Saturday, December 04, 2010

Diplomacia brasileira é culta e insubmissa


O diplomata Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores do Brasil, foi eleito o sexto “pensador global” em 2010 pela revista norte-americana “Foreign Policy”.

ALC
Brasília, quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O nome de Amorim ganha importância pelo mérito de “transformar o Brasil em um ator global” e por constar numa lista de 100 personalidades do mundo dos governos e dos negócios. Amorim já tinha recebido uma menção em 2009 na mesma publicação como “o melhor chanceler do mundo”.

Já a chancelaria exercida sob sua liderança foi acusada pelo embaixador dos EUA no Brasil, Clifford Sobel, de adotar uma “inclinação antiamericana”, revelaram documentos divulgados pelo site de pesquisas Wikileaks.

Com formação e funções acadêmicas no Instituto Rio Branco (Itamaraty), na Universidade de Brasília (UnB) e como membro permanente do Departamento de Assuntos Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), Amorim teve sua atuação avaliada como a que marcou um curso independente, não “se opondo reflexivamente aos EUA no estilo da velha esquerda latino-americana, nem servilmente seguindo sua liderança”, publicou a Foreign Policy.

O diplomata recebeu a distinção porque “criticou países desenvolvidos e advogou que os países em desenvolvimento tivessem um papel de liderança no combate às mudanças climáticas”.

Ele atuou com o chanceler turco, Ahmet Davutoglu, ao negociar soluções para o programa nuclear do Irã, esfriando a tensão internacional, e provocou inveja nas diplomacias dependentes da liderança americana, que buscavam o mesmo acordo há meses, sem alcançá-lo. O gesto pôs o Brasil no mapa diplomático.

Na relação da Foreign Policy Amorim vem antecedido pelos milionários Warren Buffett e Bill Gates, a dupla Dominique Strauss-Kahn, diretor do Fundo Monetário Internacional, e Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial; em segundo lugar, pelo presidente dos EUA, Barack Obama, seguido pelo chefe do Banco Central chinês, Zhou Xiaochuan, em quarto, e por Ben Bernanke, presidente do Tesouro norte-americano (FED).

A atuação de Angela Merkel no governo alemão e na Comunidade Econômica Europeia e a diplomacia da estadunidense Hillary Clinton ocuparam a 10ª e a 13ª posições, respectivamente. O nome da ex-ministra e ex-candidata brasileira Marina Silva apareceu no 32º lugar.

Com pouquíssimo poder militar – empregado apenas na Força de Paz da ONU no Haiti - e muita diplomacia para evitar dois golpes de Estado e negar apoio a um quase terceiro, não é surpresa que os EUA considerem a diplomacia brasileira 'antiamericana', como mostraram documentos divulgados pelo Wikileaks.

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