Em artigo publicado ontem no jornal Folha de São Paulo, o dominicano Frei Betto escreveu que acusar Dilma de abortista é terrorismo. Ele contou a história da Dilma que conheceu como vizinha em Belo Horizonte, depois sob tortura no presídio Tiradentes, e como ministra de Estado no governo do presidente Lula.
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Lembrou que “a ex-aluna de colégio religioso, dirigido por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho”, enfatizando que ela “nada tinha de ‘marxista ateia’".
“Os torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte”, escreveu no jornal que emprestou carros de reportagem para torturadores.
Frei Betto engrossou o tom ao descrever a acusação de abortista ou contrária aos princípios do evangelho como mais uma campanha difamatória, “diria, terrorista”. Confrontou a atitude dos bispos do Regional Sul 1, já desautorizado em nota da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), observando que “por ser bispo, ninguém é dono da verdade. Nem tem o direito de julgar o foro íntimo do próximo”, supondo que estes conhecem o oitavo mandamento.
A partir dessa base, o colunista afirmou, categoricamente, que “Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica.”
Na linha do que recomenda Jesus, ela e Lula não saem por aí propalando, como fariseus, suas convicções religiosas. “Preferem comprovar, por suas atitudes, que ‘a árvore se conhece pelos frutos’, como acentua o Evangelho”.
O colunista destacou que o falso testemunho já tinha sido tentado antes contra o sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva. Durante as “greves do ABC, espalharam horrores: se eleito, tomaria as mansões do Morumbi, em São Paulo; expropriaria fazendas e sítios produtivos; implantaria o socialismo por decreto”.
E voltou ao presente, contatando que “passados quase oito anos, o que vemos? Um Brasil mais justo, com menos miséria e mais distribuição de renda, sem criminalizar movimentos sociais ou privatizar o patrimônio público, respeitado internacionalmente”.
Confrontou o crime da boataria com o evangelho. “Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho”, insistiu. Os que serão salvos não são os “que vão à missa ou ao culto todos os domingos. Nem quem se julga dono da doutrina cristã e se arvora em juiz de seus semelhantes”, apontou.
Betto concluiu a coluna relacionando a resposta de Jesus à postura política de Lula. "Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; oprimido, e me libertastes...", mostrando-o como quem “se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcance de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos vida digna e feliz.”
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