Saturday, June 07, 2008

Ecumenismo e eu

Minha Igreja no movimento ecumênico


Uma frase que ouvi de um renomado doutor em teologia: “Eu amo minha IECLB”. Esta frase foi proferida pelo P. Dr. Gottfried Brackemeier em uma atualização teológica aos pastores do Sínodo Centro-Campanha Sul, em 2005 e reflete um posicionamento do qual compartilho.

Fui batizado dentro da IECLB, mas sou apenas a segunda geração de minha família nesta Igreja. Os Hollas através do mundo são, em sua maioria, Católicos Romanos, meu avô se tornou luterano por opção, pois foi habitar em uma localidade onde havia somente a “Igreja do Sínodo Luterano”. Em todos os casos, a IECLB é a Igreja onde fui batizado, educado, confirmado, me
casei e batizei minha filha, sem contar que fui ordenado pastor, função que cumpro em uma paróquia com nove comunidades.


É importante falar do amor pela IECLB, pois com ela partilho e dela aprendi minhas convicções teológicas e confessionais e isto inclui meu posicionamento radical de respeito às demais confissões e religiões. A minha IECLB é ecumênica por excelência, ainda que parte dos membros desta igreja não entenda assim, e isto também é por força de seu posicionamento de respeito às diferentes opiniões.

Criei-me em meios diversos dentro de uma mesma igreja e isto moldou muito meu modo de sentir e ser igreja. Enquanto meus pais viviam um modo tradicional, pendendo ao pietismo, participava dos meios carismáticos da IECLB nos arredores de São Leopoldo. Na época da Faculdade, Escola Superior de Teologia, ainda mantinha esta dualidade, sem ser esquizofrênico.

Enquanto me aproximava de movimentos mais ligados à Teologia da Libertação, mantinha minha membrezia na comunidade onde havia sido confirmado,na Scharlau.

“Unidade na Pluralidade” não foi somente um discurso, mas sempre consegui visualizar e manter a minha fé e confissão mesmo em ambientes que para muitos parecia tão diverso, por um lado freqüentar uma comunidade ligada ao movimento carismático na IECLB, por outro me interessar pelos rumos mais revolucionários da teologia, ou por uma teologia que atendesse mais aos anseios sociais e antropológicos dos membros. Por um lado, o anseio pelo mágico do carismatismo, por outro as necessidades físicas e sócias das pessoas.

Este convívio com extremos dentro de uma mesma Igreja faz perceber que também dentro das diversas denominações há divergências, mas que quando olhadas como parte de uma mesma fé produzem crescimento e partilha.

Da mesma maneira é o convívio e relacionamento com outras religiões. Muitos usam o termo tolerância, mas de minha parte eu prefiro utilizar respeito. Lembro que em minha entrevista de admissão na EST – então chamada de FACTEOL – me foi perguntado sobre o meu posicionamento com relação às outras religiões, como cristão. Lembro-me que falei que eu era cristão e que o cristianismo o único caminho, até que alguém me provasse o contrário. Um dos professores então analisou de eu não estar firme na minha fé, ao que eu respondi que não foi o que eu tinha falado, mas que devemos sempre considerar a possibilidade de o outro poder estar certo, respeitando a sua opinião, pois quando colocamos de antemão o posicionamento de que o outro está errado, fechamos automaticamente a possibilidade de diálogo. Este é um posicionamento que tenho para a minha vida, seja no diálogo com outras denominações, seja no diálogo com outras religiões. Eu parto do princípio que, no ponto de vista do interlocutor este está certo, bem como eu, de meu ponto de vista.

Em meus trabalhos paroquiais tive experiências diversas. Na primeira paróquia, Gravataí, em meio ao movimento carismático da IECLB, não havia a possibilidade de trabalho conjunto com as igrejas históricas, mas havia possibilidade e cooperação com as igrejas pentecostais e batistas. Em Sobradinho, onde estou atualmente, sempre houve diálogo e cooperação mútua, seja com a Igreja Católica Romana, seja com as igrejas pentecostais e igreja batista. Com a Igreja católica Romana chegamos a co-celebração mútua, seja na matriz católica, seja no templo da IECLB. Também a colaboração mútua com as igrejas pentecostais e celebração conjunta em eventos públicos.

Não há como fugir da ecumene, ela é parte integrante da fé cristã. Se nos desligamos dela sofremos o risco de nos tornarmos guetos, trancados em nós mesmos que perdem o sentido de ser, ou a base de ser cristão, a busca pelo outro, pelo próximo, pelo diferente, pelo apartado, pelo marginalizado.