Sunday, May 04, 2014

Convite para a participação na Santa Ceia - Sinal dos Tempos.

O documento em anexo, parecer da Comissão de Teologia e Relações Eclesiásticas, CTRE, foi aprovado na Convenção da IELB, que se encerra amanhã.Tinha mais de 1200 votantes e foi aprovada por ampla margem. Com isto deve terminar , nas poucas comunidades que ainda a praticavam, a exclusividade de membros da IELB na S;Ceia. Na minha opinião, esta medida já deveria ter sido tomada a muito tempo. O foco do proximo amplo debate deve ser o ministério feminino.


Convite para a participação na Santa Ceia

1.    Fundamentos
a.        A Santa Ceia é instituição do Senhor Jesus Cristo,[1] portanto é Ceia “do Senhor” e não de alguma igreja ou denominação, em particular, nem mesmo da Igreja Luterana. É claro, por outro lado, que, embora sendo "do Senhor", a Ceia foi entregue à Igreja para ser administrada ou alcançada a todos aqueles a quem ela foi destinada.[2] Assim, a Ceia "é o verdadeiro corpo e sangue de Cristo SENHOR, em e sob o pão e vinho, que a palavra de Cristo ordena a nós cristãos comer e beber," (Catecismo Maior, 4ª parte: Do Sacramento do Altar, 8; ênfase acrescentada), isto é, a seus seguidores, as ovelhas que ouvem a sua voz,[3] que, havendo-se examinado (1Co 11.28), dela participam para receber a remissão de seus pecados, vida e salvação.[4]
b.        Desde os primeiros anos da história da Igreja cristã, desenvolveu-se o zelo pastoral no sentido de que a Ceia fosse celebrada condignamente e fosse recebida por aqueles a quem se destina e não por pessoas declaradamente não-cristãs ou hereges manifestos. Com o surgimento do denominacionalismo, há denominações que têm adotado a prática de restringir a participação na Ceia do Senhor apenas aos membros constantes no seu rol de membros. Isso passou a se denominar de "comunhão fechada". No entanto, sendo a Santa Ceia instituição do Senhor Jesus Cristo, Paulo, em conformidade com isso, em 1Coríntios 10.21 se refere a ela como "mesa do Senhor" e, em 1Coríntios 11.28, atribui a cada cristão o ônus de se examinar "a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice". Assim, a CTRE entende que a expressão "comunhão fechada" até pode ser usada, mas no sentido bíblico de que, sim, a comunhão é "fechada" a cristãos, e somente a cristãos. Em linha com isto, no Catecismo Menor, Lutero, explicando as palavras "Dado em favor de vós" e "derramado para remissão dos pecados", diz (VI 8; ênfase acrescentada): "E o que crê nessas palavras tem o que elas dizem e expressam, a saber, 'remissão dos pecados'." Conclui-se, pois, que isto, obviamente, ocorre, independente da denominação cristã a que externa ou visivelmente essa pessoa "que crê nessas palavras" esteja vinculada.[5]
c.         Por outro lado, a partir de 1Coríntios 11.27, se há feito referência ao perigo de participar da Ceia "indignamente" e, assim, se há restrito o acesso à Ceia do Senhor, ou, até, intimidado pessoas a buscar a Ceia, em sua fraqueza. Lutero, porém, esclarece isso de forma contundente, no Catecismo Maior (4ª parte: Do Sacramento do Altar, 58-59, 61-62): "Consequentemente, deve distinguir-se aqui entre as pessoas. Aos insolentes e asselvajados cumpre dizer que se abstenham do sacramento, pois não estão preparados para receber a remissão dos pecados, já que não a desejam e não gostam de ser justos. Os outros, entretanto, que não são pessoas rudes e dissolutas assim e gostariam de ser justas, não devem afastar-se do sacramento, muito embora de resto sejam débeis e frágeis.... Por isso deve essa gente aprender que a máxima sabedoria é saber que nosso sacramento não se fundamenta em nossa dignidade, pois não nos batizamos como tais que sejam dignos e santos; nem nos confessamos como se fôssemos puros e sem pecado; mas, ao contrário, como pobres e míseros homens, e precisamente por sermos indignos. A menos que se trate de alguém que não deseja graça e absolvição e não tem a intenção de corrigir-se. Aquele, porém, que gostaria de alcançar graça e consolo, deve impelir a si mesmo e a ninguém permitir que o intimide."