Para imigrantes alemães chegados ao Brasil a partir de 1824, a escola representava instância importantíssima no processo educacional, e era uma questão de iniciativa comunitária e não do Estado. Ao chegarem a terras do Novo Mundo, os imigrantes já tinham na bagagem pelo menos três séculos de ensino obrigatório na escola pública alemã. Já o sistema educacional implantado no Brasil na segunda metade do século XIX pelo protestantismo de missão - arrolados ai metodistas, presbiterianos, batistas, congregacionais, adventistas e anglicanos - é bem diferente daquele introduzido pelos luteranos. Alemães instalaram-se mais em áreas rurais, enquanto o protestantismo de missão buscou as cidades.
Por volta de 1870, surgiram os primeiros colégios protestantes em cidades importantes do ponto de vista estratégico e missionário. Parece-me que no início da atividade missionária protestante a escola é complemento natural à igreja. As razões de sua instalação não são filantrópicas, mas doutrinais. O analfabetismo era empecilho ao aprendizado da doutrina protestante, calcada na leitura da Bíblia, de livros e revistas denominacionais. A propagação da fé estava vinculada à difusão de valores culturais. Na educação protestante vieram embutidos o liberalismo, o individualismo e o pragmatismo. O protestantismo luterano e o protestantismo de missão não pretendiam, assim como o catolicismo, apenas educar para a fé, mas dar também expressão aos valores da vida cristã, identificados aos valores-padrão da cultura da Alemanha, dos Estados Unidos ou de outros países dos quais viessem missionários.
Na visão de Lutero, que foi professor na Universidade de Wittenberg de 1508 até 1546, ano em que morreu, o professor era também um catequista, uma vez que a escola tinha por tarefa formar bons cristãos. Com a descoberta da salvação gratuita, da justificação por graça e fé, também mudou, para Lutero, o foco do ensino. O alvo da ética não era mais o céu, como a garantia da própria salvação também pelo estudo, mas a terra, a preservação das coisas criadas por Deus. Para Lutero, a educação é de responsabilidade da autoridade civil e não da autoridade eclesiástica. Sempre que for investido um florim em gastos militares, defendia o reformador, devem ser investidos cem florins em educação. Para Lutero está claro que governar é criar e manter escolas.
Para Lutero, a educação deve ser lúdica - deve-se aprender jogando, cantando e dançando, mas, acima de tudo, propulsora da liberdade evangélica. O reformador propõe uma escola cristã, gratuita e obrigatória, à qual toda a população tenha acesso. Ela não é questão de elite leiga ou religiosa.
P. Dr. Martin Dreher no 25º Congresso de Professores Rede Sinodal de Educação |
Tuesday, March 27, 2012
LUTERO E A EDUCAÇÃO
Thursday, March 01, 2012
A fé no marketing A fé no marketing
Caro(a) Leitor(a),
"O mercado é sórdido!", assim dizia meu professor de Sociedade e Economia na faculdade. Ele fazia referência à falta de escrúpulos nas guerras e disputas de poder econômico, defesa e conquista de mercados desde os tempos mais remotos da humanidade. Aliás, dizia ele, que não há limites para mentiras, golpes, guerras, injustiças, ameaças e todo tipo de baixarias quando o interesse econômico está em jogo. Não pense que o mercado é motivado por causas nobres! Ele enxerga como produto e bens de consumo qualquer ação, serviço ou mercadoria que possa gerar algum tipo de lucro, ainda que esta mercadoria sejam as coisas que, em tese, não deveríamos tratar por mercadoria como, por exemplo, a fome na Etiópia ou o analfabetismo no sertão brasileiro, mas há quem se beneficie muito com a exploração destes "produtos" e, portanto, os mantenha como estão, apesar do embrulho no estômago que saber destas coisas gera nas pessoas de bem. A grosso modo, o marketing é a ferramenta que estuda e analisa o mercado para que um determinado produto seja melhor aceito e, consequentemente, venda mais e/ou gere mais retorno de investimento e lucro. Ele observa os concorrentes, a maneira das pessoas se comportarem, consumirem e, então, define as estratégias de abordagem e sedução para aquele público alvo específico. Tenho visto, com muita tristeza, a fé ser tratada como um novo bem de consumo. O marketing da fé é explorado à exaustão, definindo metas, estratégias, mercados, linguagem, produtos e públicos. Tudo vira "produto": a pregação de um determinado pastor, o CD do cantor ou ministério de louvor, as campanhas de milagres, as rosas ungidas, os lenços, as sessões de descarrego e a "mídia", que até então era o culto, agora ocupa lugar nas grandes emissoras de TV do Brasil porque este mercado da fé está crescendo. O problema é que aqueles que apenas consomem fé, como um benefício, um produto de valor agregado, vão se distanciando da