Friday, October 29, 2010

Muçulmanos e cristãos encaram futuro comum



Sexta-feira, 29 de outubro de 2010 - 8h16min

por ALC/CMI

Genebra, quinta-feira, 28 de outubro de 2010 (ALC) - Dirigentes muçulmanos e cristãos, junto com estudiosos e especialistas em questões religiosas, representando organizações islâmicas e cristãs, vão se reunir de 1 a 4 de novembro no Centro Ecumênico de Genebra, Suíça, numa consulta internacional sobre assuntos de interesse comum.

"Transformar as comunidades: cristãos e muçulmanos construindo um futuro comum", tema da consulta, definirá e se ocupará de questões de interesse mútuo, oferecendo orientações para a cooperação entre muçulmanos e cristãos, incluindo enfoques para a ação conjunta inspirados na fé.


A consulta será inaugurada por sua alteza real, o príncipe Ghazi Bin Muhammad Bin Talal, enviado pessoal e assessor especial de sua majestade, o rei Abdullah II, da Jordânia, e pelo arcebispo Anders Wejryd, da Igreja da Suécia.


Participarão também na consulta: o secretário geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), reverendo Olav Fykse Tveit, o secretário geral da Associação Mundial da Dawa Islâmica, Muhammad Ahmed Sharif, o representante da Liga Muçulmana Mundial, Abdulrahman Ao-Zayed, e o secretário geral do Fórum Mundial para a aproximação das escolas de pensamento islâmico, ayatollah Muhammad Ali Ao-Tashkiri, o presidente da Federação de Igrejas Protestantes da Suíça, pastor Thomas Wipf, e o xeique Yousef Ibram, imã da mesquita de Genebra.

A consulta, que se baseia nas sólidas bases de iniciativas e atividades realizadas no passado por diversas organizações e redes, é uma iniciativa conjunta cristão muçulmana tanto em seu planejamento, financiamento como participação.

"Cristãos e muçulmanos têm a responsabilidade conjunta de contribuir o melhor de seus recursos teológicos, espirituais e éticos para o bem comum da humanidade", afirmam os organizadores.

Eles esperam que a consulta "desenvolva formas concretas de construir um futuro comum para conseguir sociedades mais compassivas e justas, baseadas na equidade, na cidadania compartilhada e no respeito mútuo".

Os cerca de 60 participantes examinarão três questões fundamentais no contexto das relações entre muçulmanos e cristãos: maiorias e minorias religiosas, do conflito a uma justiça compassiva - construir ecologias de paz, formulação de instrumentos educativos para resolver problemas.

Wednesday, October 27, 2010

Frei Betto: ‘vírus oportunista’ na campanha


Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, 66, afirma que a forma como são abordados religião e aborto nesta campanha está "plantando no Brasil as sementes de um possível fundamentalismo religioso".

O frade dominicano responsabiliza a própria Igreja Católica por introduzir um "vírus oportunista" na disputa eleitoral. E define como "oportunistas desesperados" os bispos da Regional Sul 1 da CNBB (São Paulo) que assinaram no fim de agosto uma nota, depois tornada panfleto, recomendando aos fieis não votar em candidatos do PT.

Em entrevista à Folha, o religioso analisa que os temas ganharam espaço na agenda porque "lidam com o emocional do brasileiro". "Na América Latina, a porta da razão é o coração, e a chave do coração é a religião. A religião tem um peso muito grande na concepção de mundo, de vida, de pessoa, que a população elabora."

Amigo do presidente Lula, de quem foi assessor entre 2003 e 2004 e a quem depois manteve apoio crítico, e eleitor de Dilma Rousseff, Frei Betto defende que as políticas sociais do atual governo evitaram milhões de mortes de crianças e, por isso, discuti-las é mais importante do que debater o aborto.

Folha - Desde que deixou o cargo de assessor de Lula, o sr. manteve um apoio crítico ao governo, um certo distanciamento. A pauta religiosa --ou a forma como ela foi introduzida na campanha-- lhe reaproximou do governo e do PT?

Frei Betto - Eu nunca me distanciei. Sempre apoiei o governo, embora fazendo críticas. O governo Lula é o melhor da nossa história republicana, mas não tão ideal quanto eu gostaria, porque não promoveu, por exemplo, nenhuma reforma na estrutura social brasileira, principalmente a reforma agrária.

Mas nunca deixei de dar o meu apoio, embora tenha escrito dois livros de análise do governo, mostrando os lados positivos e as críticas que tenho, que foram "A mosca azul" e "O calendário do poder", ambos publicados pela Rocco. Desde o início do processo eleitoral, embora seja amigo e admire muito a Marina Silva, no início até pensei que Dilma venceria com facilidade e que poderia apoiá-la [Marina], mas depois decidi apoiar a candidata do PT.

Mas você entrou com mais força na campanha por conta da pauta religiosa, sem a qual talvez não tivesse entrado tanto?

Eu teria entrado de qualquer maneira dando meu apoio, dentro das minhas limitações. Agora essa pauta me constrange duplamente, como cidadão e como religioso. Porque numa campanha eleitoral, penso que o mais importante é discutir o projeto Brasil. Mas como entrou o que considero um vírus oportunista, o tema do aborto e o tema religioso, lamentavelmente as duas campanhas tiveram, sobretudo agora no segundo turno, que ser desviadas para essas questões, que são bastante pontuais. Não são questões que dizem respeito ao projeto Brasil de futuro. Ou, em outras palavras: mais do que se posicionar agora na questão do aborto é se posicionar em relação às políticas sociais que evitam a morte de milhões de crianças. Nenhuma mulher, nenhuma, mesmo aquela que aprova a total liberalização do direito ao aborto, é feliz por fazer um aborto.

