27,5% limpinhos, sem qualquer ônus...

O Governo fica com 72,5% e leva as contas de: 

-Escola; 
-Convênio médico ; 
-Despesas com dentista; 
-Remédios; 
-Materiais escolares ; 
-Condomínio; 
-Água; 
-Luz ; 
-Telefone; 
-Energia; 
-Supermercado ; 
-Gasolina;
-Transporte Escolar ou Coletivo, como preferir 
-Vestuário; 
-Lazer ; 
-Pedágios; 
-Cultura; 
-CPMF; 
-IPVA; 
-IPTU; 
-ISS; 
-ICMS; 
-IPI; 
-PIS; 
-COFINS ; 
-Segurança; 
-Supermercado;-Previdência privada e qualquer taxa extra que por ventura seja 
repentinamente criada por qualquer dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. 
Um abraço Sra. Presidenta e muito boa sorte,
do fundo do meu coração! 


Ass.: 
Um trabalhador que já não mais sabe o que     fazer para conseguir sobreviver com dignidade.

PS: Podemos até negociar o percentual !!!

Agora vejam só a farra do Congresso Nacional :

Salário:................................................... ........R$ 12mil;
Auxílio-moradia..............................................R$ 3 mil;
Verba para despesas "comprovadas"...............R$ 7 mil;
Verba para assessores...................................R$ 3,8 mil;
Para 'trabalharem' no recesso.................. .......R$ 25,4 mil;
Verba de gabinete mensal..............................R$ 35 mil; e   mais
Transporte: Passagens aéreas de ida e volta a Brasília/mês;
Direito a "contratar" 20 servidores para seu gabinete;
13
º e 14º salários, no fim e no início de cada ano legislativo; e 90 dias
de férias anuais e folga remunerada de 30 dias.

ISSO PARA 
CADA UM DOS 514 DEPUTADOS !!!!

Mostre sua indignação e envie este texto a todos os seus amigos e conhecidos para que protestem.

Wednesday, April 25, 2012

Como calar a voz, se a hora é de denunciar...: Por que os/as pastores/as são uma ameaça?

Por que os/as pastores/as são uma ameaça?

Günter Wolf

Ameaça para quem? Ameaça para a igreja e para a sociedade capitalista.
Qual o papel dos/as pastores/as? É pregar pura e retamente o Evangelho do Reino de Deus, anunciado e vivido por Jesus Cristo, como uma nova proposta de organizar a vida e toda a sociedade em oposição à atual forma capitalista de organização social, que já começa aqui e agora e se completa na segunda vinda de Cristo com a ressurreição do corpo na vida eterna. Se o Evangelho do Reino de Deus é uma nova proposta para organizar a vida e toda a sociedade então qual é a velha proposta ao qual o Evangelho do Reino de Deus se opõe? Hoje a velha proposta é o capitalismo. Então, a essência do Evangelho do Reino de Deus é fazer oposição ao capitalismo e acabar com ele? É. Por isso os/as pastores/as são uma ameaça que precisa ser afastada ou no mínimo amenizada, de preferência cooptada, para que não preguem o Evangelho do Reino de Deus que pressupõe a eliminação do capitalismo e pressupõe a construção de uma nova sociedade igualitária, não classista e não capitalista.
E a salvação, como é que fica? É salvo quem participa deste processo, a partir da fé em Jesus Cristo, de construção do Reino de Deus. A salvação nos é dada de graça pela fé e por isso nós participamos, como conseqüência inerente à salvação, do processo de construção do Reino de Deus que aponta para a esperança da construção de uma nova sociedade não capitalista e igualitária, já aqui agora, pois a salvação já começou. E as pessoas que se dizem salvas, mas defendem o capitalismo como a única forma de organizar a vida e a sociedade? Estas pessoas ainda não entenderam o Evangelho do Reino de Deus e continuam separando a fé da vida. Tiago 2.17 fala disso: "Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta". A participação, a partir da fé em Jesus Cristo pela qual fui salvo de graça, no processo de construção do Reino de Deus são as obras das quais Tiago fala. Lutero lembra: “é impossível separar da fé as obras; é tão impossível como separar do fogo a chama e a luz”. Então esse papo: 'Eu tenho Jesus no coração' e fica nisso, é papo furado? É. Não tem nada a ver com a salvação dada de graça pela fé em Jesus Cristo, pois esta leva automaticamente a participar da construção do Reino de Deus, que significa: lutar contra o capitalismo, que é obra do diabo. Cristão que defende o capitalismo como única forma de organizar a vida e a sociedade não entendeu nada do Evangelho de Jesus Cristo, pois Jesus diz claramente em Lc 4.43 que a sua missão é anunciar o Evangelho do Reino de Deus e não dar sustentação ao reino deste mundo (Jo 16.33), hoje o capitalismo. Se a Igreja não deixa isto claro é culpa dela, pois foi cooptada pelo diabo que usa o capitalismo para tentar impedir a construção do Reino de Deus.