[6] E Lutero ainda acrescenta: "Ademais, deveria impelir-te, por causa de ti mesmo, a tua própria necessidade, que te pesa na cerviz e constitui a razão desse mandar, atrair e prometer. Pois o próprio Cristo diz: 'Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes', quer dizer, os que estão cansados e sobrecarregados com o pecado, o medo da morte e as tentações da carne e do diabo. Por conseguinte, se estás sobrecarregado e sentes a tua fragilidade, então vai alegremente ao sacramento e recebe refrigério, consolo e vigor. Porque se queres esperar até que estejas livre de tais coisas, a fim de chegares puro e digno ao sacramento, então terás de abster-te para sempre" (Ibid., 71-73).[7]  Pois, ao contrário da visão distorcida da dignidade, Lutero, no Catecismo Menor, de modo muito simples descreve quem é realmente digno: "Mas verdadeiramente digno e bem preparado é aquele que tem fé nesta palavra: 'Dado em favor de vós' e 'derramado para remissão dos pecados' " ("VI Sacramento do Altar", 10).
d.        Na Ceia, pois, o Senhor Jesus oferece e dá o seu próprio corpo e o seu próprio sangue[8] para perdão dos pecados, para o fortalecimento da fé e a certeza da vida eterna[9]; isso ele oferece e dá a todos os cristãos, que, arrependidos de seus pecados, anseiam pelo perdão e buscam fortalecer-se em sua luta contra o pecado, a morte e o diabo.[10] Portanto, a Ceia do Senhor destina-se a cristãos batizados que, sabendo examinar-se, reconhecem serem pecadores miseráveis, incapazes de se apresentarem diante de Deus sem o perdão que é oferecido de modo especial através da Ceia, e, assim, apresentam-se à Mesa do Senhor, para, na comunhão do verdadeiro corpo e do verdadeiro sangue de Cristo, serem perdoados e fortalecidos em sua fé.
e.        De modo que, na Ceia do Senhor, cada cristão, ao tomar e comer, em, com e sob[11] o pão, o corpo de Cristo, e, ao tomar e beber, em, com e sob o vinho, o sangue de Cristo, experimenta e usufrui, por um lado, a mais íntima comunhão possível com Cristo, neste mundo; e, por outro lado, experimenta e usufrui também a comunhão mais íntima possível com os irmãos comungantes, visto que todos comem e bebem do mesmo corpo e sangue de Cristo, o cabeça da Igreja.
2.    Convite Oral: Partindo destes fundamentos, sugere-se que, no culto com Santa Ceia, siga-se o seguinte procedimento:
a.        Antes de tudo, é o pastor, conforme lemos na Confissão de Augsburgo, quem exerce, em nome da igreja, "o poder das chaves ...(que) é o poder e ordem de Deus de pregar o evangelho, remitir e reter pecados e administrar e distribuir os sacramentos".[12] Isto ressalta a importância do cuidado pastoral também em relação à administração da Ceia do Senhor.
b.        Em segundo lugar, nos cultos com Santa Ceia, que, felizmente, são cada vez mais frequentes ou até dominicais, é importante, ao realizar o ato litúrgico da "Confissão e Absolvição", o pastor relacione este ato de rendição à graça perdoadora de Deus à busca da Santa Ceia.[13] A Confissão de Augsburgo acertadamente diz: "Pois conserva-se entre nós o costume de não dar o sacramento àqueles que não foram previamente examinados e absolvidos" ("Artigo XXV: Da Confissão", 1).[14]
c.         Em terceiro lugar, é importante que, também na pregação, o pastor, ao anunciar o evangelho, inclua referência à Ceia a ser celebrada a seguir e aos benefícios que o cristão dela obtém com sua participação.[15] Na verdade, como diz Lutero, faça-se "exortação e animação no sentido de que não se deixe passar em vão esse grande tesouro" (Catecismo Maior, 4ª parte: Do Sacramento do Altar, 39.)
