Thursday, August 16, 2012

Praticando Esportes em T.O


Texto de Cláudia Lina Farias

Hoje em dia fala-se muito em prática de esportes e fim do sedentarismo, o que eu acho muito bom. Não que eu concorde com a ditadura estética imposta pela mídia de gente magra com a aparência de anoréxicas, ou de rapazes com os bíceps de rinoceronte.  Eu defendo uma vida saudável, de pessoas normais, sem se escravizar a nenhum padrão.

Sendo assim sigo uma rotina quase diária de exercícios o  que me garante  uma saúde razoável. Porém como já comentei anteriormente, o trânsito aqui, é um capitulo a parte, a disputa por espaço chega as vias da loucura. São apenas duas avenidas que cortam o centro da cidade, dando acesso as ruas vicinais, uma que entra no centro cidade e outra que sai.

 Para ter uma ideia, ontem presenciei uma colisão, acreditem, de um carrinho de uma catadora de papelão contra um ônibus coletivo. Isso mesmo vocês não entenderam mal, foi o carrinho que bateu no ônibus,  que por sua vez estava parado na sinaleira. Aí foi aquele caos, rua trancada, gente buzinando, motos costurando entre carros. Me senti como uma moradora da Índia, só faltaram as vacas e os elefantes.
Sendo assim, cheguei a conclusão que para praticar esportes ao ar livre, aqui são necessárias quatro  coisas: Acordar cedo, ter Determinação, Coragem e Sorte(para não ser atropelada)

Aqui no no nordeste de Minas o dia começa a clarear por volta das 6 h, e tem muito poucas pessoas na rua, então por volta das 6:30(após fazer o sinal da cruz) saio com a minha bicicleta, aquela mesma que ganhei a mais de 15 anos, e faço meu trajeto de 8km. 

Neste tempo em que realizo esta atividade já muita coisa, atropelamento,acidentes automobilísticos, cavalos soltos na pista, batida entre duas bicicletas, polícia revistando pessoas suspeitas, ou seja, a diversão é garantida.

Mas também, já reconheço nas ruas,  muitas pessoas que saem diariamente no mesmo horário que eu.  Não sei o nome de nenhuma, mas cada um tem suas características próprias, ex:
- Uma senhora gorda que faz caminhadas sempre com camisetas alusivas ao Ioga, com frases indianas. 
- Outra senhora idosa que sempre usava meias velhas de elástico frouxo e que depois do dia das mães apareceu de meias novas(concluí que ela deve ter filhos)
- Um homem de  meia idade que sempre usa um calção branco(deve ter vários no armário) apertado, revelando detalhes de sua anatomia.
- Uma mulher que usa calça e saia por cima (deve ser crente). Ou seja além do exercício físico, exercito a lógica e a imaginação. É claro que também tem muitas pessoas com características de atletas, e aqueles que desfilam com suas roupas de grifes famosas.


Outra categoria a destacar são os atletas de fim de semana, como por exemplo um grupo de ciclistas, na grande maioria  homens, que se encontram na praça para pedalar em grupo. Esses tiram onda de profissionais. Um dia conversei com um deles enquanto calibrava o pneu no posto de gasolina, ele perguntou se eu queria pedalar com eles.
Rapidamente analisei o grupo e os equipamentos necessários para acompanhá-los: bermudinhas de laycra, super apertadas e coloridas(semelhante ao homem berinjela),capacete,  óculos de sol da "Speedo", tenis" Nike", e por fim uma bicicleta de alumínio com 36 marchas. Sendo assim agradeci o convite e segui meu caminho solitário pelas ruas de Teofilo Otoni com a minha Bike guerreira de 15 anos.

E assim caminha a humanidade, com toda sua diversidade. Uma simples saída na rua pode proporcionar uma análise antopológica. Quem sabe futuramete, dá para pensar em uma faculdade na terceira idade? Aí com certeza vou por uma plaquinha na frente de casa "D. Claudia - Antopóloga".

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