Tuesday, April 25, 2017

DEUS ESTÁ COMIGO LÁ ONDE EU ESTIVER - Pastor Renato Luiz Becker

Oi! Durante as últimas semanas escrevi como se estivesse acamado; como se sentisse dor; como se ansiasse por cura; como se esperasse apoio de quem estivesse próximo. Pois está aí o texto completo. Você tem alguém na sua família ou no seu círculo de amigos que passa por esta experiência? Leia o texto. Ele pode te ajudar a servir quem precisa de ti. Abraços!
ESTOU HOSPITALIZADO
Quero organizar meus pensamentos. Eles se embaralham na minha cabeça. Hoje pela manhã eu ainda estava em casa, junto das pessoas que me querem bem. Agora, de repente, fui guindado a outro “mundo”. Estou muito abatido por causa de todo o esforço de adaptação neste novo lugar que cheira a remédios. Vou ter que aguentar o tranco – pensei. Enquanto isso as pessoas se esforçam para me colocar na cama. Neste momento divido um quarto muito simples com outras pessoas adoentadas como eu. Tomara que nos entendamos. Será que ficarei muito tempo aqui neste espaço? Tenho medo do que ainda vou viver. Os aposentos, as pessoas – tudo é muito estranho – até eu me sinto assim. Vou ter que me entregar na mão de outras pessoas. Será que elas vão dar tudo de si em favor de mim?
Do Salmo 139
Ó SENHOR Deus, tu me examinas e me conheces. Sabes tudo o que eu faço e, de longe, conheces todos os meus pensamentos. Tu me vês quando estou trabalhando e quando estou descansando; tu sabes tudo o que eu faço. Antes mesmo que eu fale, tu já sabes o que vou dizer. Estás em volta de mim, por todos os lados, e me proteges com o teu poder.
TUDO ESTÁ INCERTO
Às vezes sinto vontade de fugir daqui. Sinto-me preso. Quero ir para casa e experimentar novamente a saúde. Espero que tudo volte a ser como antes. Para tal, preciso enfrentar esta circunstância, mesmo como medo e incertezas arranhando meu peito. Sim, desconfio destas pessoas vestidas de branco que se dispõe a ajudar. Sinto-me entregue às suas mãos. Elas me alcançam medicamentos e dizem: - Isso vai ajudar. O senhor só precisa ter paciência. Eu quero acreditar nestas palavras; crer que esta gente vai fazer de tudo para me curar desta enfermidade. Mas, porque a demora em minha melhora? Ah se eu pudesse acalmar-me, não sentir mais medo do futuro!
Do Salmo 13
Ó Deus, até quando esconderás de mim o teu rosto? Até quando terei de suportar este sofrimento? Olha para mim e responde-me! O meu coração ficará alegre, pois tu me salvarás.
ANTES DA OPERAÇÃO
As enfermeiras me disseram que amanhã será o dia. Eu ouvi o recado e só afirmei meu entendimento com um leve aceno da cabeça. Agora estou só. “Solito” comigo mesmo, apesar das minhas companheiras e dos meus companheiros de dor estar em camas próximas. Essa gente próxima já passou por essa experiência. Também o medo da cirurgia já lhes é coisa do passado. Porque é que esse povo não conversa comigo? Será que ele não percebe meu desespero? Ah se apenas uma dessas pessoas acamadas me dirigisse a palavra para me libertar de medo e angústia... Essa pessoa só precisaria sentar ao meu lado, segurar minha mão e dizer: - Estou contigo! Eu poderia repartir tudo com ela: Da insegurança que sinto por causa da agulha portadora da anestesia que me promoverá a escuridão; da mexida que vão fazer dentro do meu corpo; do receio que sentirei na hora de acordar e do silêncio daquelas e daqueles que estarão na minha volta e, por fim, da angústia pelo resultado de toda esta ação. Senhor! Ajuda-me. Cuida de mim. Me segura Contigo!
Do Salmo 73
No entanto, estou sempre contigo, e tu me seguras pela mão. Ainda que a minha mente e o meu corpo enfraqueçam, Deus é a minha força, ele é tudo o que sempre preciso.
O PÓS-OPERATÓRIO
Acabou a cirurgia. Tudo passou, graças a Deus! A médica disse que a operação transcorreu bem e que não houve complicação. Isso é bom. Mas, mesmo assim, eu me preocupo. Porque é que esses fios e tubos plásticos precisam ficar ligados ao meu corpo? Esses profissionais que me servem não devem estar sendo de todo transparentes. De repente eles sabem muitos detalhes da dor que eu carrego, mas me a omitem. Sim, essa incerteza me machuca. Quando é que eu saberei de tudo, tintim por tintim? Será que precisarei inquiri-los? Os meus pensamentos mais se parecem com cordões recortados. Eles se cruzam por todos os lados e acabam arrebentando. Preciso paciência. Preciso esperar. Primeiro vou me recuperar e, depois me alegrar pelo fato de ainda estar vivo. Vou esperar até voltarem minhas forças e, então, reolhar o horizonte, esteja ele nublado ou cheio de sol.