d.        Finalmente, segue o ato litúrgico da instituição da Ceia, após o qual, o pastor, sempre lembrado de sua responsabilidade de "cura d'almas", dirige a todos os cristãos presentes no culto o convite para participarem da Ceia do Senhor, mais ou menos nestas palavras:
(1)   Conforme nos ensina a Palavra de Deus, a Mesa do Senhor está agora preparada com os alimentos mais preciosos da parte de Deus, a saber, o próprio corpo e sangue do Senhor Jesus Cristo, oferecidos e distribuídos juntamente com o pão e o vinho; e ele mesmo, o Senhor Jesus, nos convida a recebê-los.
(2)   Portanto,
a.      se você, que é cristão batizado e aqui confessou a verdadeira fé cristã, nas palavras do Credo Apostólico (ou, Niceno);
b.      se você, conforme teve oportunidade também de confessar, está arrependido dos seus pecados e sente-se como quem precisa de ajuda em sua luta contra o pecado, contra o temor da morte e as forças do inferno;
c.       se você crê que o corpo de Cristo, oferecido e distribuído no pão, "foi dado em favor de você", e que o sangue de Cristo, oferecido e distribuído no vinho, "foi derramado para remissão dos seus pecados"; e,
d.      se você quer, com a ajuda de Deus e este alimento celestial, obter perdão, força, consolo e crescer na comunhão íntima e profunda com o Salvador Jesus, e, assim, melhorar a sua vida;
e.      venha à "mesa do Senhor" (1Co 10.21); venha e receba aqui, na comunhão do verdadeiro corpo e sangue de Jesus, o perdão dos pecados, o fortalecimento da fé e da esperança e da comunhão no Salvador Jesus Cristo.
(3)   No entanto, se alguém de vocês tiver alguma dúvida ou sentir alguma inquietação para vir à Ceia, procure o pastor após o culto ou durante a semana, para buscar esclarecimento maior e, então, jamais deixar de participar desta Ceia confortadora de Jesus.
3.    Convite Escrito (no boletim ou programa do culto): Há igrejas que distribuem todos os domingos, no início do culto, um boletim informativo ou um programa do culto. Sugere-se, portanto, que, neste boletim ou programa, o pastor, em seu cuidado pastoral, utilize também este meio para ajudar os participantes na compreensão dos benefícios da Ceia do Senhor e, assim, costumeiramente coloque o seguinte:
Santa Ceia: Em nosso culto, hoje, haverá a celebração da Santa Ceia. Como cristãos luteranos, cremos, conforme as Escrituras Sagradas o expressam, que na Santa Ceia o verdadeiro corpo e o verdadeiro sangue do Senhor Jesus Cristo são distribuídos e recebidos no pão e no vinho, para o perdão de todos os nossos pecados e para o fortalecimento de nossa fé. Se você é cristão batizado, foi instruído sobre o que é a Ceia e os seus benefícios, e que confessa os seus pecados a Deus e deseja viver uma nova vida em Cristo, você é convidado a celebrar a Ceia do Senhor conosco. Eis algumas perguntas que podem ajudar você na preparação para a participação proveitosa na Ceia do Senhor:
a.      Estou convencido de ser um pecador e me sinto mal por causa dos meus pecados e arrependido por tê-los cometido?
b.      Creio eu que o corpo e o sangue de Cristo são oferecidos e distribuídos na Ceia, para perdão dos meus pecados, para fortalecimento da minha fé e comunhão mais íntima e profunda com o próprio Cristo?
c.       Pretendo, realmente, com a ajuda de Deus e deste alimento celestial, melhorar a minha vida?
Se a sua resposta for “sim”, seja bem-vindo à Ceia do Senhor e receba perdão, vida e salvação! Se, porém, houver alguma dúvida ou falta de clareza a respeito da Ceia do Senhor, não hesite de procurar o pastor, seja após o culto, em outro dia, ou por telefone, e-mail, etc. Importante mesmo é buscar o quanto antes a Ceia do Senhor, pois nela, de modo único, se aprofundará a nossa comunhão com o Salvador Jesus Cristo.