Agora o que uma parcela conservadora da Igreja se esquece é que políticas sociais evitam milhões de abortos. Porque as mulheres, quando fazem, é por insegurança, frente a um futuro incerto, de miséria, de seus filhos. Esses 7,5 anos do governo Lula certamente permitiram que milhares de mulheres que teriam pensado em aborto assumissem a gravidez. Tiveram seus filhos porque se sentem amparadas por uma certa distribuição de renda que efetivamente ocorreu no governo Lula, tirando milhões de pessoas da miséria.

Por que aborto, crença e religião entraram tão fortemente na pauta da campanha?

Porque eles lidam com o emocional do brasileiro. Como o latino-americano em geral, a primeira visão de mundo que o brasileiro tem é de conotação religiosa. Sempre digo que, na América Latina, a porta da razão é o coração, e a chave do coração é a religião. A religião tem um peso muito grande na concepção de mundo, de vida, de pessoa, que a população elabora.

Mas não foi a população que levou esse tema [à campanha], foram alguns oportunistas que, desesperados e querendo desvirtuar a campanha eleitoral, introduziram esses temas como se eles fossem fundamentais.

O próprio aborto é decorrência, na maior parte, das próprias condições sociais de uma parcela considerável da população.

Quem são esses oportunistas?

Primeiro os três bispos que assinaram aquela nota contra a Dilma, diga-se de passagem à revelia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Realmente eles se puseram no palanque, sinalizando diretamente uma candidata com acusações que considero infundadas, injustificadas e falsas.

A Dilma, que já defendeu a descriminalização do aborto, recuou em relação ao tema.

Respeito a posição dela. Agora eu, pessoalmente, como frade, como religioso, como católico, sou a favor da descriminalização em determinados casos. Pode colocar aí com todas as letras. Porque conheço experiências em outros países, como a França, em que a descriminalização evitou milhões de abortos. Mulheres foram convencidas a ter o filho dentro de gravidez indesejada. Então todas as estatísticas comprovam que a descriminalização favorece mais a vida do que a criminalização. É importante que se diga isso, na minha boca. Na Itália, que é o país do Vaticano, predominantemente católico, foi aprovada a descriminalização.

O sr. acha que o recuo da Dilma é preço eleitoral a pagar?

Respeito a posição dos candidatos, tanto da Dilma quanto do Serra, sobre essas questões. Não vou me arvorar em juiz de ninguém. Como disse, acho que esse é um tema secundário no processo eleitoral e no projeto Brasil.

Pelo que se supõe, já que não há muita clareza nos candidatos, nem Dilma nem Serra são favoráveis ao aborto em si, mas ambos parecem abertos a discutir sua descriminalização. Por que é tão difícil para ambos debater esse tema com clareza e honestidade?

Porque é um tema que os surpreende. Não é um tema fundamental numa campanha presidencial. É um vírus oportunista, numa campanha em que você tem que discutir a infraestrutura do país, os programas sociais, a questão energética, a preservação ambiental. Entendo que eles se sintam constrangidos a ter que se calar diante dos temas importantes para a nação brasileira e entrar num viés que infelizmente está plantando no Brasil as sementes de um possível fundamentalismo religioso.

Como o sr. vê a participação direta de bispos, padres e pastores na campanha, pregando contra ou a favor de um ou outro candidato?

Eu defendo o direito de que qualquer cidadão brasileiro, seja bispo, seja até o papa, tenha a sua posição e a manifeste. O que considero um abuso é, em nome de uma instituição como a Igreja, como a CNBB, alguém se posicionar tentando direcionar o eleitorado. Eu, por exemplo, posso, como Frei Betto, manifestar a minha preferência eleitoral. Mas não posso, como a Ordem Dominicana a qual eu pertenço, dizer uma palavra sobre isso. Considero um abuso.

E a participação de uma diocese da CNBB na produção de panfletos recomendando fieis a não votarem na Dilma?

É uma posição ultramontana, abusiva, de tentar controlar a consciência dos fieis através de mentiras, de ilações injustificadas.

O sr. acredita, como aponta o PT, que o PSDB está por trás da produção dos panfletos?

Não, não posso me posicionar. Só me posiciono naquilo em que tenho provas e evidências. Prefiro não falar sobre isso.

Quais as diferenças de tratamento do tema aborto nas diferentes religiões?

Ih, meu caro, isso é muito complexo. Agora, na rua... Eu estou na rua, indo para a PUC [para ato de apoio a Dilma, na última terça à noite]. Para entrar nesse detalhe... Eu escrevi um artigo até para a Folha, anos atrás, sobre a questão do aborto. É muito delicado analisar as diferenças. Há nuances. Mesmo dentro da Igreja Católica há diferentes posições sobre quando é que o feto realmente se transforma num ser vivo. Não é uma questão fechada na Igreja. Ainda não há, nem do ponto de vista do papa, uma questão dizendo: o feto é um ser vivo a partir de tal data. É uma questão em discussão, teologicamente inclusive. São Tomás de Aquino dizia que 40 dias depois de engravidar. Isso aí depende muito, é uma questão em aberto.

Em artigo recente na Folha, o sr. disse que conhecia Dilma e que ela é "pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica". O que diria sobre a formação e a religiosidade de Serra?

Eu sou amigo do Serra, de muitos anos, desde a época do movimento estudantil. Nunca soube das suas opções religiosas. Da Dilma sim, porque fui vizinho dela na infância [em Belo Horizonte], estivemos juntos no mesmo cárcere aqui em São Paulo, onde ela participou de celebrações, e também no governo. Não posso de maneira alguma me posicionar em relação ao Serra. Respeito a religiosidade dele.