Do Salmo 37
Ponha a sua vida nas mãos do SENHOR, confie nele, e ele o ajudará. Tenha paciência, pois o SENHOR Deus cuidará disso.
E ESSA DOR QUE NÃO ME DEIXA?
Para aguentar a dor, controlo minha respiração. A enfermeira sugere que eu respire calmamente. O problema é que a dor perpassa meu organismo, interfere em todo meu corpo. Eu não consigo mais pensar noutra coisa a não ser no sofrimento que experimento. Eu ainda só consigo resmungar e reclamar. Eu sou só dor. Aliás, sinto-me como se estivesse me afogando num lago de fogo. Acho que agora essa dor já passou - penso - mas ela logo recomeça. Ah como eu gostaria de inspirar e respirar silenciosamente, longamente, normalmente. Será que ninguém pode me puxar para fora dessa experiência dolorosa?
Do Salmo 38
Estou muito aflito. Ó SENHOR Deus, não me abandones! Não te afastes de mim, meu Deus! Ajuda-me agora, ó Senhor, meu Salvador!
OS MÉDICOS DÃO ESPERANÇA
Não aguento mais. Já passei pelo medo da operação e pelas dores que vieram depois. É duro aguentar este estado horizontal, aqui neste leito hospitalar. Já contei centenas de vezes todas as manchas na pintura do teto. As minhas forças me abandonaram. Meu corpo parece estar completamente esvaziado. Não sinto mais chão debaixo de mim. Como é que eu vou resistir a tudo isso? Sim, eu gostaria de me segurar nas palavras destes médicos que impostam a voz como se deuses fossem: - O sr. vai passar por esta, aguente só mais um pouco! Como é que eu vou conseguir isso? O fato é que eu não vejo luz no fim do túnel. Sobre quantas pedras ainda precisarei tropeçar? Eu já espero a próxima curva. O que é que me espera depois dela? Ah se eu pudesse voltar a tratar minhas galinhas e, junto, colher ovos. Aí então eu poderia voltar a acreditar em mim mesmo e em todas aquelas e aqueles que querem meu bem.
Do Salmo 38
Ó Senhor, tu ouves todos os meus gemidos. O meu coração bate depressa, estou fraco, e os meus olhos perderam o brilho.
ESTOU MELHORANDO
Já sonhei muito aqui nesta cama. Num dos meus sonhos eu caminhava por um caminho aberto. Do lado da estradinha corria um límpido riacho e o horizonte se mostrava aberto, azul celeste. Perto de mim eu também ouvia um “coral” de pássaros. Minha corrida era leve e solta, naquele risco de terra no meio da grama verde. Coisa boa poder carregar minhas queridas e meus queridos nos braços. Coisa boa aquele exercício movido pelo amor. A porta se abre. É o médico, sorridente, comunica: - Alta senhor! Eu sentia que iria recebê-la. As dores ainda só me visitavam aqui e ali, mas eram suportáveis. De vez em quando eu já meio que só ao banheiro; já me movimentava aos poucos, sempre segurando em móveis e ou no ombro de quem me oferecia apoio. Está dando certo o tratamento. Consigo caminhar novamente. Eu vou voltar. Eu vou vencer. Tudo vai melhorar...
Do Salmo 23
O SENHOR é o meu pastor: nada me faltará. Ele me faz descansar em pastos verdes e me leva a águas tranquilas. O SENHOR renova as minhas forças e me guia por caminhos certos, como ele mesmo prometeu.
SEMANAS DIFÍCEIS
As últimas semanas foram bem difíceis para mim. Consigo relembrar cada momento vivido: Meu medo, minha operação e minhas que não passavam. Minhas tentativas de caminhar sem apoio e as boas palavras das pessoas mais próximas: Você vai vencer mais esta! Estou pronto. Há um novo caminho que se abre diante de mim, uma nova oportunidade para viver. Vou seguir este novo rumo passo a passo. Vou refletir sobre todos os detalhes que vierem ao meu encontro. Vou mergulhar na proposta deste novo, alegrar-me com aquilo que pode me trazer alegria. Agradeço às pessoas que me ajudaram a chegar até aqui. Não quero esquecer daquilo que ficou para trás. Esse tempo marcado pela dor ensinou-me a enfrentar a dificuldade. Aquela “árvore” que estava sem folhas voltará a produzir “flores”.
Do Salmo 116
Meu ser inteiro, continue confiando em Deus, o SENHOR, pois ele tem sido bom para mim! Deus me livrou da morte, fez parar as minhas lágrimas e não deixou que eu caísse na desgraça. Por isso, no mundo dos que estão vivos, viverei uma vida de obediência a ele.