A pregação e a prática de Jesus Cristo dentro da Proposta do Evangelho do Reino de Deus foi uma ameaça ao Templo de Jerusalém e ao Estado Romano, por isso ele foi preso, torturado, julgado culpado de heresia e de subversão (Lc 23.1-5) e crucificado, mas ele ressuscitou com o corpo na Páscoa. Jesus Cristo propõe o Projeto do Reino de Deus em oposição ao projeto do reino do mundo, hoje o capitalismo. Jesus Cristo quer com o Projeto do Reino de Deus acabar com o projeto do mundo, como diz em 1 Co 15.24-26: "E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. O último inimigo a ser destruído é a morte". Diante desta subversão o capitalismo precisa se proteger. O capitalismo tem duas formas de se proteger contra o Evangelho do Reino de Deus: acabar com a Igreja (que não é possível, a história já mostrou isto, porque ela é fruto da ação do Espírito Santo) ou então cooptar a igreja (que é possível e isto a história também já mostrou). Estamos, pois hoje, vivendo na segunda opção: vivemos num processo de cooptação e de intimidação.

A proposta de Jesus Cristo, que é o Evangelho do Reino de Deus, deu origem à Igreja, portanto uma ameaça subversiva, já ao Império Romano que a perseguiu (Ap 6.9-11), e hoje se a Igreja for fiel à proposta do Evangelho do Reino de Deus ela vai ser uma ameaça ao mundo, ao capitalismo. Como resolver este problema de tornar a igreja, que é subversiva pela sua essência, aliada do mundo e não uma ameaça à ele?

Salomão, em sua sabedoria opressora, conseguiu isto com a construção do Templo de Jerusalém (1 Rs 5) legitimando o Estado e sua dinâmica espoliativa via tributo e mudando a teologia sobre Javé, de lutar pela terra e contra o Estado, para legitimar o Estado e abençoar o acúmulo da riqueza e a sociedade de classes. A classe economicamente dominante no decorrer da história aprendeu do rei Salomão e fez a mesma coisa: transformou a igreja de subversiva e revolucionária em sua essência para conformada com este século (Rm 12.2). Esta dinâmica a classe dominante quer manter a toda força. Para manter esta dinâmica de conformidade com este século é necessário convencer os/as pastores/as de pregar, não o Evangelho do Reino de Deus, mas transformar o Evangelho de Jesus Cristo em Religião para legitimar o status quo. A função da Religião sempre foi a de dar suporte à sociedade de classes, pois os templos e os sacerdotes sempre foram mantidos pelo Estado, e a função do Evangelho sempre foi a de subverter esta ordem estabelecida pela classe economicamente dominante que usa o Estado para se legitimar. Por isso Jesus Cristo foi crucificado.

Como fazer isto?
1° ensinar que a teologia é neutra e a igreja é neutra.
2° ensinar que vivemos numa sociedade harmoniosa e que a luta de classes não existe na sociedade e nem na igreja.
3° ensinar que o pecado é apenas individual e que não existe pecado coletivo e por isso a salvação é apenas individual sem conseqüências de um engajamento num processo coletivo de transformação da sociedade em direção ao Reino de Deus.
4° ensinar que há uma separação entre fé e vida.
5° ensinar que a ressurreição é a da alma e não a do corpo.
6° ensinar que a igreja não se mete em política e nem com o movimento popular e sindical, pois ela está acima dos problemas da sociedade por ser divina.
7° ensinar que quem crê em Deus ficará rico, pois ele só está com os ricos; pobre é pobre porque está longe de Deus, portanto ele é culpado de sua própria pobreza.
8° e outras "coisistas mas" neste estilo.

Se a questão da formação teológica não funcionar?
Então sempre existe a repressão do Estado e da própria igreja. Às vezes a repressão é dupla e às vezes apenas acontece via igreja. No processo da reestruturação da igreja efetivada em 1997 se compilou o EMO e no qual estão embutidos o TAM e a Avaliação, como mecanismos repressivos para acuar, acossar e meter medo na pastorada no caso de insistirem na pregação pura e reta do Evangelho de Jesus Cristo que tem como mensagem central o Reino de Deus o qual se opõe ao capitalismo, por este ser o instrumento que o diabo usa para tentar impedir a construção do Reino de Deus.

Se o convencimento via teologia não funcionar então vai funcionar a coerção, via legislação eclesial. Não falou o que a direita permite o seu TAM será cancelado e não renovado, sem precisar de muita justificativa e explicação. O objetivo disto é impedir que a Igreja de Jesus Cristo não seja de Jesus Cristo, mas do deus capital. Impedir que a igreja seja subversiva, que é a sua essência. Impedir que a igreja ameace o modo de produção vigente, hoje o capitalismo. Garantir que o capital possa se reproduzir sem percalços e com a áurea de divino. Garantir a divinização do capital e seus métodos de reprodução.
Pastores/as que se negam a legitimar a dinâmica do capital terão como castigo, como coerção, sobre si as leis repressivas. Quem, dentre os/as pastores/as, não ameaça o capital não terá este problema. Mas mesmo que um pastor/a não ameace o capital também estará sujeito a estas leis repressivas e pode ser desligado do trabalho da paróquia por outros motivos quaisquer. Todos estão sob estas leis repressivas, ninguém escapa.