Se você me perguntasse antes da campanha sobre a posição religiosa do Serra, eu diria: não sei. Mas considero uma pessoa muito sensata, que respeita crenças religiosas, a tolerância religiosa, a liberdade religiosa. Nesse ponto os dois candidatos coincidem.

O que achou do material de campanha de Serra que destaca a frase "Jesus é a verdade e a vida" junto a uma foto do candidato?

Não cheguei a ver e duvido que seja material de campanha dele. Como bom mineiro, fico com pé atrás. Será que é material de campanha, será que é apócrifo?... Agora mesmo estão distribuindo na internet um texto, que me enviou hoje o senador [Eduardo] Suplicy, [intitulado] "13 razões para não votar em Dilma", com a logomarca da Folha, de um artigo que eu teria publicado na Folha, assinado por mim. Não dá para dizer que [o santinho] é da campanha dele.

Mas tem foto dele, o número dele [tem inclusive o CNPJ da coligação]...

Bem, espero que a campanha, o comitê dele desminta isso e, se não desmentir, quem cala, consente.

No mesmo artigo o sr. diz que torturadores praticavam "ateísmo militante". O sr. não respeita quem não crê em Deus?

Meu caro, eu tenho inúmeros amigos ateus. Nenhum deles tirou do contexto essa frase. Com essa pergunta você me permite aclarar uma coisa muito importante: que a pessoa professe ateísmo, tem todo o meu apoio, é um direito dentro de um mundo secularizado, de plena liberdade religiosa.

Agora, a minha concepção de Deus é que Deus se manifesta no ser humano. Então toda vez que alguém viola o ser humano, violenta, oprime, está realizando o ateísmo militante. Ateus que reivindicam o fim dos crucifixos em lugares públicos, o nome de Deus na Constituição - isso não é ateísmo militante, isso é laicismo, que eu apoio. O ateísmo militante para mim é profanar o templo vivo de Deus, que é o ser humano.

Tiraram do contexto, não entenderam...

É que houve queixas de ateus em relação àquele trecho do seu artigo, tido como discriminatório...

Podem ter se sentido ofendidos por não terem percebido isso. Para mim o ateísmo militante é você negar Deus lá onde, na concepção cristã, ele se manifesta, que é no ser humano. Você professar o ateísmo é um direito que eu defendo ardorosamente. Agora, você não pode é chutar a santa, como fez aquele pastor na Record. Ou seja, eu posso ser ateu, como eu sou cristão, mas eu não digo que a fé do muçulmano é um embuste ou que a fé do espírita é uma fantasia. Isso é um desrespeito.

O sr. relatou no artigo que encontrou Dilma no presídio Tiradentes [em São Paulo] e que lá fizeram orações. Como foram esses encontros?

Ela estava presa na ala feminina, eu na ala masculina e, como religioso, eu tinha direito de, aos domingos, passar para a ala feminina para fazer celebrações. E ela participava. O diretor do presídio autorizava isso.

O sr. já comparou o Bolsa Família a uma "esmola permanente"...

[interrompendo] Não, eu não usei essa expressão. Eu sempre falei que o Bolsa Família é um programa assistencialista e o Fome Zero era um programa emancipatório. Nunca chamei de esmola não. Se saiu isso aí, puseram na minha boca.

Deixa eu buscar aqui o contexto exato...

Quero ver o contexto. Dito assim como você falou agora eu não falei isso não.

Vou achar aqui o texto, espera aí.

Bem, mas não importa o que eu disse. Eu te digo agora o seguinte: o Bolsa Família é um programa compensatório e o Fome Zero era um programa emancipatório.

Você falou o seguinte [numa entrevista à Folha em 2007]: "Até hoje o Bolsa Família não tem porta de saída. O governo inteiro sabe qual é, mas não tem coragem: é a reforma agrária, a única maneira de 11 milhões de famílias passarem a produzir a própria renda e ficarem independentes, emancipadas do poder público. Você não pode fazer política social para manter as pessoas sob uma esmola permanente. Nem por isso considero o Bolsa Família negativo, devo dizer isso. O problema é que não pode se perenizar".

Ótimo que você pegou o texto, muito bem, é isso mesmo. Veja bem, não vamos tirar de contexto não.

O que o sr. pensa do Bolsa Família hoje?

Isso que eu te falei: é um programa compensatório. Eu gostaria que voltasse o Fome Zero, que tem um caráter emancipatório, tinha porta de saída para as famílias. E o Bolsa Família, embora seja positivo, até hoje não encontrou a porta de saída, o que eu lamento.

O sr. continua a ser um defensor inconteste do regime cubano? Ainda é amigo de Fidel?

Não, veja bem. A sua afirmação... Não põe na minha boca o que você acabou de falar. Eu sou solidário à Revolução Cubana. Eu faço um trabalho em Cuba há muitos anos, de reaproximação da Igreja e do Estado. Estou muito agradecido a Deus e feliz por poder ajudar esse processo, que resultou recentemente na liberação de vários presos políticos.

O sr. participou diretamente desse processo, dessa última libertação?

Indiretamente sim. Mas não é ainda o momento de eu entrar em detalhes.

O sr. acha que essa tendência de abertura do regime é inexorável?

Sim, claro, tem que haver mudanças. Cuba está preocupada em se adaptar. Mas nada disso indica a volta ao capitalismo.

Sobre o desrespeito aos direitos humanos em Cuba, ainda há presos políticos...