Sunday, April 23, 2017

Pregação no culto de 23 de Abril de 2017 em Fraiburgo

Saturday, April 22, 2017

Dispensacionalismo: uma doutrina mais perigosa que o próprio inferno

Theopedia define o dispensacionalismo como um "sistema teológico que ensina a história bíblica que é melhor compreendida à luz de um número de sucessivas administrações do trato de Deus com a humanidade, o que esta doutrina chama de" dispensações". Há sete ao todos: a dispensação da inocência (Criação → A morte de Adão), de consciência (Adão → Noé), de governo (Noé, Abraão), de governo patriarcal (Abraão, Moisés), de Lei Mosaica (Moisés, Cristo), de graça Reino (ainda por vir). De acordo com a teologia dispensacional, estamos atualmente na dispensação da graça, também conhecida como a era da Igreja.
Essencial para a cosmovisão do dispensacionalismo é uma teoria chamada de "arrebatamento" (quando os cristãos são "apanhados" para o céu), que desempenhará um papel crucial na inauguração do reino milenar da sétima dispensação. Com base em minhas relações com pessoas que defendem essa visão, parece que o arrebatamento acontecerá a qualquer momento. É claro, desta vez eles estão certos! Como estavam a última vez, e aquela vez antes desta, ah, também estavam certos naquela vez antes da anterior. E isto vai quase ad infinitum. Bem, como ad infinitum como você pode começar a partir do ano 1830 em diante, que é mais ou menos quando John Nelson Darby veio com todo esse hocus-pocus absurdo dispensacional.
O que é tão assustador sobre dispensationalismo é que é em grande parte (mas não inteiramente) baseado em uma leitura altamente literal e fundamentalista do livro de Apocalipse. Se você, caro leitor, não está familiarizado com a Revelação de João, ele é intenso e bastante gráfico. Não vou entrar em detalhes aqui, mas é cheio de imagens chocantes de criaturas mitológicas multi-cabeça, multi-chifres, taças de ira, trombetas de apocalipse, guerra sangrenta, um lagar de fúria, um lago de fogo e, em seguida, finalmente, um cordeiro vitorioso que introduz no reino dos céus. A compreensão dispensacional do Apocalipse reflete-se na popular série Deixada para Trás de livros e filmes. Aqui está essencialmente como o pessoal de Deixados Para Trás literaliza - quero dizer, interpreta-tudo:
Os crentes serão arrebatados para o céu. Então, a ira e a fúria de Deus serão desatadas na terra. Mil milhões serão mortos. Eles serão então lançados no inferno, para sofrerem para sempre. Tudo isso não só será endossado por Jesus, mas ele será o líder. Os crentes se alegrarão. Aleluia! AMÉM!
Coisas assustadoras, estou certo?
Mas observe que a primeira parte em particular - os crentes serão arrebatados para o céu, levados para estar com Jesus no momento oportuno.
Quão conveniente! Ou, como a Senhora da Igreja de Zorra Total diria, "bem, isso não é especial?"
Infelizmente, essa compreensão cria não só a apatia completa e absoluta, mas algo muito pior. Claro, há apatia pelo meio ambiente e apatia pela humanidade, mas, como uma espada de dois gumes, também uma promulgação das próprias coisas que os dispensacionalistas acreditam que devem acontecer antes que o fim possa vir, antes que eles possam ir ao seu partido no céu. Isso resulta em atitudes como esta, da comentarista conservadora Ann Coulter: "Deus nos deu a terra. Temos domínio sobre as plantas, os animais, as árvores. Deus disse: 'A Terra é sua. Pegue. Viole-a. É sua.'" Dá-me arrepios!
Perdoe-me enquanto vomito.
Esta atitude, que eu admito, não está simplesmente contida dentro do dispensacionalismo, ou mesmo o cristianismo para esse assunto, tem, não surpreendentemente, de fato levado a uma violação da terra, uma violação dos povos da terra, e uma violação que Continua e continua e aparentemente continuará até o fim - porque alguns acham que isto é simplesmente o modo de Deus (por favor note o sarcasmo!). Mas aqui está a coisa irônica e louca de tudo isso: parece que tudo está se tornando realidade como uma profecia auto-realizada, com muitos na igreja brincando e proeminente jogando bem com essa teologia equivocada, sem sequer uma pista de que eles são, Francamente, na verdade, um anti-Cristo.
Ufa, enfim eu disse.
Mas é verdade.
É por isso que o dispensacionalismo é tão perigoso. Porque a terra deve ser consumida no fogo, toda a paz é uma paz falsa (veja Dan. 9:27). Assim, em tempo real, a paz é violentamente sabotada em quase todos os turnos e a todo custo. E porque a violência é cíclica, ela continua escalando e escalando, mimeticamente, como uma panela de pressão defeituosa.
E falando de "mimético", não só os cristãos deste tipo acreditam que é assim que a história termina, mas também o fazem muitos fundamentalistas muçulmanos, e até mesmo muitos judeus:
Alguns muçulmanos acreditam que, para que o Madhi (o redentor do Islã) retorne, ele deve ser precedido pela violência, pela guerra e pelas fitnas intensificadas (tempos de provação, aflição e angústia). Então alguns desses muçulmanos fazem o que quiserem para trazer tudo isso.
Alguns judeus acreditam que quando o Messias (o redentor de Israel) vier, ele deve trazer violência e guerra aos seus inimigos, porque, como o profeta Isaías claramente afirma, o Dia do Jubileu é também "o dia da vingança de nosso Deus". Isaías 61: 2). Então, alguns desses judeus fazem a sua maldição para infligir sua própria vingança por amor de Deus.
É tudo altamente coincidente ou, de fato, a teoria mimética de Girard está correta em que os inimigos muitas vezes se assemelham uns aos outros. Nesse caso, parece que os inimigos se modificam mutuamente a um semelhante.
É por isso que acredito que uma visão de mundo como o dispensacionalismo é ainda mais perigosa do que o próprio inferno. O inferno, no "sentido tradicional" (como um lugar de sofrimento eterno), está contido no abstrato, o que pode ser chamado de "vida após a morte". Assim, embora possa nos fazer experimentar um tipo de inferno na terra (sendo uma doutrina francamente monstruosa). O inferno não força a sua entrada como dispensationalismo faz. Já o inferno na terra é necessário pelo dispensacionalismo. Todo esse fogo e ira deve acontecer – e quanto mais rápido, melhor. É um inferno garantido, ao passo que um inferno após a morte pode, no máximo, ser apenas especulativo.
É hora de combatermos esta doutrina claramente estúpida (por falta de uma palavra melhor), já que já causou bastante dano. Uma doutrina que é pregada por evangélicos e católicos carismáticos, pentecostais e testemunhas de Jeová, adventistas e mórmons. Se o evangelho é a paz (Efésios 6:15), mas nossa escatologia envolve um Jesus, ou um Mahdi, ou um Messias ainda não revelado, que traz a guerra ou está envolvido na guerra, então precisamos repensar a nossa prática Doutrinária, e trocá-la por boas notícias, o EVANGELHO.
Nossos pensamentos sobre o fim precisam ser vistos à luz da Cruz, à luz da pregação de cristo e de sua ressurreição, não o contrário. Lembre-se, Deus prefere se tornar um ser humano e morrer em uma cruz do que infligir violência contra nós - e se você disser o contrário, então você realmente não tem o Evangelho e não pode ser chamado de cristão.

