Depois de um breve período sem queda, estagnado na marca dos 73,79%, a população católica voltou a cair, a uma velocidade de 1 ponto percentual por ano, de 2003 a 2009, chegando ao índice mais baixo, de 68,43%, desde os primeiros registros censitários iniciados em 1872. Os católicos somam, hoje, 130 milhões de brasileiros e brasileiras.
ALC
terça-feira, 30 de agosto de 2011
A queda do catolicismo é maior entre os jovens, na faixa dos dez aos 19 anos de idade, passando de 74,13%, em 2003, para 67,48%, em 2009. A grande novidade é o crescimento, de 5,39% para 7,47%, dos evangélicos de igrejas históricas e tradicionais, e a estabilização dos pentecostais, em 12% do total da população brasileira no período.
Os dados constam no Novo Mapa das Religiões, organizado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) com base nos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O mapa foi divulgado na semana passada.
O Brasil continua, porém, o maior país católico do mundo. Mas com uma marca própria. Das 25 denominações analisadas pelo Mapa, o catolicismo é a única em que o número de homens seguidores (75,3%) é maior do que o de mulheres (71,3%). Ou seja, as mulheres são mais religiosas do que os homens, mas os homens são mais católicos do que as mulheres.
Apenas 5% das mulheres brasileiras não têm religião, enquanto esse percentual sobe para 8,52% na coluna masculina. “Enquanto os homens abandonaram as crenças, as mulheres trocaram de crença, preservando mais que eles a religiosidade”, relata o estudo. A ética católica, prossegue a análise, “estaria sendo trocada por outras mais em linha com a emancipação feminina em curso” acompanhada por uma revolução dos costumes. As alterações no estilo de vida feminino nos últimos 30 anos não encontraram eco na doutrina católica, “menos afeita a mudanças”.
Outra constatação interessante, o estudo aponta que a religiosidade é menor nas duas pontas extremas do espectro educacional. Dentre os sem instrução, com menos de três anos de escolaridade, 9,94% não têm religião. Na outra ponta, 17,04% dos mestres e doutores são sem religião.
Quando os olhares se voltam para o critério econômico, a classe E mostra-se como a menos religiosa de todas – 7,72%. O catolicismo é a religião mais presente nos dois extremos – 72,76% na classe E, e 69,07% nas classes AB. Os pentecostais têm maior abrangência nos níveis inferiores da distribuição de renda: 15,34% na classe D, 2,4 vezes maior do que nas classes AB – 6,29%. Os evangélicos tradicionais e históricos concentram-se mais nas classes AB (8,35%) e C (8,72%).
O Novo Mapa das Religiões levanta uma tese: enquanto o protestantismo tradicional liberou o cidadão c
omum da culpa da acumulação do capital privada, as religiões neopentecostais liberaram a acumulação privada de capital através da igreja. Elas estariam ocupando, no período de baixo crescimento econômico no país – anos 80 e 90 – o lugar do Estado na cobrança de impostos (dízimo e outras contribuições) e na oferta de serviços e redes de proteção social.
O Piauí é o Estado da Federação com o maior contingente de católicos (87,93%) e Roraima é o que tem o maior número dos que se dizem sem religião (19,39%). O Estado com a maior concentração de pentecostais é o Acre (24,18%), enquanto o Espírito Santo (15,09%) é o Estado que reúne maior número de evangélicos tradicionais e históricos.
Quatro capitais de Estados da região Norte despontam nas primeiras posições quanto ao número de pentecostais: Rio Branco, capital do Acre, com 28,43%; Belém, no Pará, com 22,99%; Boa Vista, Roraima, com 21,21%; e Porto Velho, Rondônia, com 19,02%. Os Estados mais católicos do país estão no Nordeste, com 74,9% de sua população.
Vitória, no Espírito Santo, com 18,13%, Rio Branco, Acre, com 14,63%, e Campo Grande, com 13,71%, são as três capitais que abrigam o maior número de evangélicos tradicionais e históricos.
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