Ano passado passei pelo processo
de “Renovação do TAM”. Para que não conhece o sistema, é um processo doloroso
pelo qual os ministros e as ministras ordenadas da IECLB passam a cada três ou
quatro anos. Agora já estou na metade do quinto ano nesta paróquia, com meu TAM
– Termo de Atividade Ministerial – renovado por mais quatro anos.
Pelo EMO – Estatuto do
Ministério com Ordenação – o tempo mínimo de um TAM deve ser de três anos e este
também é o tempo mínimo de permanência de um ministro ou ministra em um CAM –
Campo de Atividade Ministerial. Já depois de renovado, não há mais prazo mínimo
para a permanência.
Eu já tenho uma experiência razoável
no ministério e esta tem me mostrado que três anos é muito pouco para se tornar
pastor ou pastora de uma paróquia. É um fato conhecido e acontecido com muitos
colegas, quando já há três anos em uma paróquia sempre aprece alguém que fica
contente em conhecer “o novo pastor”.
“Você é o novo pastor da igreja! ” Esta frase é bastante comum vindo de
membros, mas para ministros e ministras isto pode ser bem verdade, mesmo depois
de três anos em uma paróquia. A gente, quando chega em uma paróquia, tem
muitas expectativas que são importantes, tanto da nossa parte como na parte dos
membros. Mesmo depois de devidamente instalados em ofício especial pelo
Pastor ou Pastora Sinodal ainda vai levar muito tempo até verdadeiramente nos instalarmos
no CAM.
Minha pergunta é: Você está pronto para liderar e mover a paróquia para
a frente. Afinal, você é o pastor ou pastora. Certo?
Errado.
Na maioria das paróquias estabelecidas, há um período bem prolongado de
conhecimento mútuo e adaptação antes que os membros das comunidades como um
todo nos abracem como ministro ou ministra. E, quando chega esta hora, a maioria
de nós pode, então desfruta dos seus maiores e mais alegres anos de ministério.
Mas a maioria dos ministros e ministras nunca chega ao ano cinco, muito
menos o ano sete, acaba se retirando, ou sendo retirado, na primeira renovação
do TAM. Então, por que leva cinco a sete anos para ser abraçado como o
pastor das igrejas mais estabelecidas? Aqui estão sete razões comuns.
1. Demora muito tempo
para entrar em padrões de relacionamento estabelecidos. Muitos dos membros
estão lá há décadas. Eles têm seus amigos, familiares e grupos de
relacionamento. Os ministros e ministras não entrarão significativamente
em muitos desses relacionamentos por vários anos. Luteranos, principalmente de
origem germânica, tem problemas de abrir seus relacionamentos.
2. Você está criando
novas formas de fazer as coisas. Você pode não pensar que você é um
grande agente de mudança, mas sua presença como ministro ou ministra muda as
coisas de forma significativa em uma paróquia. Cada um lidera de forma
diferente. Cada um prega de forma diferente. Cada família é
diferente. A paróquia e as comunidades tem que se ajustar a todas as
mudanças que a gente, como ministro ou ministra, traz antes de começar a
abraçar completamente como ministro ou ministra.
3. A maioria dos
relacionamentos não se estabelece totalmente até que eles passem por um ou dois
grandes conflitos. O primeiro ano ou dois são os anos de lua de
mel. A paróquia acha que você é absolutamente excelente. Então você
faz algo, lidera algo, ou muda algo que seja contrário às suas expectativas. Acontece
o conflito. Você não é mais o melhor. Então você tem dois anos de lua
de mel, um a dois anos de conflito, e um a dois anos para chegar do outro lado
do conflito. Então você se torna pastor em cinco a sete anos.
4. As paróquias estão
acostumadas a ministros e ministras de curto prazo. Muitas igrejas
raramente vêem um pastor chegar ao quinto, sexto ou sétimo ano, pelos mais
diversos motivos, como o stress da renovação do TAM, finanças ou a maneira de
ser das lideranças. Eles nunca aceitam completamente o ministro ou
ministra, porque eles não acreditam que este ou esta irá superar o primeiro
grande conflito.
5. Pastores anteriores
feriram alguns membros da igreja. Muitas
vezes quando lemos o quadro de vagas da IECLB já identificamos alguns destes
conflitos. Há muitas razões para essa realidade, algumas compreensíveis e outras
não. Em ambos os casos, um ministro ou ministra anterior prejudicou alguns
membros da igreja, e os membros levam vários anos para aceitar um novo ministro
ou ministra e aprender a confiar novamente.
6. A confiança sempre é
cumulativa, não imediata. Essa realidade é especialmente
verdadeira em paróquias estabelecidas. Independentemente de como o
ministério se desenrola, simplesmente leva tempo antes que os membros da paróquia
estejam dispostos a dizer com convicção: "Esse é o meu pastor".
Eu sei. Gostaria que pudéssemos jogar fora os medos e desfrutar da
confiança imediata. Mas, na maioria das paróquias isto simplesmente não
vai acontecer rapidamente. Serão necessários de cinco a sete anos.
A gente está disposto a ficar para desfrutar o fruto de um ministério de
longo prazo?
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