verdadeira Fé, livre, libertadora e vivificante do Evangelho. Ela é aos poucos apagada, substituída por uma fé presa ao templo/loja e ao modismo cegante da época. Na disputa deste "mercado gospel", na defesa da fatia deste "bolo(r) da fé", por interesses econômicos, assistimos as mais horripilantes safadezas e inacreditáveis mentiras, ao ponto até de "bispos" e "pastores" simularem exorcismos com o testemunho de "demônios" para desacreditar a igreja concorrente. "Hipócritas! Bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens" (Mateus 15.7-9). Esta, infelizmente, é a realidade na grande maioria das "igrejas" espalhadas por aí. E aqueles que nela estão viraram "fiéis" (cegos), não de Deus, mas dos líderes destas empresas. É claro que nem tudo está perdido. Ainda existe gente séria, discípulos de Jesus. A Igreja (com "i" maiúsculo) é invisível e somente de Deus, não pode ser negociada. O Reino de Deus não cabe atrás da plaquinha, nem dentro do templo de nenhuma religião do mundo! Ele está presente onde há corações sinceros e humildes, e para o desespero dos empreendedores da fé, está muito além dos nomes das igrejas e comunidades. Não vejo problema algum em se adequar a linguagem ou a forma de se comunicar o Evangelho para que mais pessoas o entendam. Crianças e adultos, por exemplo, exigem abordagens diferentes não só do Evangelho, mas de tudo na vida; têm compreensões distintas sobre os mesmos assuntos, então, neste aspecto, o jeito de se entregar o conteúdo deve ser diferenciado para cada um. Simples assim. Mas quando ao método ou à estratégia são dados mais importância que à essência, então o que se pensa ser o caminho em direção às Boas Novas de Jesus acaba se transformando numa perigosa armadilha. As pessoas vão se prendendo à forma, à linguagem, endeusando templos, lugares, líderes, denominações/marcas e nomes. Em busca de mais adeptos às suas igrejas ou de fidelizar seus clientes, alguns líderes religiosos acabam vendendo a imagem de que a verdadeira fé está naquele lugar, as outras igrejas são vistas como concorrentes e desmerecidas. Música, estilo, "bênçãos", "milagres" e "cobertura espiritual" são tratados como diferenciais e utilizados como técnica para atrair mais gente. Perceba como estamos tão vendidos às técnicas do marketing da fé que nem diferenciamos mais as palavras "culto" de "produto". Quando dizemos que temos "culto para jovens" ou "culto para senhoras" estamos dizendo, na verdade, que temos "produtos para atrair jovens" e "produtos para atrair senhoras ", porque o culto é somente para Deus, não para o homem. Nós nos esquecemos que não é o tipo de culto que deve atrair as pessoas, mas sim a compreensão do perdão que recebemos de Deus. A Graça, ou seja, o Dom gratuito de Deus é o que nos motiva a louvá-lo. O perigo de se fazer do "evangelismo estratégico" ou do "show/apresentação do culto" o alvo a ser buscado em si mesmo para atrair as pessoas é que o mercado, como de costume, exige cada vez mais. Logo, o próximo lugar que proporcionar a "melhor bênção/oferta", "mais emoção" ou a "melhor apresentação do culto/produto" abocanhará a sua fatia de mercado conquistado. Quero deixar bem claro que não sou contra a utilização de música, teatro, testemunhos, acrobacias, danças, pirotecnia e qualquer outra expressão de arte para se anunciar o evangelho ou como vontade de glorificar a Deus com tais atitudes. Mas não acredito na utilização destas coisas como "estratégia" ou "técnica" para alcançar outras pessoas "para Jesus". Tudo o que é estratégia deixa de ser verdadeiro quando se trata do Evangelho. O Evangelho nasce de dentro pra fora, naturalmente. É produzido pela Verdade que faz morada em nossos corações e alcança o outro ser humano. Não por ser simplesmente emocional ou atrativo, mas por produzir Vida e luz/compreensão para o nosso caminho em Deus. A mensagem de Jesus nunca foi "venham ficar admirados com as coisas que sei fazer!", mas "arrependam-se e creiam no Evangelho!". E ainda: "Tomem sobre vocês a sua própria cruz e me sigam, fazendo as mesmas coisas que eu fiz, ensinando e imitando a maneira como andei entre vocês!". O Deus que não faz propaganda vazia de si mesmo te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!
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Nota importante: Jesus ensinou a dar de graça o que recebemos de graça. Se esta mensagem, de alguma forma, lhe fez bem, então provavelmente ela poderá fazer bem para outras pessoas que você conheça. Gostaria de sugerir, se não for constrangimento para você, que compartilhasse e encaminhasse este e-mail para o seu círculo de amigos e conhecidos. Fazendo isto você potencializa, em muito, o alcance da Palavra que já fez tanto bem aos nossos corações. Leia outros artigos em www.ovelhamagra.com |