Saturday, November 27, 2010

Guerra contra o tráfico. Violência contra as mulheres



Estimadas irmãs, estimados irmãos:

Estamos profundamente impactados pelas imagens da violência no Rio de Janeiro, violência que tem sua causa maior no tráfico de drogas, alimentado pelo consumo de drogas. Essa situação só pode ser superada através de uma política conjugada de repressão ao tráfico, prevenção do consumo e recuperação de pessoas dependentes. Tampouco podemos deixar a questão simplesmente para as autoridades e instâncias governamentais. Também a família, as comunidades e a igreja têm um papel importante na educação de crianças e jovens, construindo relações de paz e fraternidade, criando espaços seguros e iniciativas de acompanhamento a jovens.

Há também outras formas de violência que devem nos preocupar como uma igreja que se empenha pela paz de Deus em todas as relações humanas. Uma delas é a violência contra a mulher, triste realidade que muitas vezes é ocultada, mas ocorre no seio de muitas famílias. Hoje também tem início a Campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher (25 de novembro a 10 de dezembro). Realizada internacionalmente desde 1991 em aproximadamente 130 países, a campanha busca evidenciar que a violência contra as mulheres é uma gravíssima violação aos direitos humanos. Por essa razão, o dia 25 de novembro - Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres - marca seu início e o 10 de dezembro - Dia Internacional dos Direitos Humanos – seu encerramento. O dia 25 de novembro é reconhecido pela ONU como o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.

Integram ainda a Campanha dos 16 Dias de Ativismo o dia 1.º de dezembro, Dia Mundial de Combate à Aids, e o dia 6 de dezembro, data do Massacre de Mulheres de Montreal, que fundamenta a Campanha Mundial do Laço Branco – Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres. A campanha brasileira foi ampliada de maneira a incluir o dia 20 de novembro, data em que celebramos o Dia Nacional da Consciência Negra.

Violência é uma das marcas mais visíveis de uma sociedade doente e injusta, que discrimina e exclui pessoas. Violência está presente no nosso dia a dia e todas as pessoas sofrem com esta situação. No entanto, a situação das mulheres é agravada pelas diferentes formas de violência a que estão submetidas, como a física, psicológica, sexual e até mesmo religiosa.

Estatísticas disponíveis revelam que grande parte da violência acontece dentro de casa, sendo agressor o próprio marido ou companheiro. Violência deixa lesões corporais graves, decorrentes de socos, tapas, chutes, amarramentos, queimaduras, espancamentos e até estrangulamentos. Dados de 2006 revelam que a cada 4 minutos uma mulher sofre violência e, em média, ela a denuncia só depois da décima agressão.

Um passo significativo no enfrentamento à violência contra a mulher foi a promulgação da Lei Maria da Penha (Lei nº. 11340, de 07/08/2006), que coíbe a violência doméstica e familiar contra a mulher. A lei é um forte incentivo para que as mulheres rompam o silêncio, que é o maior aliado da violência e da impunidade. Mas é preciso ir ainda mais fundo. É preciso desconstruir e acabar com o machismo e o patriarcalismo, segundo os quais o ser humano masculino é superior e deve ter poder sobre o feminino. Deus criou os seres humanos à sua imagem e semelhança – homem e mulher ele os criou. Colocar um/a à frente do/a outro/a é afrontar o próprio propósito da criação divina.

Tudo isso é um contraste muito grande com o espírito de Advento, período em que recordamos e celebramos um Deus de paz que vem a nós. Diante da situação pecaminosa descrita que insulta a Deus, conclamamos a que nossa intercessão comum em toda a IECLB, nos cultos deste fim de semana e/ou do próximo, seja:

Intercedemos pelo fim da violência em nosso país.
Lembramo-nos
em particular da violência contra as mulheres.

Intercedemos pelas organizações, movimentos e campanhas
que clamam por vida digna

e se opõem a todos os tipos de violência.

Faz-se necessário que a comunidade seja informada sobre os motivos que levam ao pedido desta oração de intercessão comum e que ela estará sendo orada em toda a IECLB, num gesto de unidade.

Na paz de Cristo,

Walter Altmann

Pastor Presidente

No comments:

Post a Comment