Comissão de Teologia e Relações Eclesiais
Documento de Estudo - 2013



[1] Os textos bíblicos que relatam a instituição da Santa Ceia são os seguintes: Mateus 26.26-28; Marcos 14.22-24; Lucas 22.19-20; e 1Coríntios 11.23-25.
[2] Já houve vários momentos em que a CTRE se pronunciou sobre um ou mais aspectos da Santa Ceia, como, por exemplo, em "Pessoas leigas na celebração (consagração e distribuição) da Santa Ceia" (Parecer 01/2003). No caso específico do presente documento, uma carta conjunta dos presidentes da IELB e IECLB, foi produzida e enviada em junho de 1999, sobre "Acolhimento Mútuo", dando algumas recomendações. Consulta a estes documentos poderá ajudar na compreensão de um assunto tão sensível.
[3] É assim que Lutero se refere à Igreja Cristã (Artigos de Esmalcalde, XII 1-2): "Pois, graças a Deus, uma criança de sete anos sabe o que é a igreja, a saber, os santos crentes e 'os cordeirinhos que ouvem a voz de seu pastor' (Jo 10.3)."
[4] No Catecismo Menor, Lutero descreve assim o proveito que nos traz a Ceia do Senhor (VI 6): "Isto nos indicam as palavras: 'Dado em favor de vós' e 'derramado para remissão dos pecados', a saber, que por essas palavras nos são dadas no sacramento remissão dos pecados, vida e salvação. Pois onde há remissão dos pecados, há também vida e salvação."
[5] No Catecismo Maior, Lutero, falando sobre "qual a pessoa que recebe esse poder e proveito", diz assim (4ª parte: Do Sacramento do Altar, 33-34): "É, em palavras bem sumárias, conforme ficou dito acima, no batismo, e em muitos outros lugares, aquele que crê conforme rezam as palavras e o que trazem. Pois não são ditas ou proclamadas a pedras e paus, mas àqueles que as ouvem. A esses diz: 'Tomai e comei', etc. E como oferece e promete perdão dos pecados, não pode ser recebido de outra maneira senão pela fé." A eclesiologia luterana é precisamente esta: é a mais ecumênica de todas, pois não dizemos que só luteranos são igreja, nem repetimos batismo e até reconhecemos que, mesmo sob uma espécie, a ceia não deixa de ser ceia, por mais que seja incompleta.
[6] Ver também Mateus 11.28: "Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei." Este versículo é citado por Lutero, no Catecismo Maior, seguido do seguinte: "De forma nenhuma se há de considerar o sacramento como se fosse coisa prejudicial, da qual cumprisse fugir, mas como medicina inteiramente salutar e consoladora, que te ajuda e te dá a vida, tanto na alma quanto no corpo. Porque onde está restaurada a alma, aí também está auxiliado o corpo. Por que então essa nossa atitude como se se tratasse de veneno em que a gente comesse a morte para si mesmo?" E, pouco mais adiante: "Aqueles, porém, que sentem sua fraqueza, e dela gostariam de ver-se livres, e desejam auxílio, cumpre-lhes que considerem e utilizem o sacramento unicamente como precioso antídoto contra o veneno que têm consigo. Pois aqui deves receber, no sacramento, perdão dos pecados da boca de Cristo, perdão que encerra em si e traz consigo a graça e o Espírito de Deus, juntamente com todos os seus dons, proteção, defesa e poder contra a morte e o diabo e toda desgraça" (4ª parte: Do Sacramento do Altar, 68 e 70).
[7] Quanto aos realmente "indignos", a Fórmula de Concórdia esclarece (Epítome VII, 18): "Cremos, ensinamos e confessamos também que existe apenas uma espécie de convivas indignos, a saber, os que não creem. A respeito deles está escrito: 'O que não crê já está julgado.' Por uso indigno do santo sacramento esse juízo cresce, torna-se maior e é agravado. 1Co 11.(27,29)."
