Saturday, April 26, 2014

O que a IECLB tem de bom?!

Há algum tempo desafiei pessoas a dizerem o que a IECLB tem de bom, saiu muita coisa boa. São citações de colegas ministr@s da nossa querida igreja. Como eu não tenho a permissão para publicar os nomes, o
s nomes estão ocultos, mas as citações são verdadeiras.
 
Em meio a tantas críticas que se faz a nossa IECLB, principalmente de membros, eu quero desafiar a todos a colocar o que é que nossa igreja tem de bom.

Eu começo:
1. Excelente formação teológica de seus ministros e ministras.
2. Excelentes cursos de formação de lideranças.
Parte superior do formulário


Pastora COERÊNCIA!!!
Pastor SERIEDADE!
Pastor CLAREZA CONFESSIONAL
Pastor ECUMENICA
Obreira um PECC muito rico, sério e coerente.
Pastor Diversidade teológica
Armin Andreas Hollas Unidade na diversidade, ainda que muitas vezes complicada....
Pastora Mulheres no Ministério Ordenado
catequista Hinos maravilhosos!
Pastor Igreja comunitária!
Pastora Abertura para o diálogo...riqueza liturgica...
Pastora Diversidade de grupos de trabalho
Pastora Abertura ecumênica...
Pastora Comunidades diaconais...
Pastora aceitação ecumênica de todos. Incentivo e respeito aos jovens, dedicandse ao trabalho de grupos de jovens JE
Pastora Ah busca ser uma igreja democratica...
Pastora evangelização com crianças realmente levada a sério,muita dedicação nesse processo!!
Pastor o preparo dos adolescentes no EnsinoConfirmatório
Pastor Compreender a diversidade cultural
Pastor POR TUDO ISSO, E MUITO MAIS, AMO NOSSA IECLB - APESAR DAS FALHAS;
AFINAL, SOMOS JUSTOS E PECADORES, MAS JUSTIIFCADOS POR CRISTO JESUS EM
SUA GRAÇA INFINITA. QUE TAL JUNTAR ESSES DEPOIMENTOS E FALARMOS DELES NO
DIA 31 DE OUTURBRO, ONDE HOUVEREM CELEBRAÇÕES DA REFORMA?
Armin Andreas Hollas PUXA VIDA! OLHEM SÓ! Gostamos muito de "malhar" a IECLB, mas temos muito do que nos orgulhar!
Armin Andreas Hollas Celebração centrada na Palavra e guiada pela Palavra.
Armin Andreas Hollas Pregações e sermões preparados com cuidado e zelo pel@s Ministr@s
Pastor Representação destacada em diversos círculos ecumênicos continentais e mundiais.
Pastor Pessoal, concordo com vocês, mas as prédicas nem sempre são bem elaboradas... há muitas que são de chorar...
Pastor A IECLB é pioneira destacada na reflexão e na ação em relação a Pessoas com Deficiência e sobre o tema Inclusão! Já foram dados passos que nos alegram muito neste quesito! Parabéns ao pessoal da Diaconia Inclusão!
Pastor Chorar não de quebrantamento, mas de lamentação por tamanho relaxo...
Pastor A IECLB deu uma contribuição inestimável na tradução das principais obras de Lutero e da teologia protestante, com preciosas publicações através de suas casas publicadoras, dando acesso amplo a essa literatura teológica.
Pastor A IECLB é uma das poucas a ter o Ministério Compartilhado em todo o mundo!
CatequistaTrabalha sério dos diferentes Conselhos...
Pastora A PARTIR DELA TODAS EVANGÉLICAS SE ORIGINARAM! E SOBRE TUDO SERIEDADE E COMPROMISSO COM DEUS!
Pastor Seriedade, missão transcultural, elementos pietistas.
Pastor Um igreja com mais de 100 anos de história em solo brasileiro... boa história.
Pastor 3 centros de formação teológicas reconhecidas pelo MEC... e diversas redes de educação fundamental e média... ou seja, seriedade na educação "secular" e teológica.
Pastor Sim, Pastor, a Rede Sinodal de Educação é integrada por 60 escolas de Ensino Fundamental e Médio, e até Superior (IELUSC e IEI, porv exemplo), todas com um perfil de educação comprometido com a Reforma de Martim Lutero e fruto da mais bonita máxima de Lutero trazida pelos imigrantes ao Brasil: "Ao lado de cada igreja uma escola".
Pastor Iria, com Deus e com o próximo!
Pastor boa música e liturgia
Pastor POXA, QUANTA COISA BOA NA NOSSA IECLB. TÁ LEGAL ESSA REFLEXÃO. QUE
TAL ALGUEM COMPILAR ESSES DEPOIMENTOS E PUBLICA-LOS COMO TESTEMUNHOS RUMO AO JUBILEU DA REFORMA? OU ENTÃO CRIAR UMA PÁGINA OU GRUPO NO FACEBOOK ENTITULADO "JUBILEU DA REFORMA - IECLB PRESENTE"?
Pastor A teologia, a teologia, a teologia!
E Lutero foi magistral ao nos ensinar a nunca interpretar um único versículo sem submetê-lo
ao todo das Escrituras, desde o Gênesis ao Apocalipse.