Meu caro, ninguém desrespeita mais os direitos humanos no mundo do que os Estados Unidos. E fala-se pouco, lamentavelmente. Basta ver o que os Estados Unidos fazem em Guantánamo.

Cuba ocupa o 51º no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, que é insuspeito. O Brasil, o 75º.

[23/10/2010]

Monday, October 25, 2010

XXVII Concílio da IECLB – 20 a 24 de outubro de 2010 Mensagem às comunidades


Nós, participantes do XXVII Concílio da IECLB, reunimo-nos nos dias 20 a 24 de outubro de 2010 em Foz do Iguaçu/PR sob a inspiração bíblica “Em tudo dai graças”. Celebramos e partilhamos esta gratidão a Deus em todos os momentos da caminhada de nossa Igreja.

Constatamos neste concílio que a Missão de Deus continua nos apaixonando. Os relatórios do Presidente do Conselho da Igreja, da Presidência e da Secretaria Geral expressam que a reflexão e a prática missionária ocupam um espaço fundamental na afirmação de nossa identidade e unidade luterana, perpassando a vida de nossas comunidades.

Um dos compromissos missionários é compreender que estamos inseridos na sociedade brasileira o que implica adequarmo-nos à legislação do país. Parte das discussões foi dedicada à adequação de nossos documentos legais e normativos. A discussão sobre a subsistência e proteção à saúde de ministros e ministras mostra que somos uma igreja que pensa como um todo, que é cuidadora e responsável pelo futuro das pessoas que se dedicam integralmente ao trabalho na IECLB.

Nas câmaras temáticas e plenárias discutimos solicitações encaminhadas pelos sínodos, planejamos e definimos nossos próximos passos sempre tendo em vista a vida e o anseio de nossas comunidades.

Ao reafirmar nosso compromisso com a Missão, renovamos o desejo de continuar com a campanha Vai e Vem e com a implementação do Planejamento Comunitário do PAMI, conforme decisão conciliar.

Partilhamos como IECLB da gratidão e da expectativa pela comemoração em 2011 dos 50 anos de missão de reconciliação entre e junto com indígenas no Brasil pelo COMIN.

A formação teológica mereceu destaque também no contexto de um clamor crescente por mais vocações ministeriais. Evidenciamos o valor do trabalho com crianças e jovens como espaço privilegiado para o surgimento de novas vocações.

Com o término da gestão de vários cargos eletivos, realizamos, além da eleição em si, a exposição de propostas dos(das) candidatos(as). Este Concilio elegeu para presidente o P. Presidente o pastor Nestor Paulo Friedrich, Pastor(a) 1º Vice-presidente: Carlos Augusto Möller, Pastora 2ª Vice-presidente: Silvia Beatrice Genz e Presidente do Concílio: Nivaldo Kiister. Nosso desejo é que Deus abençoe estas pessoas que se colocam a serviço do Reino de Deus a partir da IECLB.

As celebrações deram um toque especial ao clima de convivência e à espiritualidade de nosso concílio. Destacamos o culto ecumênico e os cultos de abertura e de encerramento em nossas comunidades da cidade de Foz do Iguaçu.

Como último concílio no cargo de presidente, o P. Dr. Walter Altmann fez um balanço de sua trajetória pastoral na IECLB e em órgãos ecumênicos internacionais. Os conciliares expressaram sua gratidão em reconhecimento pela sua dedicação e atuação em diferentes tarefas e funções exercidas. Lembramos também do falecimento de ministros e ministras e de seus familiares no período transcorrido desde o último Concílio, destacando a perda irreparável de nosso P. 1º Vice-presidente Homero Severo Pinto.

O concílio oportunizou também a visita de autoridades eclesiásticas, delegações e representações nacionais e internacionais expressando a renovação de vínculos, projetos e parcerias ecumênicas. Destacamos a visita de representantes da OGA do exterior no contexto das comemorações dos 100 anos desta entidade no Brasil.

Foram apresentados o tema e o lema da IECLB para o próximo ano. O tema “Paz na Criação de Deus – esperança e compromisso” e o lema bíblico “Glória a Deus e paz na terra” (Lc 2.14a) guiarão nossas preocupações na direção da nossa responsabilidade para com a criação de Deus e no testemunho da paz neste mundo.

Nosso desejo é que as decisões deste Concílio contribuam para a construção de uma igreja solidária, para o fortalecimento de sua identidade luterana e para o comprometimento com a missão de Jesus Cristo.

Foz do Iguaçu, 24 de outubro de 2010.

CARTA ABERTA A FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


Meu caro Fernando

Vejo-me na obrigação de responder a carta aberta que você dirigiu ao Lula, em nome de uma velha polêmica que você e o José Serra iniciaram em 1978 contra o Rui Mauro Marini, eu, André Gunder Frank e Vânia Bambirra, rompendo com um esforço teórico comum que iniciamos no Chile na segunda metade dos nos 1960. A discussão agora não é entre os cientistas sociais e sim a partir de uma experiência política que reflete contudo este debate teórico. Esta carta assinada por você como ex-presidente é uma defesa muito frágil teórica e politicamente de sua gestão. Quem a lê não pode compreender porque você saiu do governo com 23% de aprovação enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de aprovação. Já discutimos em várias oportunidades os mitos que se criaram em torno dos chamados êxitos do seu governo. Já no seu governo vários estudiosos discutimos, já no começo do seu governo, o inevitável caminho de seu fracasso junto à maioria da população. Pois as premissas teóricas em que baseava sua ação política eram profundamente equivocadas e contraditórias com os interesses da maioria da população . (Se os leitores têm interesse de conhecer o debate sobre estas bases teóricas lhe recomendo meu livro já esgotado: Teoria da Dependencia: Balanço e Perspectivas, Editora Civilização Brasileira, Rio, 2000) .