Como vencer esta dinâmica repressiva?
1° Criar uma unidade entre os/as pastores/as e ter clareza de nossas contradições internas que podem ser teológicas ou de outra ordem. Todos estão sob as leis repressivas então devemos deixar de lado nossas contradições internas dentro da igreja para podermos enfrentar estas leis e desativá-las.
2° É necessário criar uma articulação nacional e internacional.

Primeiro: para denunciar que estas leis são para impedir que a Igreja de Jesus Cristo seja de Jesus Cristo, mas seja do deus capital. Dirão que as leis repressivas da igreja não foram pensadas assim, etc. e tal, mas o seu efeito é exatamente este, pois por causa do medo do desemprego a pastorada normalmente só vai pregar o que a classe capitalista e seus aliados permitirem e desta forma estarão traindo o Evangelho de Jesus Cristo que propõe o Reino de Deus como nova forma de organizar a vida e a sociedade. TAM e Avaliação não têm apenas efeito eclesial, mas acabam servindo para legitimar o capitalismo que é inimigo do Projeto do Reino de Deus proposto por Jesus Cristo como uma nova forma de nós organizarmos a nossa vida e a nossa sociedade.

Segundo: seguir os mecanismos legais para anular estas leis (apresentar moção no Concílio da Igreja) com apoio massivo a nível nacional e de articulação internacional de igrejas luteranas de outros países denunciando que estas leis impedem e dificultam a pregação pura e reta do Evangelho de Jesus Cristo. Esta articulação a APPPI pode fazer, pois é nosso instrumento organizacional. Conquistar apoiadores dentro da IECLB e fora dela. Ver quem apóia esta luta e quem não a apóia e exercer pressão. A APPI precisa reorganizar as seccionais para esta luta contra as leis repressivas e para a luta da reposição da defasagem da Subsistência Ministerial. A tarefa de organizar as seccionais da APPI é de cada pastor/a, pois ela continua sendo a nossa frágil organização construída ao longo dos anos. Os assuntos da APPI devem ser colocados na agenda de cada CO, pois são assuntos que dizem respeito a todos/as os/as pastores/as. Leve os assuntos da APPI para a próxima CO do setor, da UP ou da CO sinodal. Entre em contato com a presidência da APPI para relatar as discussões, colocar as demandas e pedir informações. Escreva para crisegerson@hotmail.com que é o email do presidente da APPI ou para o presidente do Conselho Deliberativo da APPI: valdirgromann@hotmail.com

3° Ter um Projeto Estratégico para a igreja para que seja missionária e fiel ao Evangelho do Reino de Deus que sempre aponta para a esperança da construção de uma nova sociedade igualitária e não classista que Jesus Cristo chama de Reino de Deus. Missionária no sentido de não apenas ajuntar mais gente na igreja, mas ajuntar gente para participar da construção do Reino de Deus que se opõe ao capitalismo a partir da fé em Jesus Cristo que nos concede a salvação de graça o que nos leva a nos engajar na eliminação de tudo aquilo que impede a construção do Reino de Deus.

O ser humano só existe a partir e no coletivo. Ninguém existe sozinho. Por isso, e não só por isso, somos igreja, um coletivo, que se propõe a participar a partir do batismo da construção do Reino de Deus. A construção do Reino de Deus é um processo coletivo que é a tarefa da Igreja de Jesus Cristo, que é um coletivo. Por isso esse papo de salvação individual, sem compromisso de participar do processo coletivo eclesial e social na construção do Reino de Deus, é baboseira e é negação de seu batismo. Temos que acentuar que a salvação também é um processo coletivo (Mt 1.21; Zc 8.7; Dn 12.1; Sl 18.27; Sl 28.9; 2 Sm 22.28). Salvação individual fora de um processo de luta coletiva no processo construtivo do Reino de Deus é ilusão e demagogia que interessa ao capital, cuja ideologia acentua o sucesso individual como saída para todos. Somos salvos por graça e fé em nosso Senhor Jesus Cristo e por isso podemos sem medo nos jogar no processo de luta pelo Reino de Deus que vai destruir o projeto do mundo, hoje o capitalismo. Participamos do processo de construção do Reino de Deus porque fomos batizados e com isso marcados pela cruz de Cristo que perpassa o processo de construção do Reino de Deus, feito por Deus e nós somos seus convidados especiais para participar deste processo. Assim o/a batizado/a não pode se excluir deste processo porque faz parte do ser batizado. Se isentar deste processo é negar o seu batismo que é o mesmo que negar a fé em Jesus Cristo. O pior é que o grosso da pregação das igrejas cristãs passa por esse processo teológico de negar o batismo, pois pregam apenas a salvação individual sem compromisso de participação da luta na construção do Reino de Deus que se opõe ao capitalismo, que é o mesmo que negar e invalidar a salvação já recebida de graça pela fé.