E, para que a crítica construtiva não vire água com açucar: Penso queainda podemos melhorar na comunicação.Tenho para mim, que a
palavra de Lutero, “Man muss dem Volk
aufs Maul schauen”, incluio pregar
de maneira contextualizada e não apenas inteligível. Ainda, segundo B.
Brecht, significa falar como o povo fala, mas não o que o povo fala. Ás vezes tenho a impressão que nossa riqueza de conteúdos e valores históricos confessionais é diretamente proporcional à nossa dificuldade em comunicá-los de maneira significativa e desafiadora...Precisamos, sim,
falar a linguagem do povo sem, no entanto, nivelar com os valores seculares e,
a exemplo do Sermão do Monte, desafiar ao crescimento e à maturidade. Se o alvo
é inalcançável, ótimo: Tanto maior a dependência da graça!
Pastora tudo de bom
Armin Andreas Hollas o Pastor lança um desafio de juntarmos tudo isto e mais um pouco para a convenção. Acho que a lista pode crescer ainda mais. Precisamos aprender a olhar com carinho para nossa IECLB. Nos acostumamos DEMAIS a nos bater teologicamente. Quem olha de fora as discussões via facebook até se assusta com nossa igreja, pelo menos com a maneira, muitas vezes dura, de nos dirigirmos uns aos outros. Temos muitos "ranços" e "feridas" que precisam ser curados. No entanto a pluralidade e a democracia dentro da IECLB e de nossas comunidade que faz esta igreja tão bonita!
Pastor Não digo que a IECLB é a melhor Igreja, porque isto seria incompatível com o luteranismo, mas digo que é a menos ruim.
Armin Andreas Hollas Aliás, Pastor, eu nem sei se alguma Igreja pode se julgar "a" melhor. Todas as instituições são humanas e, por conseguinte, falhas. Somente a Ekklesia de Cristo é perfeita e esta perpassa às instituições. Por este motivo somos ecumênicos, não é? Reconhecer-se assim está dentro do preceito "semper reformanda" da teologia Luterana, e é característica de nossa IECLB.
Pastor Dizer que a IECLB é a menos ruim não é dizer que é a melhor?
Pastor Helio, tem diferença, sim! Menos ruim é referir debaixo. A melhor seria olhar a partir do topo. Para mim é diferente. E quase que dizer não tem nenhum "boa", mas tem aquelas que humildemente se entendem como não tão ruins, por exemplo!
Pastor Hum... tá bom, se vocês tão dizendo.
Pastora Com certeza minha formação catequética foi muito boa e posso ser uma testemunha!!!
Pastor AMIGOS, AMIGAS E COLEGAS! ESTOU SENTINDO QUE ESSA REFLEXÃO VAI
VIRAR UM LIVRO A SER LANÇADO NA CONVENÇÃO. QUE TAL? ARMIN, VOCE SE
ENCARREGA DE COMPILAR TUDO, JA QUE A REFLEXÃO APRTIU DE VC? UM ABRAÇO A
TODOS E TODAS.
Pastor Creio que a IECLB é o que é. Não vejo como a melhor ou menos ruim. Assim também são as comunidades da IECLB. Cada uma tem o seu jeito, isso porque cada comunidade tem as suas pessoas, a sua história, o seu contexto. Claro que há desafios, crises, dificuldades, assuntos mal resolvidos, pastores que talvez não assumam sua responsabilidade, mas também membros que não assumem seus compromissos. Este post foi importante para perceber que apesar das diferenças teológicas e comunitárias, somos Igreja de Jesus Cristo no Brasil através da IECLB. Os debates que aqui ocorrem, as vezes são polêmicos, e até mesmo vergonhoso, mas são importantes para perceber que apesar de um não concordar com o outro, e de um cutucar o outro, ninguém deixa de ser IECLB. Por quê? Talvez porque dentro dessa confessionalidade, ali na minha comunidade, no meu ministério, na minha vivência comunitária, cheguei a conclusão (inconsciente ou não) de que a IECLB é a minha Igreja na qual Deus me plantou e na qual ele chama para florescer e produzir muitos frutos. Deus seja louvado!
Pastora Vamos criticar menos,e orar mais.
Pastor Criticar?! O post só tem elogios!
Amigo Cultura.
Pastor apesar de estar num caminho de cada vez mais ser centralizadora, ainda destaco como positivo o ser uma igreja da base, das comunidades
Armin Andreas Hollas Democrática ao invés de hierárquica.
Armin Andreas Hollas uma pregação centrada no evangelho e não no medo de Satanás
Amigo Uma igreja que não adoece a mente das pessoas! Não faz as pessoas se tornarem fanáticas, cheias de ódio e pré-conceito com outras pessoas! Essa pelo menos é a visão que eu tenho...
Armin Andreas Hollas coerência na teologia e na vida das comunidades!