Traduzido e adaptado a partir do texto de Matthew Distefano. Dispensationalism: A Doctrine More Dangerous Than Hell Itself - http://www.patheos.com/blogs/unfundamentalistchristians/2016/10/dispensationalism-a-doctrine-more-dangerous-than-hell-itself/

Monday, April 10, 2017

Eu não vou à igreja.

Claro, eu já visitei a igreja  várias vezes, mas finalmente desisti.

Na maioria das vezes, as pessoas eram frias nas comunidades. Ninguém me cumprimentou a menos que fosse algum tempo de saudação artificial, como o tal do abraço da paz. Ninguém se deu conta de mim enquanto se reuniam em seus sagrados abraços. Um membro da igreja sentou-se perto de mim e disse-me que eu estava sentando-se em seu banco e seu lugar. Decidi sair então.

Eu não vou à igreja.

Mas eu realmente gostaria de saber mais sobre o cristianismo. Infelizmente, a maioria dos sermões que eu ouço parece diluída. Muitos dos pregadores tendem a se esquivar de lidar diretamente com o texto bíblico. Eu quero aprender, mas eles só parecem querer agradar, parece que eles têm medo de alguém. Parece que pregam o que mandam, não o que pede o evangelho

Eu não vou à igreja.

Posso fazer uma lista de mais de 1000 coisas pelas as quais as igrejas estão contra, ou proíbem. Os temas vão desde o sério ao ridículo, se preocupam com a sexualidade, mas não com a corrupção. Gritam bem alto contra o “beijo gay”, mas se calam com a opressão. Eu com certeza gostaria de encontrar uma igreja que me mostrasse mais amor e me levasse a viver este amor ao meu próximo. Não foi isso que Jesus pediu?

Eu não vou à igreja.

O que eu mais preciso é de ajuda. Eu sei que preciso de ajuda, muita ajuda. Há momentos em que eu me machuco e fico procurando respostas. Eu esperava encontrar algumas dessas respostas na igreja. Eu esperava conhecer pessoas que se importassem comigo. Eu esperava estar no lugar onde eu fosse tratado com dignidade e cuidado.