Contudo nesta oportunidade me cabe concentrar-me nos mitos criados em torno do seu governo, os quais você repete exaustivamente nesta carta aberta.

O primeiro mito é de que seu governo foi um êxito econômico a partir do fortalecimento do real e que o governo Lula estaria apoiado neste êxito alcançando assim resultados positivos que não quer compartir com você. . . Em primeiro lugar vamos desmitificar a afirmação de que foi o plano real que acabou com a inflação. Os dados mostram que até 1993 a economia mundial vivia uma hiperinflação na qual todas as economias apresentavam inflações superiores a 10%. A partir de 1994, TODAS AS ECONOMIAS DO MUNDO APRESENTARAM UMA QUEDA DA INFLAÇÃO PARA MENOS DE 10%. Claro que em cada pais apareceram os “gênios” locais que se apresentaram como os autores desta queda . Mas isto é falso: tratava-se de um movimento planetário.

No caso brasileiro, a nossa inflação girou, durante todo seu governo, próxima dos 10% mais altos. TIVEMOS NO SEU GOVERNO UMA DAS MAIS ALTAS INFLAÇÕES DO MUNDO. E aqui chegamos no outro mito incrível . Segundo você e seus seguidores (e até setores de oposição ao seu governo que acreditam neste mito) sua política econômica assegurou a transformação do real numa moeda forte. Ora Fernando, sejamos cordatos: chamar uma moeda que começou em 1994 valendo 0,85 centavos por dólar e mantendo um valor falso até 1998, quando o próprio FMI exigia uma desvalorização de pelo menos uns 40% e o seu ministro da economia recusou-se a realizá-la “pelo menos até as eleições”, indicando assim a época em que esta desvalorização viria e quando os capitais estrangeiros deveriam sair do país antes de sua desvalorização. O fato é que quando você flexibilizou o cambio o real se desvalorizou chegando até a 4,00 reais por dólar . E não venha por a culpa da “ameaça petista” pois esta desvalorização ocorreu muito antes da “ameaça Lula”. ORA, UMA MOEDA QUE SE DESVALORIZA 4 VEZES EM 8 ANOS PODE SER CONSIDERADA UMA MOEDA FORTE? Em que manual de economia? Que economista respeitável sustenta esta tese?

Conclusões: O plano real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as inflações no mundo inteiro. A inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante o seu governo. O real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente desvalorizada. De maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto valor que levou à crise brutal de 1999.

Segundo mito; Segundo você, o seu governo foi um exemplo de rigor fiscal. Meu Deus: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de uns 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal? Gostaria de saber que economista poderia sustentar esta tese. Isto é um dos casos mais sérios de irresponsabilidade fiscal em toda a história da humanidade.

E não adianta atribuir este endividamento colossal aos chamados “esqueletos” das dívidas dos estados, como o fez seu ministro de economia burlando a boa fé daqueles que preferiam não enfrentar a triste realidade de seu governo . UM GOVERNO QUE CHEGOU A PAGAR 50% AO ANO DE JUROS POR SEUS TÍTULOS, PARA EM SEGUIDA DEPOSITAR OS INVESTIMENTOS VINDOS DO EXTERIOR EM MOEDA FORTE A JUROS NORMAIS DE 3 A 4%, NÃO PODE FUGIR DO FATO DE QUE CRIOU UMA DÍVIDA COLOSSAL SÓ PARA ATRAIR CAPITAIS DO EXTERIOR PARA COBRIR OS DÉFICITS COMERCIAIS COLOSSAIS GERADOS POR UMA MOEDA SOBREVALORIZADA QUE IMPEDIA A EXPORTAÇÃO, AGRAVADA AINDA MAIS PELOS JUROS ABSURDOS QUE PAGAVA PARA COBRIR O DÉFICIT QUE GERAVA. Este nível de irresponsabilidade cambial se transforma em irresponsabilidade fiscal que o povo brasileiro pagou sob a forma de uma queda da renda de cada brasileiro pobre. Nem falar da brutal concentração de renda que esta política agravou dráticamente neste pais da maior concentração de renda no mundo. VERGONHA FERNANDO. MUITA VERGONHA. Baixa a cabeça e entenda porque nem seus companheiros de partido querem se identifica com o seu governo. . . te obrigando a sair sozinho nesta tarefa insana.

Terceiro mito - Segundo você, o Brasil tinha dificuldade de pagar sua dívida externa por causa da ameaça de um caos econômico que se esperava do governo Lula. Fernando, não brinca com a compreensão das pessoas . Em 1999 o Brasil tinha chegado à drástica situação de ter perdido TODAS AS SUAS DIVISAS. Você teve que pedir ajuda ao seu amigo Clinton que colocou à sua disposição os 20 bilhões de dólares do tesouro dos Estados Unidos e mais uns 25 BILHÕES DE DÓLARES DO FMI, Banco Mundial e BID. Tudo isto sem nenhuma garantia.