Armin Andreas Hollas amigo o órgão decisório da IECLB, na comunidade é a Assembléia, na paróquia é a Assembléia, no sínodo é a Assembléia e na IECLB é o Concílio. Na assembléia da comunidade todos membros tem voz e voto, na assembléia da paróquia todas as comunidades tem voz e voto, na assembléia sinodal todas as comunidades tem voz e voto, no concílio todos os sínodos tem voz e voto. Se os membros não participam das assembleias, ou se as comunidades não enviam representantes às assembleias paroquiais e sinodais, é outra história. A comunidade ou a paróquia não serão democráticas quando estas não seguirem os estatutos e os membros não tiverem participação ativa. Qualquer comunidade pode criar, em assembléia, uma moção a ser levada para a assembléia sinodal e para o concílio. Se isto não é democracia eu não sei o que é!

Pastor ESTIMADO Amigo! SOU PASTOR DA IECLB, SEI QUE TEM PONTOS NEGATIVOS
NA NOSSA IGREJA, OS QUAIS SEMPRE COLOCO PARA REFLEXÃO NAS REUNIÕES COM
OS E AS COLEGAS DE MINISTÉRIO E NOS PRESBITÉRIOS DAS COMUNIDADES. MAS,
COLOCANDO NA BALANÇA, TENHO ORGULHO DE DIZER QUE OS PONTOS POSITIVOS
PESAM MAIS. COM CERTEZA, A IECLB NÃO É TÃO DEMOCRÁTICA COMO GOSTARÍAMOS
QUE FOSSE, MAS POSSO AFIRMAR COM 90% DE CERTEZA QUE TEM MUITA DEMOCRACIA
NA IECLB (AS VEZES, ATÉ EM EXCESSO): COMO SÃO ESCOLHIDOS OS PASTORES E PASTORAS? COMO SÃO ELEITOS OS PRESBITÉRIOS? COMO ESCO9LHEMOS LIDERANÇAS
PARA DIVERSAS ATIVIDADES NA IGREJA, INCLUSIVE PARA ELEGER UM/A
ZELADOR/A? QUAL IGREJA PODE AVALIAR SEUS MINISTROS E MINISTRAS, COMO FAZ
A IECLB??? FICO FELIZ QUE NOSSA IGREJA NÃO É PERFEITA, COMO DIZ O
PRÓPRIO LUTERO: SOMOS IGREJA EM COSNTANTE REFORMA!! - GRAÇAS A DEUS....


Paróquia é uma Igreja transparente e séria em relação às finanças. As comunidades são administradas em conjunto e devem prestar contas a todos de como as contribuições são investidas. É uma Igreja que não se aproveita das pessoas, trocando dinheiro por promessas de bênçãos. É uma Igreja centrada na Palavra e não nas emoções (que são muito falhas). É uma Igreja humilde, que sabe reconhecer-se simultaneamente justa e pecadora e busca respeitar os irmãos e irmãs de outras denominações, inclusive motivando à caminhada conjunta (ecumênica). É uma Igreja histórica, que sempre está se reformando, mas não se deixa levar ou pelo menos luta para não ser levada pelos ditames do "espírito da época". Pastor.

Amigo toda aquela que faz a vontade de Deus,não se desvia para a esquerda e nem para a direita;agora cabe a cada um examinar a sua volta.A IGREJA VERDADEIRA É QUE GUARDA OS MANDAMENTOS DE DEUS (mandamentos são eternos) E TéM O TESTEMUNHO DE JESUS”. Se a Igreja tém essas base BIBLICA ela é VERDADEIRA.>>>>>IECLB....