Eu não vou à igreja.
Meu colega de trabalho vai à igreja. Eu até sei onde ele um membro, qual comunidade ele pertence. Mas ele nunca me convidou. Meu vizinho vai à igreja. Meus filhos brincam com seus filhos. Vejo sua família ir à igreja todos os domingos. Mas ela nunca me convidou. Eu iria se ela o fizesse. Gostaria definitivamente.

Eu não vou à igreja.

Mas os membros da igreja não parecem se importar comigo. Eles parecem muito ocupado para cuidar ou se importar com alguém mais que não eles mesmos. Ninguém fala comigo. Ninguém me convida. Ninguém mostra preocupação por mim. Custa dar uma palavra, ligar, passar um whatsapp convidando?

Eu não vou à igreja.

Olha, eu não sou anti-igreja. Eu não sou anti-cristão, também acho que não sou ateu. Estou realmente buscando respostas. Estou realmente à procura de pessoas que se importam.

Eu não vou à igreja.


Mas eu acho que eu gostaria de ser.

Thursday, March 30, 2017

MUDE SEU ESTILO DE VIDA - PARTICIPE DE UMA COMUNIDADE CRISTÃ!

Texto do colega Pastor Renato Luiz Becker


Eu, nos últimos dias, andei me ocupando com tema “Comunidade Cristã” e quero repartir um pouco das minhas conclusões. Sim, é vontade de Deus que participemos ativamente de uma Comunidade Cristã. Sim, é Seu desejo que vivamos nesta Comunidade, mesmo que, aqui e ali, isso não seja tão agradável ou quando, lá e acolá, acontecem acaloradas discussões sobre trivialidades. Mas, ao final das contas, o que é a Comunidade Cristã? O que significa a Comunidade Cristã? Como é que funciona a Comunidade Cristã? O que é que eu ganho com a minha participação na Comunidade Cristã?
O que é a Comunidade Cristã?
Eu creio que a Comunidade Cristã não seja aquilo que muitas pessoas expressam quando só participam, lá de vez em quando, de um Culto Dominical e, se não chover, de um Grupo de Interesse onde se leia e se discuta a Bíblia. Eu penso que Deus entende a Comunidade Cristã como um “estilo de vida” para nós! Eu penso que as possibilidades de se jogar um jogo de futebol, de se assistir um filme, de se celebrar a vida num jantar, de se participar de eventos, de se ir banhar numa piscina, de se fazer um churrasquinho e de se tomar parte num acampamento tem tudo a ver com a Comunidade Cristã. Tudo aquilo que nós, cristãs e cristãos, repartimos, é Comunidade Cristã.
Como é que funciona a Comunidade Cristã?
A Comunidade Cristã é descrita na Bíblia como um Corpo onde Jesus é a cabeça (Efésios 1.22). Jesus pensa, propõe, coordena, decide e admoesta. A Comunidade funciona se deixarmos nos orientar por esta Cabeça. O que Jesus faria no nosso lugar diante desta ou daquela situação? Essa é a pergunta que cada uma e que cada um de nós precisa se fazer repetidamente! Para a pergunta “O que fazer para melhorar a nossa Comunidade?”, a resposta é muito simples - ter comunhão; viver a vida comunitária; focar o pensamento de Jesus!
Porque, justamente eu, devo participar de uma Comunidade Cristã?
Ora, porque tu tens “algo” em ti que Deus está a fim de fazer uso (1 Coríntios 12.7). Deus te alcançou um presente, os teus dons. Deus te criou como uma pessoa única para que, junto com outras pessoas singulares, possas ajudar fazer acontecer os grandes Projetos do Seu Amor. Para que possamos construir o Seu Reino de Paz, Amor, Justiça e Perdão; ajudar, encorajar, acompanhar umas às outras e uns aos outros é preciso. Na nossa Comunidade, por exemplo, eu conheço pessoas que são bancárias, eletricistas, motoristas, metalúrgicos, carpinteiros, cozinheiros, diaristas, padeiros, enfermeiras, dentistas, professoras, empresários e por aí vai. Todos esses dons foi Deus quem presenteou a essa gente. E notem que esses dons são apenas os talentos “seculares”. Depois deles vêm as pregadoras e os pregadores, as pessoas que oram, gente que faz música... Diversidade – esta é a palavra chave. Enfim, Deus espera que tu sejas uma parte atuante no Seu Projeto de mais Vida.
Como a Gente se comporta dentro de uma Comunidade Cristã?
Sendo aquilo que somos (1 Pedro 5.3). Sendo uma pessoa amiga e irmã para as outras. Sendo uma mãe ou um pai. Sim, sendo uma das muitas filhas e filhos de Deus. Permitam que as pessoas te amem e reparte do teu amor com quem estiver próximo. Deixa que te ajudem e ajude às outras e os outros que caminham ao teu lado. Sejam modelos para as outras pessoas e, ao mesmo tempo, procurem modelos para vocês seguirem.
O que acontece quando vivemos numa Comunidade Cristã?
Deus chama a Comunidade Cristã e as pessoas que dela fazem parte a dar bom testemunho para que as autoridades e os poderes angélicos conheçam a sabedoria de Deus, em todas as suas diferentes formas (Efésios 3.10). É na Comunidade Cristã que as pessoas afastadas de Deus podem ver quão grande e quão incrível é Deus. Isso tudo vale a pena – certo?