Esperava-se aumentar as exportações do pais para gerar divisas para pagar esta dívida . O fracasso do setor exportador brasileiro mesmo com a espetacular desvalorização do real não permitiu juntar nenhum recurso em dólar para pagar a dívida. Não tem nada a ver com a ameaça de Lula. A ameaça de Lula existiu exatamente em conseqüência deste fracasso colossal de sua política macro-econômica. Sua política externa submissa aos interesses norte-americanos, apesar de algumas declarações críticas, ligava nossas exportações a uma economia decadente e um mercado já coptado. A recusa dos seus neoliberais de promover uma política industrial na qual o Estado apoiava e orientava nossas exportações. A loucura do endividamento interno colossal. A impossibilidade de realizar inversões públicas apesar dos enormes recursos obtidos com a venda de uns 100 bilhões de dólares de empresas brasileiras. Os juros mais altos do mundo que inviabilizava e ainda inviabiliza a competitividade de qualquer empresa. Enfim, UM FRACASSO ECONOMICO ROTUNDO que se traduzia nos mais altos índices de risco do mundo, mesmo tratando-se de avaliadoras amigas. Uma dívida sem dinheiro para pagar. . . Fernando, o Lula não era ameaça de caos. Você era o caos. E o povo brasileiro correu tranquilamente o risco de eleger um torneiro mecânico e um partido de agitadores, segundo a avaliação de vocês, do que continuar a aventura econômica que você e seu partido criou para este pais.

Gostaria de destacar a qualidade do seu governo em algum campo mas não posso faze-lo nem no campo cultural para o qual foi chamado o nosso querido Francisco Weffort (neste então secretário geral do PT) e não criou um só museu, uma só campanha significativa. Que vergonha foi a comemoração dos 500 anos da “descoberta do Brasil”. E no plano educacional onde você não criou uma só universidade e entrou em choque com a maioria dos professores universitários sucateados em seus salários e em seu prestígio profissional. Não Fernando, não posso reconhecer nada que não pudesse ser feito por um medíocre presidente.

Lamento muito o destino do Serra. Se ele não ganhar esta eleição vai ficar sem mandato, mas esta é a política. Vocês vão ter que revisar profundamente esta tentativa de encerrar a Era Vargas com a qual se identifica tão fortemente nosso povo. E terão que pensar que o capitalismo dependente que São Paulo construiu não é o que o povo brasileiro quer. E por mais que vocês tenham alcançado o domínio da imprensa brasileira, devido suas alianças internacionais e nacionais, está claro que isto não poderia assegurar ao PSDB um governo querido pelo nosso povo. Vocês vão ficar na nossa história com um episódio de reação contra o verdadeiro progresso que Dilma nos promete aprofundar. Ela nos disse que a luta contra a desigualdade é o verdadeiro fundamento de uma política progressista. E dessa política vocês estão fora.

Apesar de tudo isto, me dá pena colocar em choque tão radical uma velha amizade. Apesar deste caminho tão equivocado, eu ainda gosto de vocês (e tenho a melhor recordação de Ruth) mas quero vocês longe do poder no Brasil. Como a grande maioria do povo brasileiro. Poderemos bater um papo inocente em algum congresso internacional se é que vocês algum dia voltarão a freqüentar este mundo dos intelectuais afastados das lides do poder.

Com a melhor disposição possível mas com amor à verdade, me despeço

Theotonio Dos Santos

thdossantos@terra.com.br/theotoniodossantos.blogspot.com/

Theotonio Dos Santos é Professor Emérito da Universidade Federal Fluminense, Presidente da Cátedra da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre economia global e desenvolvimentos sustentável . Professor visitante nacional sênior da Universidade Federal do Rio de Janeiro .

Sunday, October 24, 2010

"Wikileaks" revela encobrimento de tortura a civis no Iraque

2010-10-22


"Wikileaks" revela encobrimento de tortura a civis no Iraque

O site "Wikileaks" revelou, através de diversos órgãos de informação como o "New York Times", o "Guardian", ou a "Al-Jazeera", cerca de 400 mil relatórios militares secretos relativos à condução americana da guerra do Iraque.

Os documentos do WikiLeaks revelam que o exército norte-americano "ocultou casos de tortura de civis nas prisões iraquianas" e que existirão relatórios norte-americanos que implicam o primeiro ministro iraquiano em funções, Nuri al Maliki, na formação de "equipas encarregadas de realizar torturas e matanças".

"Apesar de um dos objectivos da guerra do Iraque foi o encerrar dos centros de tortura de Saddam Hussein. Os documentos do Wikileaks mostram numerosos casos de tortura e abuso de prisioneiros iraquianos por polícias e soldados iraquianos. Mais, revelam que os EUA estavam ao corrente da tortura autorizada pelo Estado [iraquiano] mas ordenou às tropas para não intervir."

Os ficheiros compreendem um período entre Janeiro de 2004 a 31 de Dezembro de 2009.

A informação publicada pelo "Wikileaks" assegura também que "o número de mortos civis é muito maior ao que se estipula oficialmente".

Segundo os documentos revelados, desde a invasão americana do Iraque, em Março de 2003 até ao final de 2009, morreram 109 mil iraquianos, 63% dos quais são civis.

Um balanço norte-americano, publicado no fim de julho no site do Comando Central do Exército (Centcom), indica que entre janeiro de 2004 e agosto de 2008, o período mais sangrento em sete anos de guerra, foram mortos cerca de 77 mil iraquianos, dos quais 63 185 civis e 13 754 membros das forças de segurança.

Foram ainda revelados novos casos de tiroteios contra civis americanos em que está envolvida a Blackwater, a empresa privada de segurança Blackwater.

Os documentos estão acessíveis no endereço http://warlogs.wikileaks.org/.

Pentágono pediu a não revelação dos relatórios

O Pentágono, que divulgou há cerca de uma semana ter mobilizado 120 pessoas para avaliar as possíveis consequências da divulgação destes documentos, pediu segunda-feira aos meios de comunicação social para não fazerem eco dos documentos que venham a ser divulgados pelo site.