Parte inferior do formulário


Monday, April 21, 2014

A minha graça te basta!



Numa discussão sobre a graça alguém disse: “mas eu preciso aceitar a graça, afinal a somos salvos por graça e fé, disse o apóstolo.” Fiquei num beco sem saída. Para mim, até o ato de “aceitar” diminui a graça, coloca novamente a pessoa como centro. Como sair deste beco sem saída?
O jeito é retornar ao doador da graça. As suas parábolas são simples e.... geniais! Tem a da pérola, da dracma perdida, da ovelha perdida, do tesouro oculto, da grande ceia e tantas outras, mas a minha predileta é a dos dois filhos (ou filho pródigo, se preferires). Nesta  parábola a ação do filho leva a separação, à ruína, ao desespero, à desesperança e à situação de morte. Enfim sua ação o leva de volta ao pai, mas não como filho, sua ação o leva como servo.
O ponto interessante, que sempre escapa às reflexões é que mesmo longe, mesmo revoltado, mesmo pródigo, este nunca deixou de ser filho. Tanto que ao retornar o pai lhe restitui à sua condição de filho, ainda que este se considerasse imerecido. A graça de ser filho nunca lhe havia sido retirada. A sua ação, de querer a partilha, de querer a sua liberdade, de querer a sua independência, esta sim, o havia afastado do pai, mas para o pai ele continuava filho! A graça imerecida independe da ação, do retorno, do arrependimento. Outrossim não é graça, é barganha.
Isto se entende no diálogo com o segundo filho. “Tudo o que tenho é teu”, diz o pai, sempre esteve a tua disposição. A alegria estava em recuperar o filho que havia desdenhado a graça. Ser filho, tanto um como outro, independia de qualquer ação.
Desta forma, a graça não depende de nós. Deus nos faz filhos e filhas, independentes de nossa bondade, maldade, aceitação ou negação.  Somos filhos e filhas, como nascidos do ventre de nossa mãe, independente de nosso querer, independente de nosso “aceitar”. Independente, como dizem alguns pastores pentecostais em suas profetadas, de “tomar posse” da graça, somos feitos herdeiros de Deus pela sua suprema vontade, pela sua graça e seu amor.
- Mas é preciso ter fé, né pastor? Até esta é graça, pois dizemos “Creio Senhor, mas aumenta minha fé”.
Antes que alguém argumente que então eu não preciso fazer nada, que assim é muito fácil. Realmente, a graça é fácil, pois o salvo não precisa fazer absolutamente nada pela graça. Nada pela graça, nada para a graça, mas tudo a partir da graça e tudo por causa da graça! O povo de Deus não precisa fazer absolutamente nada para ser povo de Deus, assim foi com Abraão, foi com o povo de Israel e é com os cristãos. Mas por causa disto este povo se engaja, se anima, se move, para colocar sinais da graça, da misericórdia e do amor de Deus.