[8] Como diz a Confissão de Augsburgo (X 1): "Da ceia do Senhor se ensina que o verdadeiro corpo e o verdadeiro sangue de Cristo estão verdadeiramente presentes na ceia sob a espécie do pão e do vinho e são nela distribuídos e recebidos." (cf. Apologia da Confissão, X)
[9] Na Confissão de Augsburgo (XXIV:30), temos: "o santo sacramento foi instituído ... a fim de que por ele se nos desperte a fé e se consolem as consciências, as quais pelo sacramento percebem que Cristo lhes promete a graça e a remissão dos pecados."
[10] No Catecismo Maior, Lutero descreve o quanto o cristão precisa deste fortalecimento, em vista dos ataques do pecado, do mundo e do diabo (4ª parte: Do Sacramento do Altar, 23-27): "Conseguintemente, é com razão que se chama alimento da alma, que nutre e fortalece o novo homem. Pelo batismo primeiramente nascemos de novo. Todavia, como ficou dito, permanece no homem, não obstante, a velha pele, em forma de carne e sangue. São tantas as obstaculizações e acometidas do diabo e do mundo, que muita vez ficamos cansados e débeis, e vez que outra também claudicamos. Por isso o sacramento nos é dado para diária pastagem e alimentação, para que a fé se restaure e fortaleça, a fim de que nessa peleja não sofra revés, porém se faça incessantemente mais vigorosa. Pois que a vida nova será de constituição tal, que cresça e progrida sem solução de continuidade. Terá de sofrer, entretanto, muita oposição. Pois o diabo é inimigo assim furioso: quando vê que lhe resistimos e atacamos o velho homem, e que ele não nos pode surpreender à força, então por todos os lados anda à solapa e rodeia, experimenta todas as artimanhas, e não desiste até cansar-nos afinal, de modo que ou renunciamos a fé ou desanimamos e nos tornamos apáticos ou impacientes. É para isso que é dado o consolo, a fim de que o coração busque aqui nova força e refrigério, quando sente que a coisa se lhe vai tornando demasiadamente pesada."
[11] As Confissões Luteranas usam, às vezes, uma destas preposições, outras vezes, duas. Werner Elert, referindo-se a esta variação no uso das preposições, conclui que isso "prova que elas não têm a tarefa de dar uma definição precisa. Segundo o autor, parafraseiam o simples fato de que pão e vinho continuam pão e vinho, sendo, porém, no ato sacramental, portadores da presença, do oferecimento e da recepção do corpo e sangue de Cristo" (nota 44 de Arnaldo Schüler, sob "Artigo X: Da Santa Ceia", da Confissão de Augsburgo, traduzida do alemão).
[12] Confissão de Augsburgo, Artigo XXVIII, 5.
[13] Em dias especiais, quando a Ceia, por exemplo, for objeto também da pregação, o pastor até poderia, embora isso não seja de acordo com a ordem tradicional, deslocar a Confissão e Absolvição para depois do sermão. Em favor disso, pode-se argumentar da seguinte forma: (1) Poucas congregações têm, inserido em seu culto, uma alocução confessional, no início do culto, antes da confissão e absolvição, em dias da celebração da Ceia, como se fazia em outros tempos. (2) Sem tal alocução, mas com um sermão focado na Ceia, o deslocamento da confissão e absolvição para depois da pregação poderia ser muito benéfico. (3) Além do mais, por várias razões, boa porção de comungantes, infelizmente, chega atrasada e não participa da confissão e absolvição, no início do culto; de modo que o seu deslocamento eventual para depois da pregação compensaria isto também.
[14] A Apologia da Confissão ("Artigo XXIV: Da Missa") também enfatiza isto, ao dizer: "Pois entre nós realizam-se missas todos os domingos e em outros dias de festa, nos quais o sacramento é administrado aos que querem fazer uso dele, depois de terem sido examinados e absolvidos."
[15] Lutero, por exemplo, no Catecismo Maior (4ª parte: Do Sacramento do Altar, 31-32), enfatiza este ponto.