Nossa Confissão de fé.
Dt 6.1-9 e Mc 12.28-34
Qual é a base de nossa confissão? Onde “começa” a nossa fé?
A fé cristã é uma fé monoteísta! Ainda que Deus tenha três pessoas, continua sendo monoteísta, pois é um só Deus em três diferentes maneiras de apresentar seu amor. Por isto a fé cristã tem seu princípio na mesma confissão das outras duas grandes cren
ças monoteístas, o Judaísmo e o Islã.
A grande confissão de fé do Islã é اشهد ان لا اله الا الله (Ash-hadu anna lā ilāha illallāh) – Eu testemunho que Alah é Deus – é o princípio de toda oração, ou de toda confissão de fé de um povo. A fé de Israel confessa שְׁמַע יִשְׂרָאֵל יְהוָה אֱלֹהֵינוּ יְהוָה
אֶחָד׃ (Sh’ma Ishrael Iahweh Elohenu Iahweh ehad) – Ouve Isarel Iahweh nosso Deus é único – a ser recitada ao menos três vezes ao dia. Tanto na fé islâmica como na judaica, se busca que estas confissões estejam entranhadas na vida do indivíduo.
A fé cristã não difere de modo algum destas confissões. A confissão de que Deus é um está em todos os credos elaborados pela fé cristã através da história. Vejamos:
O mais antigo, Credo Apostólico, se inicia dizendo: “Creio em Deus pai todo poderoso, criador do céu e da terra”. O Credo Niceno-Constatinapolitano diz “Creio em um só Deus,Pai todo-poderoso,Criador do céu e da terra,de todas as coisas visíveis e invisíveis.” A Confissão Valdense diz que “Cremos que há um só Deus - o Pai, Filho e Espírito Santo.” Poderia continuar citando outros credos da igreja antiga e todos começam mais ou menos da mesma forma, ou seja, colocando a crença em um deus único, senhor de todas as coisas e criador de tudo. Da mesma forma, as confissões da reforma, como a Confissão de Augsburgo, o
Credo de Lutero, O Credo de Calvino, dentre outros, colocam a fé das igrejas da reforma, de uma mesma forma.
Em primeiro lugar, ensina-se e mantém-se, unanimemente, de acordo com o decreto do Concílio de Nicéia,1 que há uma só essência2 divina, que é chamada Deus e verdadeiramente é Deus. E todavia há três pessoas nesta única essência divina, igualmente poderos
as, igualmente eternas, Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, todas três uma única essência divina, eterna, indivisa, infinita, de incomensurável poder, sabedoria e bondade, um só criador e conservador de todas as coisas visíveis e invisíveis. E com a palavra persona se entende não uma parte, não uma propriedade em outro, mas aquilo que subsiste por si mesmo, conforme os Pais usaram esse termo nessa questão.3 (Confessio Augustana, art. 1o.)
Mas aí se pergunta, o ponto central da reforma não exatamente em Cristo? Sola fide, sola gracia, sola scriptura, solo Cristus! Diz a frase mais conhecida da reforma.
A confissão de que Deus é um só não é apenas a confissão da unidade de Deus, mas a confissão de seu amor infinito. Com toda a certeza, nossa mente humana não conseguirá nunca captar os mistérios e desígnios de Deus. A confissão, islâmica, judaica e cristã, aponta não só para a unidade, ou singularidade – termos não captam a grandiosidade da confissão – mas apontam para o infinito amor deste Deus, na sua criação ou, simplesmente, na sua existência.
Aqui entra a diferença do cristianismo. Ainda que a mesma confissão seja o ponto de partida, o amor encarnado e o caminho encontrado por Deus para efetivar este amor às e pelas pessoas. Este amor infinito se torna concreto, palpável quando se encarna em Jesus Cristo (Jo 1.1 – “e o verbo se fez carne e habitou entre nós”).
Se a confissão em um único Deus é a confissão não só de seu poder, mas também de seu amor por nós, a confissão de que Jesus é a encarnação deste poder e amor, torna este poder e amor maior ainda. É o Deus que se faz presente, que olha por nós, que nos ama ao extremo, a ponto de se esvaziar deste amor.
Somente um Deus todo poderoso, único, sem igual, é capaz de ultrapassar a sua própria unicidade pra mostrar seu poder e seu amor.
Amém!
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