Cristão isolado não existe. Cristão só existe dentro de um coletivo que nós chamamos de Igreja - assembléia do povo de Deus - com a proposta de não conformação com este século e se manter incontaminado do mundo. O Projeto de Igreja é a comunidade que se propõe a mudar o mundo no Reino de Deus. A Igreja é na sua essência revolucionária e insurgente porque quer mudar o mundo, hoje o capitalismo, no Reino de Deus. Isto significa que acabar com o capitalismo acontece num processo coletivo de luta econômica, política, cultural, ideológica e teológica conjugada entre Igreja e movimento popular (que inclui a luta das mulheres, dos povos originários e dos negros), sindical e político. A pessoa sozinha não muda o mundo, por isso existe a Igreja, que é um coletivo, que é convidada por Deus para participar do processo da construção do Reino de Deus. Igreja e capitalismo são opostos, pois tem projetos opostos porque a igreja é de Deus e o capitalismo é do diabo.

Assim o TAM e a Avaliação são leis repressivas eclesiais que estão servindo aos interesses do capital para que ele não seja ameaçado pela pregação do Evangelho do Reino de Deus que se opõe ao capital e à sua reprodução. A luta contra as leis repressivas da igreja é uma luta teológica de fidelidade à Jesus Cristo porque estas leis acabaram por acuar e acossar os/as pastores/as e eles não tem mais coragem de falar o que tem que falar porque estas leis lhes tiraram a liberdade da pregação pura e reta do Evangelho do Reino de Deus. São leis que escravizam a Palavra de Deus e a subordinam aos interesses do capital. Paulo diz em Gl 5.1: "Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão". Quem insistir na manutenção destas leis está fazendo um trabalho contra o Evangelho de Jesus Cristo por causa do efeito destas leis sobre a pregação pura e reta do Evangelho.
O papel da Igreja é a pregação (com palavras e ações) pura e reta do Evangelho de Jesus Cristo, mas dentro da própria Igreja tem regras que atrapalham este papel primordial da Igreja. Então estas regras têm que ser eliminadas. Como o TAM e a Avaliação tem tido um papel de atrapalhar a pregação pura e reta do Evangelho então estas normas precisam ser afastadas em sua totalidade, por ser uma exigência do Evangelho. Não basta mudar a dinâmica na aplicação destas leis. Com sua manutenção a Igreja está dando um tiro no próprio pé.

Alguém vai dizer: Os pastores/as não devem temer pregar o Evangelho, pois Paulo diz: "Ai de mim se não pregar o evangelho". O que é mais importante: as leis eclesiais ou a liberdade da pregação do Evangelho? Vamos eliminar o Evangelho ou as leis repressivas? As nossas normas eclesiais devem facilitar a pregação do Evangelho e não ser um empecilho; devem trazer a liberdade e não o temor e o medo. Se o sistema deste mundo cria o medo e a repressão então isto é normal, pois esta é a sua função em impedir a construção do Reino de Deus, mas a própria Igreja não pode e não deve ter em seu seio leis que atrapalham a pregação do Evangelho e assim ajudar o nosso inimigo, o mundo, o capitalismo.

Tarefas:
- Criar uma seccional da APPI no Sínodo.
- Discutir a luta contra o TAM e a Avaliação na CO.
- Elaborar uma moção junto com a APPI para tirar do EMO o TAM e a Avaliação.
- Retirar-se das Equipes de Avaliação do Sínodo.
- Discutir a defasagem salarial de 70% a 80% desde 1997 e a sua conseqüente reposição de 20% em 2013 e mais 20% em 2015.
- Dialogar com os/as colegas que ainda apóiam a manutenção destas leis repressivas para conseguir sua adesão à Campanha para eliminar estas leis.

Observação:
Provavelmente muitas das pessoas leigas do Conselho Sinodal, da Assembléia Sinodal, do Conselho da Igreja e do Concílio e do Concílio junto com alguns pastores/as não vão querer acabar com as leis repressivas porque é um ótimo mecanismo de repressão sobre os/as pastores/as e assim viabilizar o projeto do capital; alguns farão isto conscientemente outros não. É claro que eles não vão admitir isto. Pastor/a não é inimigo da Igreja, mas aquele/a que a viabiliza junto com o povo pela ação do Espírito Santo. Reprimir e atemorizar os/as pastores/as é inviabilizar a Igreja, vai sobrar apenas Religião e nada de Evangelho.

Por que os capitalistas e seus apoiadores na Igreja e fora dela não querem que se pregue pura e retamente o Evangelho do Reino de Deus que sempre aponta para a esperança da construção de uma nova sociedade não classista e não capitalista? Exatamente por isto, por o Evangelho propor uma sociedade não capitalista e não classista.