Soli Deo Glória.

Sunday, April 20, 2014

Tríduo Pascal em Rio das Antas

Rio das Antas.

Neste ano as celebrações da Semana Santa em Rio Das Antas foram diferentes do que a comunidade estava acostumada. Houve a celebração do Tríduo Pascal. Na Quinta-feira Santa houve o culto de Lava-pés, na Sexta-feira Santa a celebração da morte e no domingo de Páscoa a celebração do “Fogo Novo”, ou da Luz.
Na quinta-feira Santa o lava-pés e a Santa-ceia cantada encantaram os que participaram do culto. Por não ser de costume da comunidade esta celebração na semana santa a participação foi pequena. A celebração da Sexta-feira Santa, pela tradição da comunidade é a mais concorrida. No entanto, os membros estranharam a falta da Santa-ceia neste dia. O Domingo de Páscoa teve a beleza da liturgia com o Círio Pascal aceso na fogueira, do lado de fora da igreja e levado para dentro da igreja. Os dois corais da comunidade cantaram, o coral misto e o coral masculino.

Ao terminar o culto as pessoas presentes comentaram da beleza litúrgica e de que esta deva ser repetida no próximo ano.

As fotos são de Margot von Hedde















Wednesday, June 12, 2013

"Estou Cansado!"


Ricardo Gondim

Cansei! Entendo que o mundo evangélico não admite que um pastor confesse o seu cansaço. Conheço as várias passagens da Bíblia que prometem restaurar os trôpegos. Compreendo que o profeta Isaías ensina que Deus restaura as forças do que não tem nenhum vigor. Também estou informado de que Jesus dá alívio para os cansados. Por isso, já me preparo para as censuras dos que se escandalizarem com a minha confissão e me considerarem um derrotista. Contudo, não consigo dissimular: eu me acho exausto.
Não, não me afadiguei com Deus ou com minha vocação. Continuo entusiasmado pelo que faço; amo o meu Deus, bem como minha família e amigos. Permaneço esperançoso. Minha fadiga nasce de outras fontes.
Canso com o discurso repetitivo e absurdo dos que mercadejam a Palavra de Deus. Já não agüento mais que se usem versículos tirados do Antigo Testamento e que se aplicavam a Israel para vender ilusões aos que lotam as igrejas em busca de alívio. Essa possibilidade mágica de reverter uma realidade cruel me deixa arrasado porque sei que é uma propaganda enganosa. Cansei com os programas de rádio em que os pastores não anunciam mais os conteúdos do evangelho; gastam o tempo alardeando as virtudes de suas próprias instituições. Causa tédio tomar conhecimento das infinitas campanhas e correntes de oração; todas visando exclusivamente encher os seus templos. Considero os amuletos evangélicos horríveis. Cansei de ter de explicar que há uma diferença brutal entre a fé bíblica e as crendices supersticiosas.
Canso com a leitura simplista que algumas correntes evangélicas fazem da realidade. Sinto-me triste quando percebo que a injustiça social é vista como uma conspiração satânica, e não como fruto de uma construção social perversa. Não consideram os séculos de preconceitos nem que existe uma economia perversa privilegiando as elites há séculos. Não agüento mais cultos de amarrar demônios ou de desfazer as maldições que pairam sobre o Brasil e o mundo.
Canso com a repetição enfadonha das teologias sem criatividade nem riqueza poética. Sinto pena dos teólogos que se contentam em reproduzir o que outros escreveram há séculos. Presos às molduras de suas escolas teológicas, não conseguem admitir que haja outros ângulos de leitura das Escrituras. Convivem com uma teologia pronta. Não enxergam sua pobreza porque acreditam que basta aprofundarem um conhecimento “científico” da Bíblia e desvendarão os mistérios de Deus. A aridez fundamentalista exaure as minhas forças.
Canso com os estereótipos pentecostais. Como é doloroso observá-los: sem uma visitação nova do Espírito Santo, buscam criar ambientes espirituais com gritos e manifestações emocionais. Não há nada mais desolador que um culto pentecostal com uma coreografia preservada, mas sem vitalidade espiritual. Cansei, inclusive, de ouvir piadas contadas pelos próprios pentecostais sobre os dons espirituais.
Cansei de ouvir relatos sobre evangelistas estrangeiros que vêm ao Brasil para soprar sobre as multidões. Fico abatido com eles porque sei que provocam que as pessoas “caiam sob o poder de Deus” para tirar fotografias ou gravar os acontecimentos e depois levantar fortunas em seus países de origem.