Wednesday, March 29, 2017

Não é fácil ser pastor!

Não é fácil ser pastor!

Porque:


Se é jovem não tem experiência, se tem cabelos brancos é ultrapassado.
Se a esposa canta no coro é exibida, se não canta , não coopera.
Se lê os sermões é acadêmico e frio, se não lê é desleixado.
Se dedica tempo aos estudos, despreza as ovelhas e não visita, se visita, as ovelhas, é incômodo.
Se visita os pobres é demagogo, se vista os ricos, é interesseiro.
Se faz melhoramentos na igreja é gastão, se não faz é relaxado.
Se usa ilustrações é contador de histórias, se não usa é seco.
Se condena erros é intolerante, se não condena é transigente.
Se os sermão são longos, é prolixo, se são curtos é superficial.
Se prega a verdade ofende, se não prega é hipócrita.
Se procura agradar todos é político, se não agrada a todos é injusto
Se prega sempre é egoísta, se não prega sempre é irresponsável
É, não é fácil ser pastor!

Monday, March 27, 2017

IGREJA EM URGÊNCIA: NOVE MUDANÇAS QUE DEVEMOS FAZER OU FECHAR AS PORTAS!

É algo que me deixa muito triste.
As comunidades que vão reduzindo seu número de membros, ficando cada vez mais velhas, esvaziando-se até não conseguir mais se manter como comunidade. Então, vira ponto de pregação, depois, fecha as portas.
Outra igreja fechada. Esta, no século passado, tinha um potencial inacreditável. Na verdade, teve seus próprios "dias de glória", mas foi no século passado, na geração passada. Há 20 anos, poucos teriam predito o fechamento desta igreja. Hoje, é apenas mais uma estatística no cemitério eclesiástico.
Eu sei. Não podemos comprometer a doutrina. Eu sei. Nunca devemos dizer que mudaremos a Palavra de Deus.
Mas muitas de nossas comunidades devem mudar. Ou as comunidades mudam no seu jeito ou elas vão definhar até acabar.
Eu chamo essas comunidades de "igreja em urgência". O tempo é essencial. Se as mudanças não acontecerem em breve, muito em breve, essas comunidades morrerão. O ritmo da morte de comunidades e de paróquias em situação complicada, financeiramente e espiritualmente, está acelerando.
Quais são, então, algumas das principais mudanças que as comunidades e paróquias precisariam fazer? Para começo de conversa um alerta justo. Nenhuma mudança é fácil. Na verdade, eles só são possíveis no poder de Deus e com a força do Espírito Santo. Aqui eu, humildemente, penso em nove destas mudanças:
1.   Devemos parar de lamentar a morte do cristianismo
cultural. Esses lamentos não nos fazem bem. O crescimento fácil simplesmente não é uma realidade para muitas igrejas, principalmente se somos cuidadosos com a confessionalidade e com a reta pregação da palavra e dos sacramentos. As pessoas já não vêm a uma igreja porque acreditam que devem fazê-lo para serem culturalmente aceitos. A próxima vez que um membro da igreja disser: "Eles sabem onde estamos; Eles podem vir aqui se quiserem ", é melhor chamar a atenção. A “Grande Comissão” dada por Jesus é sobre ir; Não é "vinde a mim!".

2.   Precisamos deixar de ver a igreja como um lugar de conforto e estabilidade em meio à rápida mudança. Certamente, a verdade de Deus é imutável e Sua Palavra muito mais. Portanto, devemos encontrar conforto e estabilidade é nessa realidade. Mas não pense  para sua comunidade e paróquia para não mudar métodos, abordagens e tradições humanas. Na verdade, precisamos aprender a nos sentir desconfortáveis ​​no mundo se quisermos fazer a diferença. "Nós nunca fizemos isso dessa maneira antes", esta é uma declaração de morte.

3.   Devemos abandonar a mentalidade de direito. A comunidade e paróquia não é um clube onde a gente paga a contribuição para obter suas regalias e privilégios. É um posto avançado do evangelho onde todos devem se colocar em último lugar e todos devem colaborar no trabalho. Não estamos lá só para chegar no caminho, que é Jesus, com a música e o louvor, a espiritualidade calorosa e a duração dos sermões do pastor. Aqui está uma diretriz simples: Precisamos aprender a estar dispostos a morrer por causa do evangelho. Isso é o oposto da mentalidade de direito.