O que o Evangelho de Jesus Cristo ameaça?
- Ameaça os 44% da terra dos 0,9% de proprietários no Brasil que são 47 mil de 5,2 milhões de proprietários.
- Ameaça os 75% da renda e riqueza que os 10% dos mais ricos controlam.
- Ameaça a vontade de expropriar a terra dos povos indígenas a ser usada para o agronegócio e para a mineração.
- Ameaça as benesses advindas do Estado para incentivar o capital.
- Ameaça os que se beneficiam dos altos juros pagos pelo endividamento externo e interno do Estado que em 2012 perfaz 910 bilhões de reais, igual a 47% do orçamento da União.
- Ameaça a não destruição da Amazônia, do Cerrado, do Pantanal, da Caatinga e do resto da Mata Atlântica.
- Ameaça acabar com a impunidade dos torturadores do tempo da ditadura.
-Ameaça acabar com a impunidade do agronegócio que assassina lideranças indígenas, camponesas, sindicais e ambientalistas.
- Ameaça acabar com o latifúndio e o trabalho escravo que nele há.
- Ameaça inviabilizar o imperialismo estadunidense, para dar alguns exemplos.

Por causa destes interesses do capital o Evangelho não deve ser pregado pura e retamente e por isso estas leis repressivas da igreja precisam ficar segundo os interesses do capital e seus apoiadores. Nossa ingenuidade e falta de informação são uma grande arma a favor do capital e contra o Evangelho de Jesus Cristo. Nós sabemos do que o capital é capaz para garantir o seu lucro e a sua reprodução. A história nos fala disto pelas ditaduras militares implantadas nos anos 60-80 pelo mundo afora e pelo massacre contra o povo organizado nestes países. A história recente e do passado nos mostra que se faz a guerra e se invade países e se mata milhões de seus habitantes por estarem no caminho do lucro dos capitalistas. Neste processo de ocupação militar se prende, se tortura e se mata sem a menor hesitação. Tudo isto o Evangelho de Jesus Cristo ameaça e por isso os pastores/as são uma ameaça que precisa ser calada! Pelos mesmos motivos o Império Romano, para legitimar o modo de produção escravista, assassinou cerca de 100 mil cristãos até 313 A.D., sem contar os torturados, expatriados, exilados, perseguidos e escravizados sob a acusação de subversão por não adorarem os deuses do Império que legitimavam a escravidão e o próprio Estado opressor, que segundo João em Ap 13 recebeu o seu poder do diabo.

Por que os/as pastores/as têm medo?
Porque são gente, são pessoas, não máquinas, como diria Chaplin. Sentem medo porque se sentem sozinhos, não apenas se sentem sozinhos como estão totalmente sozinhos e isto eles/as já descobriram há muito tempo. Ninguém olha por eles. Como diz o Coloninho: "O pastor sinodal tem tempo para inaugurar qualquer toco, mas não tem tempo para os/as pastores/as".

Um colega fez o seguinte comentário sobre a função do pastor sinodal: "A expressão "pastor dos pastores" muitas vezes é vista por nós de forma positiva, como aquela pessoa que pastoreia pessoas que exercem o pastorado. Contudo, olhando por outro lado, se pastores são "peões" (na tua linguagem), o "pastor dos pastores" é o peão que é pago para controlar os demais peões, só isto! Ou seja, se na cabeça de muita gente pastor é pago para fazer, então, "pastor dos pastores" é pago para fazer cumprir as leis. A gestão administrativa (poder!) é assumida por pessoas não ordenadas/remuneradas, mas estas não precisam controlar os peões, pois tem gente paga para fazer isto".

Os/as pastores/as por estarem sozinhos sentem medo e também não se encorajam de se organizar, se encontrar para conversar e estudar. Esquecem que os poderosos governam melhor e dominam melhor um povo dividido e desorganizado. Dividir para governar, é o slogan. Se a igreja começar a tratar os/as pastores/as como pessoas com suas fraquezas e virtudes então eles/as se sentirão valorizados/as e fortalecidos/as. Pastores/as não são super-homens e super-mulheres, são gente e querem ser tratados como gente. Porém o que ouvem da igreja é: faz isto e faz aquilo; se não fizer direito o TAM e a Avaliação pegam. A igreja não diz isto de forma tão clara, mas todos sabem que é isto.

Cada um está na paróquia se desdobrando em ser expert em tudo e ninguém é expert em tudo, mas a paróquia exige que o seja. Tem que saber cantar bem, saber tocar bem um instrumento, falar bem e alto, saber trabalhar com crianças, jovens, adultos, casais, idosos, pessoas com deficiências, saber fazer visitas à famílias e doentes em casa e em hospitais, fazer poimênica, saber fazer certinho os enterros e depois acompanhar a família enlutada, saber conciliar os casais e as famílias brigadas, fazer formação teológica para lideranças em todos os níveis, saber dirigir bem o carro em tempos de seca e de chuva, estar 24 horas à disposição, ajudar a organizar as festas, beber cerveja com os membros e dançar a primeira música no baile, saber pregar tão bem que as pessoas suspirem emocionadas e nunca pregar o que a direita não permite, saber fazer o show da fé, etc. e tal e por aí vai.