Canso com as perguntas que me fazem sobre a conduta cristã e o legalismo. Recebo todos os dias várias mensagens eletrônicas de gente me perguntando se pode beber vinho, usar “piercing”, fazer tatuagem, se tratar com acupuntura etc., etc. A lista é enorme e parece inexaurível. Canso com essa mentalidade pequena, que não sai das questiúnculas, que não concebe um exercício religioso mais nobre; que não pensa em grandes temas. Canso com gente que precisa de cabrestos, que não sabe ser livre e não consegue caminhar com princípios. Acho intolerável conviver com aqueles que se acomodam com uma existência sob o domínio da lei e não do amor.
Canso com os livros evangélicos traduzidos para o português. Não tanto pelas traduções mal feitas, tampouco pelos exemplos tirados do golfe ou do basebol, que nada têm a ver com a nossa realidade. Canso com os pacotes prontos e com o pragmatismo. Já não agüento mais livros com dez leis ou vinte e um passos para qualquer coisa. Não consigo entender como uma igreja tão vibrante como a brasileira precisa copiar os exemplos lá do norte, onde a abundância é tanta que os profetas denunciam o pecado da complacência entre os crentes. Cansei de ter de opinar se concordo ou não com um novo modelo de crescimento de igreja copiado e que vem sendo adotado no Brasil.
Canso com a falta de beleza artística dos evangélicos. Há pouco compareci a um show de música evangélica só para sair arrasado. A musicalidade era medíocre, a poesia sofrível e, pior, percebia-se o interesse comercial por trás do evento. Quão diferente do dia em que me sentei na Sala São Paulo para ouvir a música que Johann Sebastian Bach (1685-1750) compôs sobre os últimos capítulos do Evangelho de São João. Sob a batuta do maestro, subimos o Gólgota. A sala se encheu de um encanto mágico já nos primeiros acordes; fechei os olhos e me senti em um templo. O maestro era um sacerdote e nós, a platéia, uma assembléia de adoradores. Não consegui conter minhas lágrimas nos movimentos dos violinos, dos oboés e das trompas. Aquela beleza não era deste mundo. Envoltos em mistério, transcendíamos a mecânica da vida e nos transportávamos para onde Deus habita. Minhas lágrimas naquele momento também vinham com pesar pelo distanciamento estético da atual cultura evangélica, contente com tão pouca beleza.
Canso de explicar que nem todos os pastores são gananciosos e que as igrejas não existem para enriquecer sua liderança. Cansei de ter de dar satisfações todas as vezes que faço qualquer negócio em nome da igreja. Tenho de provar que nossa igreja não tem título protestado em cartório, que não é rica, e que vivemos com um orçamento apertado. Não há nada mais desgastante do que ser obrigado a explanar para parentes ou amigos não evangélicos que aquele último escândalo do jornal não representa a grande maioria dos pastores que vivem dignamente.
Canso com as vaidades religiosas. É fatigante observar os líderes que adoram cargos, posições e títulos. Desdenho os conchavos políticos que possibilitam eleições para os altos escalões denominacionais. Cansei com as vaidades acadêmicas e com os mestrados e doutorados que apenas enriquecem os currículos e geram uma soberba tola. Não suporto ouvir que mais um se auto-intitulou apóstolo.
Por isso, opto por não participar de uma máquina religiosa que fabrica ícones. Não brigarei pelos primeiros lugares nas festas solenes patrocinadas por gente importante. Jamais oferecerei meu nome para compor a lista dos preletores de qualquer conferência. Abro mão de querer adornar meu nome com títulos de qualquer espécie. Não desejo ganhar aplausos de auditórios famosos.
Buscarei o convívio dos pequenos grupos, priorizarei fazer minhas refeições com os amigos mais queridos. Meu refúgio será ao lado de pessoas simples, pois quero aprender a valorizar os momentos despretensiosos da vida. Lerei mais poesia para entender a alma humana, mais romances para continuar sonhando e muita boa música para tornar a vida mais bonita. Desejo meditar outras vezes diante do pôr-do-sol para, em silêncio, agradecer a Deus por sua fidelidade. Quero voltar a orar no secreto do meu quarto e a ler as Escrituras como uma carta de amor de meu Pai.
Pode ser que outros estejam tão cansados quanto eu. Se é o seu caso, convido-o então a mudar a sua agenda; romper com as estruturas religiosas que sugam suas energias; voltar ao primeiro amor. Jesus afirmou que não adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma. Ainda há tempo de salvar a nossa.

