“Mas, ainda que nós
mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho
anunciado, seja anátema.”
Gálatas 1:8
Gálatas 1:8
Dois textos publicados esta semana mostram o cansaço com o
movimento religioso brasileiro que se autoproclama evangélico, mas do Evangelho
de Jesus Cristo tem muito pouco. O Pastor Ricardo Gondim, da Igreja Evangélica
Betesda[1],
escreve sobre o seu desagrado com as denominações evangélicas e o Bacharel em
Teologia Paulo Siqueira, traz o desabafo do Pastor Arivaldo Ramos[2]
sobre o mesmo motivo.
Sou de uma igreja histórica, que deu origem às reformas ocorridas
a quase 500 anos e, por incrível que pareça, vejo minha igreja sendo olhada de
atravessado e com grande preconceito por parte dos autoproclamados evangélicos.
Sou luterano, e posso dizer com muito orgulho, ainda que bem sei que Lutero não
gostaria, nem de ser nome de igreja, nem deste meu orgulho.
Quando era criança dizia tranquilamente ser evangélico, o
que, para mim, na época, significava apenas de que eu fazia parte de uma
comunidade que não era Católica Romana, pois tínhamos somente estas duas por
perto. Hoje a questão está bem mais complicada, então preciso voltar ao título,
Sou Evangélico, não sou evangélico. O
problema está em definir este “evangélico”.
Se ser evangélico é apenas não ser Católico Romano, então as
muitas denominações estão corretíssimas em se proclamarem assim. No entanto
quando definimos que ser evangélico é seguir e propagar as boas novas do
Evangelho de Cristo então neste quesito a Igreja católica Romana também se
inclui nesta definição.
A partir desta definição eu continuo a referir à minha
igreja (Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil) como sendo
evangélica e, por conseguinte, também me reconheço como Evangélico. Ser evangélico
é intrínseco ao ser igreja, não há como separar. Por isso as palavras de Paulo
em Gálatas 1:8 “Mas, ainda que nós
mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho
anunciado, seja anátema.” Se tornam tão importantes e tão conclusivas a esta
questão. Se somos igreja não podemos, nunca, jamais, ser evangélicos e temos de
combater cada vez mais o mau uso do Evangelho e dizermos com todas as palavras
quando não existe evangelho, ou está sendo pregado outro evangelho, que não o
de Cristo. Seja “anátema” escreveu Paulo.
A
igreja sempre teve os que perverteram a fé e pregaram outro evangelho, e sempre
vai ter. Como avaliar? Olhem para o Jesus que está sendo pregado, não só em palavras,
mas em atitudes, em vivência. O Jesus do verdadeiro evangelho foi todo amoroso,
inclusivo, acolhedor, agraciador, com palavras bondosas, caridosas desafiadoras.
Não
fazem parte do evangelho de Jesus os milagreiros que cobram propina pelos seus
milagres.
Não
fazem parte do evangelho de Jesus os profetas da prosperidade, que cobram
dízimo de pedágio pelas propensas riquezas oferecidas.
Não
fazem parte do evangelho as curas milagrosas com hora marcada que colocam no
fiel a culpa pelo não acontecimento do milagre.
Não
fazem parte do evangelho de Jesus a profusão de títulos, pastores, apóstolos,
profetas, bispos, e outros, todos autoproclamados para imporem uma falsa
intimidade com Deus.
Não
fazem parte do evangelho de jesus o preconceito de gênero que leva a atos
violentos, em palavras e atitudes, contra mulheres e gays.
Não
fazem parte do evangelho de Jesus o fundamentalismo que não permite o
questionamento ao pregador.
Não
fazem parte do evangelho de Jesus a ideia de salvação que exclui o próximo por
qualquer motivo, por ser de outra fé, por ser de outra denominação, por ter
cultura diferente, por pensar diferente, por ter ideologia ou partido
diferente.
Não
fazem parte do evangelho de Jesus os legalismos que escolhem as leis a serem
impostas sempre sobre os outros, mas não sobre si mesmos.
Não
fazem parte do evangelho de Jesus as alianças espúrias com quem está no poder,
seja poder político, seja poder das drogas, seja poder econômico, para tirar
vantagens quaisquer que sejam.
O
evangelho de Jesus é o daquele que disse: “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros;
assim como Eu vos amei; que dessa mesma maneira tenhais amor uns para com os outros. ” João 13.34 O que sair disso, escreveu Paulo, seja “Anátema!”
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