Somando a isto temos a Subsistência Ministerial defasada em 70% a 80%, stress e ainda tem que enfrentar o TAM e a Avaliação e sem que a igreja tenha uma política de pessoal que lhes mostre que são gente com dores e alegrias. Além disso, a igreja não tem um Projeto de Igreja claro para se basear no andar solitário. Aí cada um inventa o que lhe der na telha para "agitar" na comunidade para se manter. No fim todo mundo anda como cego guiando outro cego e estão com um pé na casca de banana e outro na cova. Igreja missionária? Para onde vai esta missão? Salvação individual ou só para ter alguns membros a mais que também não sabem para onde ir?

Uma singela sugestão ao pessoal da direção da Igreja da Sr. dos Passos e para os sinodais e à demais colegas.
- Não temos culpa que fomos formados numa teologia "neutra" e ingênua na igreja.
- Mas, temos culpa se continuarmos a trabalhar sós na igreja e não participamos das lutas e da formação do movimento sindical, popular e político partidário e assim continuamos ingênuos.

- A partir de nossa teologia temos que ter a capacidade de aprender dos lutadores e lutadoras do povo a ampliar o nosso horizonte teológico. Se só ficarmos nos círculos eclesiais vamos ter "Inzucht" teológico e nem vamos conseguir entender a nossa própria caminhada eclesial dentro da atual realidade dominada pelo capital.
- Continuamos inocentes úteis e ingênuos teologicamente e na nossa prática organizacional eclesial porque só transitamos em nossos próprios meios. Somos que nem bezerro amarrado num poste que só consegue pastar numa área em círculo conforme o comprimento da corda que lhe está atada no pescoço. O Reino de Deus é maior que a Igreja. A Igreja é apenas um dos elementos que fazem parte do Reino de Deus. Os outros elementos também têm muito a nos ensinar, tem muita teologia para nos ensinar e também a aprender de nós. Temos que sair do "Inzucht" teológico, muito acentuado e fortalecido a partir do tempo em que o neoliberalismo está reinando no mundo. A Ditadura do Pensamento Único que legitima a Ditadura do Capital tem que ser rompida por nós também na igreja. A Ditadura do Capital está dando a linha teológica na igreja, temos que romper com isto. O Movimento Sindical, Popular e Político Partidário podem nos ajudar a sair desta armadilha, mesmo que eles também tenham seus problemas.

Por que participar do Movimento Popular? Para sair do "mato" da igreja e olhar de fora do "mato" e aí a gente vai ver coisas que de dentro do "mato" não se enxerga por causa que as árvores são muito grossas e altas. Aí a gente "descobre" que o Reino de Deus é maior que a Igreja e que devemos unir as lutas da Igreja com o Movimento Popular, Sindical e Político Partidário.

Quando a gente não sai do seu mato para olhá-lo de longe dá nisso daqui:
A Igreja diz para as paróquias: "Façam o seu Planejamento Estratégico", mas a Igreja como um todo não tem um. Assim a igreja não sabe dizer para a paróquia para onde ir. Ricardo Abramovay diz: "no que se refere às grandes corporações, porque elas fazem estudos prospectivos relativos ao que será o mundo nos próximos 50 anos e procuram se organizar estrategicamente em função disso". Nós que temos o Evangelho do Reino de Deus em vista, que concede a salvação e a vida eterna, não temos planejamento nenhum. Nem o último documento do PAMI a pastorada conhece direito. Para onde a paróquia vai ir? Para lugar nenhum: bezerro atado numa estaca só come grama do tamanho da corda que tem atada no pescoço e anda em círculo. Se a IECLB não tem um Projeto de Igreja como ela vai exigir da paróquia um Projeto de Igreja? Resultado: Associação Cultural e Recreativa com fins Religiosos.
A IECLB nos anos 80 tinha um Projeto de Igreja elaborado nos concílios. Por que não o efetivou? Porque era subversivo, partia da realidade do povo oprimido e isto ameaça o capital e a igreja tem que reproduzir o capital e não negá-lo e exterminá-lo. Imaginem se isto acontecer na igreja: "assumir e defender com responsabilidade evangélica as reivindicações dos movimentos sociais, fazendo um trabalho de base com associações de bairros, atingidos por barragens, colonos sem terra, bóias-frias, sindicatos, proteção ambiental, além de inúmeras outras formas de atuação onde o amor de Deus quer se tornar vivo e real entre as pessoas" (Mensagem do Concílio Geral de 1982 às comunidades).