Soli Deo Gloria

Sunday, March 24, 2013

Deus nos livre de um Brasil Evangélico!

Há um tempo o P. Ricardo Gondim, então ainda escritor da revista Ultimato, pastor da Igreja Bethesda, escreveu um texto que, para mim, está cada vez mais atual. Vale a pena lê-lo sempre mais uma vez. Ele escreveu:

Ricardo Gondim 


Começo este texto com uns 15 anos de atraso. Eu explico. Nos tempos em que outdoors eram permitidos em São Paulo, alguém pagou uma fortuna para espalhar vários deles, em avenidas, com a mensagem: “São Paulo é do Senhor Jesus. Povo de Deus, declare isso”.

Rumino o recado desde então. Represei qualquer reação, mas hoje, por algum motivo, abriu-se uma fresta em uma comporta de minha alma. Preciso escrever sobre o meu pavor de ver o Brasil tornar-se evangélico. A mensagem subliminar da grande placa, para quem conhece a cultura do movimento, era de que os evangélicos sonham com o dia quando a cidade, o estado, o país se converterem em massa e a terra dos tupiniquins virar num país legitimamente evangélico.

Quando afirmo que o sonho é que impere o movimento evangélico, não me refiro ao cristianismo, mas a esse subgrupo do cristianismo e do protestantismo conhecido como Movimento Evangélico. E a esse movimento não interessa que haja um veloz crescimento entre católicos ou que ortodoxos se alastrem. Para “ser do Senhor Jesus”, o Brasil tem que virar "crente", com a cara dos evangélicos. (acabo de bater três vezes na madeira).