O site Wikileaks, lançado em 2006, tornou-se conhecido do grande público, quando difundiu em finais de Julho 77 mil documentos secretos e pormenorizados sobre a guerra no Afeganistão, provocando a fúria do Pentágono.

Saturday, October 23, 2010

E-Mails Falsos contra Dilma

E-mail enviado pelo Amigo Augusto Klotz sobre e-mails falsos contra Dilma. Considerei importante repassar.

Prezado(a) amigo(a): Nestes últimos dias recebi vários e-mails falsos ou fantasiosos ou na maioria mentirosos contra a candidata Dilma Rousseff. Alguns me dei ao trabalho de responder, outros li e deletei, alguns ainda tenho arquivados. Sinceramente não lembro se você me enviou algum, até porque a maioria de meus amigos não os enviou... alguns até devem ter enviado porque na hora ainda acreditavam que era verdade. Mas caso você tenha interesse em saber mais sobre isso, siga lendo. Para aqueles que gostam dessa prática, só tenho a lamentar. Se você não gosta e tem interesse pela verdade, aqui vai uma lista de 13 deles. Clica aí:

http://arnobiorocha.wordpress.com/2010/10/05/todos-os-emails-falsos-sobre-dilma-rousseff/

Aqui já temos uma lista mais extensa, são 42 baixarias:

http://www.sejaditaverdade.net/blog2/?p=2091

Bom, provavelmente essa lista não é exaustiva ou definitiva. Mas apesar do baixo nível dessa gente, da infâmia sórdida desses que se escondem no anonimato, as notícias são boas. Quanto mais Dilma apanha mais cresce nas pesquisas!

Faça uma pesquisa no Google. Comece escrevendo assim: e-mails fals... e veja o resultado: só aparecem e-mails falsos contra Dilma. Continue escrevendo: e-mails falsos contra Serra e se você encontrar alguma coisa me comunique tá?

Se você vota no Serra, meus parabéns também. Um governo deve ter oposição e alguém disse que toda a unanimidade é burra!

Boa eleição!

Friday, October 22, 2010

Dilma, Serra, EUA, CIA e Joana d’Arc

Muita informação e desinformação tem surgido acerca das eleições do Brasil e dos candidatos. Estas eleições não dizem respeito directamente, mas à nível de agenda global, e sabendo do que se passa nos bastidores destas eleições, creio que dizem respeito a todos. Este foi um dos artigos mais completos que relata como as coisas realmente aparentam funcionar. Segue o artigo encontrado no blogInformação Incorreta:

Falta pouco para as eleições no Brasil: será o rush final entre Dilma e Serra.

Desafio complicado, pois em causa não estão só os próximo 4 anos mas muito mais.
Os dois candidatos personificam duas visões diametralmente opostas que podem mudar o rumo da política interna e externa do Brasil; a importância da escolha ultrapassa os confins carioca e abrangem o futuro geopolítico do inteiro continente sul-americano.

Eleições no Brasil: EUA operações encobertas
dos Estados Unidos em prol da “Democracia”

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A administração de G.Bush rotulou como “imaturos” os Estados da América Latina e cada País que tenha mostrado sinais de resistência em defesa dos interesses nacionais face a pressão dos Estado Unidos.

O Brasil nunca permitiu ser posto em causa o próprio direito à soberania e uma posição independente na política internacional durante os oito anos da presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, e esperava-se que Bush ficasse sem paciência e a Administração tentasse controlar o presidente brasileiro.

No entanto, não aconteceu nada disso, porque claramente os Estados Unidos sentiram demasiada pressão com os problemas da Venezuela,o que não permitia para ficar preso com outro conflito na América Latina.

Ao falar com alguns diplomatas e agentes de intelligence da embaixada dos EUA no Brasil, em Março de 2010, a Secretário de Estado Hilary Clinton disse:

Na Administração Obama estamos a tentar aprofundar e alargar as nossas relações com um certo número de Países estratégicos, e o Brasil encabeça a lista. É um País que realmente importa. E é um País que está seriamente tentando de realizar a promessa com o povo para um futuro melhor. E assim, juntos, os Estados Unidos e o Brasil devem abrir a estrada pelo povo deste hemisfério.

É interessante notar que Hillary Clinton reconheceu ao Brasil o direito de mostrar o caminho para outras nações, mesmo ao lado de Washington. Para esta, o caminho a seguir é remover todas as iniciativas de carácter socialista no continente, a abstenção de projectos de integração regional não sujeitos à protecção dos Estados Unidos, opor-se aos esforços dos populistas que visam a formação de um bloco latino-americano de defesa, e impedir a escalada chinesa da economia.

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Os Estados Unidos nomearam o ex-chefe de Assuntos do hemisfério ocidental do Departamento de Estado, de grande peso político e reputação de agressividade diplomática, Thomas A. Shannon qual novo embaixador no Brasil, na noite das eleições no País.

Shannon tem persistentemente tentado persuadir o presidente do Brasil para alinhar o País com os Estados Unidos, e adoptar uma política menos independente a nível intrernacional. Washington ofereceu ao Brasil grandes benefícios, tais como uma maior cooperação para produzir combustíveis renováveis, permitiu-lhe estabelecer uma divisão da Boeing no País, e assinou vários acordos com as indústrias de defesa brasileiro, incluído a comissão de 200 aeronaves Toucan para a Força Aérea U. S.

