Tuesday, April 25, 2017

DEUS ESTÁ COMIGO LÁ ONDE EU ESTIVER - Pastor Renato Luiz Becker

Oi! Durante as últimas semanas escrevi como se estivesse acamado; como se sentisse dor; como se ansiasse por cura; como se esperasse apoio de quem estivesse próximo. Pois está aí o texto completo. Você tem alguém na sua família ou no seu círculo de amigos que passa por esta experiência? Leia o texto. Ele pode te ajudar a servir quem precisa de ti. Abraços!
ESTOU HOSPITALIZADO
Quero organizar meus pensamentos. Eles se embaralham na minha cabeça. Hoje pela manhã eu ainda estava em casa, junto das pessoas que me querem bem. Agora, de repente, fui guindado a outro “mundo”. Estou muito abatido por causa de todo o esforço de adaptação neste novo lugar que cheira a remédios. Vou ter que aguentar o tranco – pensei. Enquanto isso as pessoas se esforçam para me colocar na cama. Neste momento divido um quarto muito simples com outras pessoas adoentadas como eu. Tomara que nos entendamos. Será que ficarei muito tempo aqui neste espaço? Tenho medo do que ainda vou viver. Os aposentos, as pessoas – tudo é muito estranho – até eu me sinto assim. Vou ter que me entregar na mão de outras pessoas. Será que elas vão dar tudo de si em favor de mim?
Do Salmo 139
Ó SENHOR Deus, tu me examinas e me conheces. Sabes tudo o que eu faço e, de longe, conheces todos os meus pensamentos. Tu me vês quando estou trabalhando e quando estou descansando; tu sabes tudo o que eu faço. Antes mesmo que eu fale, tu já sabes o que vou dizer. Estás em volta de mim, por todos os lados, e me proteges com o teu poder.
TUDO ESTÁ INCERTO
Às vezes sinto vontade de fugir daqui. Sinto-me preso. Quero ir para casa e experimentar novamente a saúde. Espero que tudo volte a ser como antes. Para tal, preciso enfrentar esta circunstância, mesmo como medo e incertezas arranhando meu peito. Sim, desconfio destas pessoas vestidas de branco que se dispõe a ajudar. Sinto-me entregue às suas mãos. Elas me alcançam medicamentos e dizem: - Isso vai ajudar. O senhor só precisa ter paciência. Eu quero acreditar nestas palavras; crer que esta gente vai fazer de tudo para me curar desta enfermidade. Mas, porque a demora em minha melhora? Ah se eu pudesse acalmar-me, não sentir mais medo do futuro!
Do Salmo 13
Ó Deus, até quando esconderás de mim o teu rosto? Até quando terei de suportar este sofrimento? Olha para mim e responde-me! O meu coração ficará alegre, pois tu me salvarás.
ANTES DA OPERAÇÃO
As enfermeiras me disseram que amanhã será o dia. Eu ouvi o recado e só afirmei meu entendimento com um leve aceno da cabeça. Agora estou só. “Solito” comigo mesmo, apesar das minhas companheiras e dos meus companheiros de dor estar em camas próximas. Essa gente próxima já passou por essa experiência. Também o medo da cirurgia já lhes é coisa do passado. Porque é que esse povo não conversa comigo? Será que ele não percebe meu desespero? Ah se apenas uma dessas pessoas acamadas me dirigisse a palavra para me libertar de medo e angústia... Essa pessoa só precisaria sentar ao meu lado, segurar minha mão e dizer: - Estou contigo! Eu poderia repartir tudo com ela: Da insegurança que sinto por causa da agulha portadora da anestesia que me promoverá a escuridão; da mexida que vão fazer dentro do meu corpo; do receio que sentirei na hora de acordar e do silêncio daquelas e daqueles que estarão na minha volta e, por fim, da angústia pelo resultado de toda esta ação. Senhor! Ajuda-me. Cuida de mim. Me segura Contigo!
Do Salmo 73
No entanto, estou sempre contigo, e tu me seguras pela mão. Ainda que a minha mente e o meu corpo enfraqueçam, Deus é a minha força, ele é tudo o que sempre preciso.
O PÓS-OPERATÓRIO
Acabou a cirurgia. Tudo passou, graças a Deus! A médica disse que a operação transcorreu bem e que não houve complicação. Isso é bom. Mas, mesmo assim, eu me preocupo. Porque é que esses fios e tubos plásticos precisam ficar ligados ao meu corpo? Esses profissionais que me servem não devem estar sendo de todo transparentes. De repente eles sabem muitos detalhes da dor que eu carrego, mas me a omitem. Sim, essa incerteza me machuca. Quando é que eu saberei de tudo, tintim por tintim? Será que precisarei inquiri-los? Os meus pensamentos mais se parecem com cordões recortados. Eles se cruzam por todos os lados e acabam arrebentando. Preciso paciência. Preciso esperar. Primeiro vou me recuperar e, depois me alegrar pelo fato de ainda estar vivo. Vou esperar até voltarem minhas forças e, então, reolhar o horizonte, esteja ele nublado ou cheio de sol.