Avanços numéricos de evangélicos em algumas áreas já dão uma boa ideia de como seria desastroso se acontecesse essa tal levedação radical do Brasil.

Imagino uma Genebra brasileira e tremo. Sei de grupos que anseiam por um puritanismo moreno. Mas, como os novos puritanos tratariam Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Maria Gadu? Não gosto de pensar no destino de poesias sensuais como “Carinhoso” do Pixinguinha ou “Tatuagem” do Chico. Será que prevaleceriam as paupérrimas poesias do cancioneiro gospel? As rádios tocariam sem parar “Vou buscar o que é meu”, “Rompendo em Fé”?
Uma história minimamente parecida com a dos puritanos provocaria, estou certo, um cerco aos boêmios. Novos Torquemadas seriam implacáveis e perderíamos todo o acervo do Vinicius de Moraes. Quem, entre puritanos, carimbaria a poesia de um ateu como Carlos Drummond de Andrade?

Como ficaria a Universidade em um Brasil dominado por evangélicos? Os chanceleres denominacionais cresceriam, como verdadeiros fiscais, para que se desqualificasse o alucinado Charles Darwin. Facilmente se restabeleceria o criacionismo como disciplina obrigatória em faculdades de medicina, biologia, veterinária. Nietzsche jazeria na categoria dos hereges loucos e Derridá nunca teria uma tradução para o português.

Mozart, Gauguin, Michelangelo, Picasso? No máximo, pesquisados como desajustados para ganharem o rótulo de loucos, pederastas, hereges.

Um Brasil evangélico não teria folclore. Acabaria o Bumba-meu-boi, o Frevo, o Vatapá. As churrascarias não seriam barulhentas. O futebol morreria. Todos seriam proibidos de ir ao estádio ou de ligar a televisão no domingo. E o racha, a famosa pelada, de várzea aconteceria quando?
Um Brasil evangélico significaria que o fisiologismo político prevaleceu; basta uma espiada no histórico de Suas Excelências nas Câmaras, Assembleias e Gabinetes para saber que isso aconteceria.
Um Brasil evangélico significaria o triunfo do “american way of life”, já que muito do que se entende por espiritualidade e moralidade não passa de cópia malfeita da cultura do Norte. Um Brasil evangélico acirraria o preconceito contra a Igreja Católica e viria a criar uma elite religiosa, os ungidos, mais perversa que a dos aiatolás iranianos.

Cada vez que um evangélico critica a Rede Globo eu me flagro a perguntar: Como seria uma emissora liderada por eles? Adianto a resposta: insípida, brega, chata, horrorosa, irritante.
Prefiro, sem pestanejar, textos do Gabriel Garcia Márquez, do Mia Couto, do Victor Hugo, do Fernando Moraes, do João Ubaldo Ribeiro, do Jorge Amado a qualquer livro da série “Deixados para Trás” ou do Max Lucado.

Toda a teocracia se tornará totalitária, toda a tentativa de homogeneizar a cultura, obscurantista e todo o esforço de higienizar os costumes, moralista.

O projeto cristão visa preparar para a vida. Cristo não pretendeu anular os costumes dos povos não-judeus. Daí ele dizer que a fé de um centurião adorador de ídolos era singular; e entre seus criteriosos pares ninguém tinha uma espiritualidade digna de elogio como aquele soldado que cuidou do escravo.

Levar a boa notícia não significa exportar uma cultura, criar um dialeto, forçar uma ética. Evangelizar é anunciar que todos podem continuar a costurar, compor, escrever, brincar, encenar, praticar a justiça e criar meios de solidariedade; Deus não é rival da liberdade humana, mas seu maior incentivador.

Portanto, Deus nos livre de um Brasil evangélico.


A página do Pastor Gondim é http://www.ricardogondim.com.br/ visite, ele tem leituras boas e excelentes reflexões.