O presidente Lula não rendeu-se e teimosamente manteve a aliança com H. Chavez e J. Morales, foi em Teheran e Havan, condanou o golpe em Honduras, chegando até a prometer o desenvolvimento do sector nacional para a energia nuclear. Propôs Dilma Rousseff, a candidata que deveria seguir uma linha semelhante e independente, como seu sucessor. Facto alarmante para Washington, Dilma Rousseff foi próxima do Partido Comunista e foi membro da Vanguarda Armada Revolucionária, com o pseudónimo de Joana D’Arc, nos década de ‘70; foi traída por um agente do governo, presa e torturada com os métodos da CIA , e teve que passar três anos em prisão.

Por isso, mesmo depois de décadas, Dilma Rousseff não é a pessoa que podemos esperar qual grande defensor dos Estados Unidos. A campanha de Dilma Rousseff gradualmente pegou e as sondagens começaram a coloca-la na frente do candidato da direita, José Serra.

Os jornalistas pró-EUA e os agentes da CIA têm investigado a sua disponibilidade para concluir um acordo secreto com Washington e, como seria de esperar, descobriram que o plano não tinha nenhuma chance, pois Rousseff jurou fidelidade à linha do presidente Lula.

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A reacção da CIA foi a tentativa de desacreditar a Rousseff, e os meios de comunicação imediatamente realçaram o mito do seu extremismo. “Encontraram” informadores da polícia que actuaram como testemunhas do seu envolvimento em assaltos a bancos com a intenção de recolher dinheiro para apoiar o terrorismo no Brasil. Os media conservadores têm desencadeado uma guerra de pesquisas, e em coro apresentaram o pró-EUA, José Serra, como titular indiscutível do primeiro lugar, e Dilma Rousseff como uma rival puramente nominal. No entanto, a situação acabou com o estabilizar-se e Dilma Rousseff emergiu como líder da campanha, graças ao apoio pessoal do presidente Da Silva.

Na pontuação da Rousseff faltou um 3-4% para poder declarar-se vencedora no primeiro turno das eleições. O resultado da corrida vai depender, em grande parte, pelos defensores de Marina Silva Vaz, do Partido dos Verdes, o terceiro nas eleições com 19% dos votos. A luta para conquistar os adeptos dos Verdes está ao rubro, e a equipa de Shannon, que trabalha nas sombras, sem dúvida tentará fazer o seu melhor para negociar uma aliança entre Serra e Silva.

A equipa da Rousseff deixou por trás o inicial e inoportuno triunfalismo, porque a corrida promete ser difícil e os adversários são implicitamente apoiados por um império de recursos ricos e poderosos, que, como é sabido, já levou à vitoria candidatos sem qualquer esperança. Os media brasileiros, a empresa mediática O Globo, a editora Abril, os principais jornais, como o Foha de São Paulo e a revista Veja, estão envolvidos na lavagem cerebral do eleitorado.

A equipa de Shannon está a enfrentar a missão para ajudar as “forças frescass”, as com menor probabilidade de recusar um acordo com Washington para ter o poder no Brasil. Nesta óptica, o candidato ideal é o Partido dos Verdes, em que a CIA já há muito ganhou posições importantes, dado que os Estados Unidos sempre estiveram interessados nos problemas ecológicos da bacia amazônica.

Nesta altura a CIA está a cortejar os líderes e os activistas dos Verdes, e, ao mesmo tempo, a exigir posições no próximo governo para os gerente da campanha de Serra. Por outro lado, Dilma Rousseff também tem o potencial para atrair os apoiantes dos Verdes, uma vez que foi membro do governo do presidente Lula até 2008.

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A CIA emprega ex-policias brasileiros, demitidos por razões várias, para tarefas de vigilância, invadir casas, roubar dados infromaticos e chantagem. Na maioria dos casos, essas são pessoas com tendências de extrema-direita, que vêem Serra como o candidato deles.

No interior dos ministérios, a intelligence e do complexo militar-industrial do Brasil, há importantes infiltrações de agentes dos EUA. Entre os funcionários da embaixada e do consulado dos Estados Unidos no Brasil é possível encontrar cerca de 40 agentes da CIA, DEA, FBI e da intelligence do Exército, e Washington tem planos para abrir 10 novos consulados nas principais cidades, como Manaus na Amazônia brasileira.

Enquanto o Departamento de Estado está a reduzir o tamanho da missão diplomática dos EUA no mundo, na tentativa de cortar os gastos do orçamento, a Brasil é uma exceção à regra. O País tem potencial para estabelecer-se como uma contrapartida para a geopolítica dos EUA no hemisfério ocidental durante os próximos 15-20 anos, e a administração dos EUA, sob os republicanos assim como sob os democratas, tem a preocupação de evitar que possa ficar com esse papel.

Fonte: Global Research

A mídia comercial em guerra contra Lula e Dilma


Leonardo Boff

Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso”pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o “Brasil Nunca Mais” onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.

Esta história de vida, me avaliza para fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de idéias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.

Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando vêem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos do Estado de São Paulo, da Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico, assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem deste povo. Mais que informar e fornecer material para a discussão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.

Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido à mais alta autoridade do pais, ao Presidente Lula. Nele vêem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.

Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.

Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma) “a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e nãocontemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo, Jeca Tatu, negou seus direitos, arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que contiua achando que lhe pertence (p.16)”.

Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles tem pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascendente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidente de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável.

Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados de onde vem Lula e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coroneis e de “fazedores de cabeça” do povo. Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa midia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palabra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.

O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.

Outro conceito inovador foi o desenvolvimento com inclusão soicial e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituidas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.

O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, o fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela VEJA faz questão de não ver, protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.

O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e no fundo, retrógrado e velhista ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes.

Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das má vontade deste setor endurecido da midia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construido com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.

(*) Teólogo, filósofo, escritor e representante da Iniciativa Internacional da Carta da Terra.