Do Salmo 37
Ponha a sua vida nas mãos do SENHOR, confie nele, e ele o ajudará. Tenha paciência, pois o SENHOR Deus cuidará disso.
E ESSA DOR QUE NÃO ME DEIXA?
Para aguentar a dor, controlo minha respiração. A enfermeira sugere que eu respire calmamente. O problema é que a dor perpassa meu organismo, interfere em todo meu corpo. Eu não consigo mais pensar noutra coisa a não ser no sofrimento que experimento. Eu ainda só consigo resmungar e reclamar. Eu sou só dor. Aliás, sinto-me como se estivesse me afogando num lago de fogo. Acho que agora essa dor já passou - penso - mas ela logo recomeça. Ah como eu gostaria de inspirar e respirar silenciosamente, longamente, normalmente. Será que ninguém pode me puxar para fora dessa experiência dolorosa?
Do Salmo 38
Estou muito aflito. Ó SENHOR Deus, não me abandones! Não te afastes de mim, meu Deus! Ajuda-me agora, ó Senhor, meu Salvador!
OS MÉDICOS DÃO ESPERANÇA
Não aguento mais. Já passei pelo medo da operação e pelas dores que vieram depois. É duro aguentar este estado horizontal, aqui neste leito hospitalar. Já contei centenas de vezes todas as manchas na pintura do teto. As minhas forças me abandonaram. Meu corpo parece estar completamente esvaziado. Não sinto mais chão debaixo de mim. Como é que eu vou resistir a tudo isso? Sim, eu gostaria de me segurar nas palavras destes médicos que impostam a voz como se deuses fossem: - O sr. vai passar por esta, aguente só mais um pouco! Como é que eu vou conseguir isso? O fato é que eu não vejo luz no fim do túnel. Sobre quantas pedras ainda precisarei tropeçar? Eu já espero a próxima curva. O que é que me espera depois dela? Ah se eu pudesse voltar a tratar minhas galinhas e, junto, colher ovos. Aí então eu poderia voltar a acreditar em mim mesmo e em todas aquelas e aqueles que querem meu bem.
Do Salmo 38
Ó Senhor, tu ouves todos os meus gemidos. O meu coração bate depressa, estou fraco, e os meus olhos perderam o brilho.
ESTOU MELHORANDO
Já sonhei muito aqui nesta cama. Num dos meus sonhos eu caminhava por um caminho aberto. Do lado da estradinha corria um límpido riacho e o horizonte se mostrava aberto, azul celeste. Perto de mim eu também ouvia um “coral” de pássaros. Minha corrida era leve e solta, naquele risco de terra no meio da grama verde. Coisa boa poder carregar minhas queridas e meus queridos nos braços. Coisa boa aquele exercício movido pelo amor. A porta se abre. É o médico, sorridente, comunica: - Alta senhor! Eu sentia que iria recebê-la. As dores ainda só me visitavam aqui e ali, mas eram suportáveis. De vez em quando eu já meio que só ao banheiro; já me movimentava aos poucos, sempre segurando em móveis e ou no ombro de quem me oferecia apoio. Está dando certo o tratamento. Consigo caminhar novamente. Eu vou voltar. Eu vou vencer. Tudo vai melhorar...
Do Salmo 23
O SENHOR é o meu pastor: nada me faltará. Ele me faz descansar em pastos verdes e me leva a águas tranquilas. O SENHOR renova as minhas forças e me guia por caminhos certos, como ele mesmo prometeu.
SEMANAS DIFÍCEIS
As últimas semanas foram bem difíceis para mim. Consigo relembrar cada momento vivido: Meu medo, minha operação e minhas que não passavam. Minhas tentativas de caminhar sem apoio e as boas palavras das pessoas mais próximas: Você vai vencer mais esta! Estou pronto. Há um novo caminho que se abre diante de mim, uma nova oportunidade para viver. Vou seguir este novo rumo passo a passo. Vou refletir sobre todos os detalhes que vierem ao meu encontro. Vou mergulhar na proposta deste novo, alegrar-me com aquilo que pode me trazer alegria. Agradeço às pessoas que me ajudaram a chegar até aqui. Não quero esquecer daquilo que ficou para trás. Esse tempo marcado pela dor ensinou-me a enfrentar a dificuldade. Aquela “árvore” que estava sem folhas voltará a produzir “flores”.
Do Salmo 116
Meu ser inteiro, continue confiando em Deus, o SENHOR, pois ele tem sido bom para mim! Deus me livrou da morte, fez parar as minhas lágrimas e não deixou que eu caísse na desgraça. Por isso, no mundo dos que estão vivos, viverei uma vida de obediência a ele.

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