As paróquias fazem seu Planejamento Estratégico sem uma análise de seus próprios dados: batismos, casamentos, confirmações, óbitos, número de membros comparados nos últimos 50 anos e comparados com os dados do IBGE e do Censo Agropecuário dos últimos 50 anos, a realidade étnica dos membros, conjuntura do município no que toca à economia, educação, política, realidade da região no Brasil e da região no estado da federação, conjuntura sinodal, tradição teológica dos membros e influência de outras igrejas no município, campo e cidade, renda, profissões das famílias, etc. e tal. Como fazer um Planejamento Estratégico sem os dados da realidade? Ou é ingenuidade ou é planejado para não mudar nada na prática eclesial e nem na realidade da sociedade. Penso que é ingenuidade e falta de fazer análise de conjuntura e com isto se perdeu parte do processo histórico da igreja porque achamos que vivemos numa sociedade harmônica sem luta de classes e que a realidade não muda.
Os/as pastores/as estão dentro desta realidade que chamo de caótica, porque ninguém explica nada além do normal que a igreja faz para fazer o Planejamento Estratégico que não leva em conta a realidade brasileira. Em todo caso o que falta são as linhas básicas de ação da igreja construídas em cima da realidade brasileira. Não bastam os quatro principais objetivos específicos do PAMI na forma como são colocados, são muito genéricos e não dizem nada e dizem tudo:
1. Testemunhar o Evangelho de Jesus Cristo a todas as pessoas no seu contexto – Evangelização
2. Promover a vivência da fé em Jesus Cristo em comunidade – Comunhão
3. Praticar a misericórdia e a justiça – Diaconia
4. Celebrar o amor de Deus no mundo – Liturgia

Se olharmos a partir da participação na luta do Movimento Popular, Sindical e Partidário estes quatro objetivos estão claros, mas acontece que nós da igreja não olhamos a partir disto. Isto tudo é assim por causa da teologia oficiosa que a igreja construiu nos últimos 20 anos que é não se envolver com as lutas do povo organizado deste país. A igreja é "neutra" para não entrar em conflito com a direita que controla a igreja desde a comunidade com suas devidas e honrosas exceções. Dentro deste contexto eclesial e teológico acontece o TAM e a Avaliação. O ideal seria se a direção que está na Sr. dos Passos junto com o Conselho da Igreja encaminhasse a moção de dissolução do TAM e da Avaliação para o concílio da Igreja num gesto de valorização dos pastores/as para garantir a pregação pura e reta do Evangelho. Não seria bom se a Sr. dos Passos ficasse em rota de colisão com a pastorada, pois sem os/as pastores/as esta igreja não anda e manter estes métodos repressivos não é sábio.

Não fazer Análise de Conjuntura é dizer que a igreja é neutra frente e dentro da realidade do povo e vive numa redoma de cristal e por isso a teologia da salvação individual e a missão apenas para conseguir mais membros bastam. A pergunta: "Como ser Igreja Missionária dentro da realidade da luta de classes na realidade brasileira", não se faz. Acho isto simplesmente catastrófico! Não tem nada ou muito pouco a ver com o Evangelho do Reino de Deus pregado e vivido por Jesus Cristo que partiu com a sua pregação e ação da realidade concreta do povo oprimido da Palestina onde o próprio Jesus é um camponês sem terra e sem teto e por isso ele foi crucificado porque ameaçou o status quo.

Está na hora de mudar esta teologia do tatu que vive na toca e só sai à noite para se alimentar. Deus se fez pessoa num camponês sem terra e sem teto à margem da sociedade, na Galiléia, e longe do centro que é representado pelo Templo de Jerusalém. Isto já mostra onde Deus decidiu por os pés para se fazer pessoa em Jesus de Nazaré e começar a viabilizar o seu projeto que Jesus chama de Reino de Deus. Jesus reativou a utopia camponesa, que tem sua origem a partir de 1.250 a.C. nas montanhas da Palestina dentro do conceito e prática de uma sociedade igualitária, não classista e sem Estado onde os meios de produção estão para todos, que ele chama de Reino de Deus. Dentro desta utopia camponesa está a esperança messiânica levantada pelos profetas e profetisas que tem a mesma idéia de reativar a utopia camponesa. Assim vemos que a origem do Evangelho do Reino de Deus está embasado nas lutas históricas dos hebreus no processo de construção de uma nova sociedade igualitária e sem Estado que pressupõe que não haja classes sociais, porque o Estado é o resultado da luta de classes.

Dentro desta conjuntura do povo hebreu Deus se fez pessoa na classe camponesa, que era a que trabalhava, como também a classe escrava. A ação de Javé assim está bem contextualizada na vida real para a partir desta realidade propor através de Jesus seu projeto. Assim, nós como igreja, podemos construir um Projeto de Igreja para a IECLB a partir da realidade concreta da luta de classes da sociedade brasileira e latino americana. Por que não o fazemos? Porque a correlação de forças está favorável à classe capitalista que tem seus representantes nas esferas diretivas da igreja, desde a comunidade, e que não vão deixar que se faça um Projeto de Igreja a partir dos empobrecidos, a classe trabalhadora, que é a esmagadora maioria, também na IECLB. Mas para sabermos se isto dá ou não dá para fazer a gente vai ter que tentar. Por enquanto ainda não se tentou fazer um Projeto de Igreja baseado na realidade da classe trabalhadora, que é a maioria esmagadora das famílias da IECLB. O projeto atual é o projeto da classe capitalista que não toca nas feridas deixadas pelo capital no meio do povo. Este projeto está ancorado no conceito da harmonia social, que é algo totalmente irreal.

Aí vem a velha e demagógica pergunta: e os ricos? Primeiro, temos muito poucos ricos na igreja, exceto os pobres que se consideram ricos. Para ser rico no Brasil tem que se ter 1 milhão de dólares aplicado no sistema financeiro, ter um patrimônio de meio milhão em casa e carros e receber no mínimo 80 mil reais por mês. Quanto que são da IECLB tem isto? Ninguém está expulsando os ricos. Para eles vale também, como para todos, o que Jesus diz em Mc 1.15: arrependei-vos e crede no evangelho. Se houver arrependimento sincero como o do Zaqueu que devolveu quatro vezes o que roubou e deu a metade do que sobrou aos pobres e aí não teremos mais ricos na sociedade. Assim esta pergunta deixa de existir e não haverá mais problemas em construir um Projeto de Igreja a partir da classe trabalhadora.
Por que não se constrói um Projeto de Igreja a partir da realidade do nosso povo empobrecido? Porque não se quer confrontar com a direita, que normalmente nem ricos são, mas apenas o gostaria de ser. Porque não se quer mostrar que há luta de classes na igreja e que a classe economicamente dominante e seus aliados da classe trabalhadora, que não sabem que são seus aliados, não vão permitir que se construa um Projeto de Igreja a partir dos empobrecidos da classe trabalhadora. São também estes que dão sustentação às leis repressivas contra os/as pastores/as. Construir um Projeto a partir da realidade da qual Jesus falou, a classe camponesa, é muito subversivo e tem que ser evitado a todo custo.

Vamos construir um Planejamento Estratégico a partir da teologia do tatu e do bezerro amarado no cepo e aí nada vai mudar e nada vai ameaçar a hegemonia do capital na igreja e na sociedade. Finalmente a paz! (de cemitério onde jazem as vítimas do capital pela morte prematura por causa da superexploração no processo produtivo, por causa do assassinato porque lutavam pela reforma agrária e resistiram à invasão de suas terras ancestrais, por causa da guerra imperialista, por causa das doenças advindas do 1 bilhão de litros de veneno aplicados nas lavouras brasileiras ou por causa da guerra do tráfico) Este Projeto de Igreja não deve ser construído porque está baseado na teologia da cruz de Cristo, pois nós somos adeptos da teologia da glória, que pressupõe a existência no meio de nós da harmonia social e de que a salvação é individual e desvinculada de um engajamento concreto na construção do Reino de Deus que quer construir uma nova sociedade não classista.

A nossa teologia está baseada no fato de eu ter Jesus no coração e, portanto, estou salvo e isto nada tem a ver com a luta de classes que há na sociedade e na igreja; na verdade nem há luta de classes na sociedade e nem na igreja, isto é conversa de comunista subversivo! Eu tenho Jesus no coração e não tenho nada a ver com a reforma agrária, nem com as famílias atingidas por áreas indígenas, nem com as lutas indígenas, nem com os atingidos por barragens e nem com o fato de se não houver mudanças radicais na nossa prática econômica e cultural e por isso a humanidade vai ser extinta pela prática capitalista. Não tem nada mais de egoísta do que este tipo de teologia que é hegemônica na igreja, mesmo não a expressando desta forma. Também os que não são do Movimento Encontrão e da MEUC pensam desta forma, pois não admitem que a Igreja se engaje na luta pela terra, na luta por teto nas cidades, na luta sindical, ecológica e do movimento popular; apenas usam outro linguajar. As leis repressivas contra os/as pastores/as estão dentro deste contexto teológico da teologia da glória.

Daí se explica porque não se quer acabar com estas leis repressivas, pois elas mexem no todo que sustenta a teologia da IECLB. Mas, como a essência do Evangelho de Jesus Cristo é a desinstalação (Mc 1.15), então a gente tem que começar por um canto, mesmo que seja este. Mudar a teologia da glória da igreja é mais difícil do que mudar as leis repressivas, então vamos começar com s leis repressivas que é o mais fácil deste processo e junto com isto acabar com a teologia da glória.

Este texto, como os demais, fazem parte de um processo de discussão sobre a elaboração de um Projeto de Igreja para a IECLB (assim como também precisamos construir um Projeto para o Brasil), portanto você não precisa concordar com ele, mas seria ótimo se você começasse a pensar sobre como elaborar as bases de um Projeto de Igreja para a IECLB a partir do Evangelho de Jesus Cristo, da teologia luterana e da realidade de sua paróquia, que é a realidade do povo brasileiro que vive as contradições do capitalismo. Discuta isso com seus/suas colegas.