4.   Temos de começar a fazer.  A maioria de nós gosta mais da ideia de evangelismo do que gostar de fazer evangelismo. Tente uma simples oração e peça a Deus que lhe dê oportunidades de evangelizar. Você pode se surpreender como Ele irá usá-lo.

5.   Devemos parar de usar palavras bíblicas de formas não bíblicas. "Discipulado" não significa cuidar. A camaradagem, comunhão e amizade na comunidade não significa entretenimento.

6.   Devemos parar de nos concentrar em menores. Satanás deve se deleitar quando uma igreja passa seis meses discutindo sobre uma mudança de estatuto, sobre pontos no orçamento, sobre a troca do carro paroquial e por aí em diante. São, na maioria das vezes, tempos de negligência do evangelho.
7.   Devemos parar de atirar na nossa própria igreja. Esta tragédia está relacionada com a mentalidade de direito. Se não conseguirmos as coisas do nosso jeito então temo de atacar alguém. Iremos atrás do pastor, do membro da diretoria ou do membro da igreja que tem uma perspectiva diferente da nossa. Vamos mesmo ir atrás de suas famílias. Não deixe os valentões e os críticos perpétuos controlarem a igreja. Também somos muito bons em falar mal de nossa denominação para os outros, luteranos muito mais. Paremos de atirar pedras na nossa comunidade ou paróquia. Isso não é fogo amigável e só leva à destruição.

8.   Devemos parar de perder tempo em reuniões improdutivas, que parecem comitês e sessões de negócios. Não seria bom se cada membro da igreja só pudesse fazer uma pergunta ou fazer um comentário em uma assembleia para cada vez que ele ou ela compartilhou sua fé na semana passada? Uma pergunta somente para cada vez que colaborou para o crescimento e a evangelização?

9.   Devemos nos tornar casas de oração. Dito de forma simples, estamos fazendo muito por nosso próprio poder e vontades. Estamos realmente ocupados, mas não estamos fazendo a vontade de Deus.

Cerca de 200 igrejas vão fechar no mundo esta semana, talvez mais. Aqui em Rio das Antas temos uma fechada no centro da cidade. O ritmo acelerará cada vez mais, a menos que nossas comunidades façam algumas mudanças dramáticas. A necessidade é urgente.
Escutem bem, líderes da igreja, ministros, ministras e leigos e membros da igreja. Para muitas de nossas comunidades e paróquias a escolha é simples: mudar ou desaparecer.

O tempo está se esgotando. Por favor, pelo bem do evangelho, entreguemo-nos à vontade de Deus e faça, os as mudanças no poder de Deus.
Para quem se interessar, tem um site só com fotos de igrejas abandonadas no Brasil. http://www.lugaresesquecidos.com.br/2012/04/igrejas-e-capelas-abandonadas-pelo.html

Tuesday, March 21, 2017

No trabalho paroquial, quem é o patrão dos ministros e ministras?

Depois imemoriais tempos, quando na IECLB havia um pastorcentrismo, os ministros e ministras não são pa
trões, ou chefes nas paróquias. Ainda bem! No entanto, esta é uma questão complicada de responder frente a situações que se colocam, como renovação do TAM, “demissão” por diretorias, entendimento do TAM como contrato de trabalho, e por aí em diante.

Então, volta a pergunta, quem são os patrões nas paróquias?

Os que fundaram a comunidade que ainda estiverem vivos, mesmo que tenham investido muito na fundação, não são os patrões, muito menos os donos da comunidade – se bem que sempre tem uns que se sentem senhores feudais e são os lordes cristãos e a comunidade ou paróquia seja seu feudo. Da mesma forma não é patrão o conselho paroquias nem a diretoria. Também não o é a matriarca ou o patriarca que sempre estiveram lá e sempre tiveram seu assento na diretoria e no conselho – se não fizerem parte do conselho “eles se ofendem”, dizem alguns. O corpo nacional da igreja, da IECLB, também não o é, ainda que tenha uma “secretaria de pessoal”, bem como não o é o sínodo, ainda que tenha uma pasta com a documentação de cada um dos ministros e ministras atuantes no sínodo.
Frente ao INSS os ministros e ministras da IECLB são “equiparados a autônomos” e como tal fazem a sua contribuição previdenciária. Já uma decisão do STF diz:

 O trabalho realizado na qualidade de Pastor possui cunho religioso e não constitui objeto de um contrato de emprego, pois insuscetível de avaliação econômica, já que precipuamente destinado ao conforto e à orientação espiritual dos fiéis, bem como à divulgação do Evangelho. Não existem interesses distintos ou opostos, como no contrato de trabalho. As pessoas que prestam trabalho religioso fazem-no em nome de sua fé e de sua vocação, testemunhando sua generosidade em prol da comunidade religiosa, e não para a Igreja a qual pertencem. Também inexistente a obrigação das partes, posto que espontâneo e voluntário o cumprimento dos deveres religiosos, eis que o labor, nessa condição especial, encontra-se imbuído do espírito de fé, crença e vocação, sem a conotação material que envolve o trabalhador. Nesse sentido, a prova testemunhal e, no tocante à remuneração, tal se constitui num fundo de amparo, necessário à manutenção das necessidades do reclamante, para que este pudesse desempenhar as atividades decorrentes de seu sacerdócio, o que não se confunde com a contraprestação salarial, na verdadeira acepção do termo. TRT-3 - RECURSO ORDINARIO TRABALHISTA RO 1989608 01134-2007-055-03-00-4 (TRT-3)[1]

Desta forma, a pergunta sobre quem é o patrão dos ministros e ministras ainda não foi respondida.
Para começo de conversa, o patrão da igreja, na igreja, para a igreja é Deus. O apóstolo Paulo afirma em Romanos 12.5 (Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.”) ou Colossenses 1.18 (E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência”) que o cabeça de tudo é Cristo. Este é o patrão em qualquer tamanho de comunidade ou paróquia, desde comunidade que se reúne em casa de membro até os megatemplos que reúnem milhares de pessoas em uma única celebração, passando pela comunidade média da IECLB, que reúne uma média de cinquenta pessoas.

Isso deveria significar um grande alívio de fardo para presbitérios e ministros e ministras, mas não é o que se sente nas relações, seja de presbitérios, seja de ministros e ministras, se bem que em minha humilde opinião estes últimos nem de longe são mais patrões ou chefes, ao menos na IECLB.
Para bem sabermos, nada é sobre nós, lideranças leigas e ordenadas. Deus é soberano! As lideranças têm suas responsabilidades. Mais assustador ainda é se dar conta que Deus é nosso chefe ou patrão – de presbitérios e ministros e ministras – e somos conjuntamente responsáveis, seja pela igreja, seja pela criação. O patrão, o chefe, em última instância é Deus, e este patrão quer ver sua igreja, também na figura de ministros e ministras e presbitérios, fazendo o bem, cumprindo a Sua vontade suprema de levar e produzir vida em abundância (Jo 10.10). Deus instituiu a igreja, nesta são instalados conselhos, presbitérios, lideranças e ministros e ministras para fazerem e liderarem no cumprimento da vontade e das ordenanças deste chefe supremo. Deus escolheu a igreja, Deus escolheu lideranças leigas! E o seu mandamento é tão somente “Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. ” (J0 15.12b). Deus, como patrão, é não só bondoso, é misericordioso.

Nosso problema é consultar nosso chefe!
Ignorar a oração e a leitura das escrituras é como ir ao trabalho e nunca ler qualquer dos memorandos enviados pelo chefe, e nunca assistir a qualquer das reuniões de pessoal. A gente não pode saber o que Deus quer para a Igreja, a menos que se ouça o que Deus está dizendo. Parece simples, ou simplista, mas todos os líderes, repito TODOS, têm problemas com a oração e a vida devocional. Precisamos encorajar uns aos outros nisso. Isto, para mim, pode ser a principal coisa que eu acho que os colegas no ministério e presbitérios precisam se concentrar.

As lideranças, ministeriais e presbitérios, precisam apontar às pessoas para Deus que é realmente responsável.

Muito do trabalho das lideranças na igreja pode ser dirigir a membresia para consultar e queixar-se ao chefe real. Nós, como lideranças precisamos ser destemidos em direcionar as pessoas a orar sobre as preocupações que eles trazem para nós. A gente pode encorajar as pessoas a levantar qualquer queixa a Deus, e então ouvir a resposta de Deus. Em seguida, incentivar as pessoas a voltar para a gente com o que ouviram. Isto pode parecer um pouco piegas, mas muitas vezes é o que nos falta como liderança.

"Mas tenho Palavra do Senhor", ou “foi Deus quem me disse”
Certamente algumas pessoas abusarão disto, e lideranças muito mais, e sempre virão com uma palavra do Senhor para a qual eles acreditam que todos nós devemos aderir, afinal, com a palavra de Deus não se discute! É aqui que precisamos de um discernimento comunitário orante. As lideranças, leigas e ordenadas, ou quem quer que sejam os principais líderes, precisam ser uma comunidade de oração, de modo que quando uma queixa surge, eles também orem sobre isso. A gente não vai sempre obter respostas rápidas desta forma. No entanto precisamos aprender a parar, dar pausa, desacelerar e a desaceleração é boa, porque ajuda a gente a ouvir mais cuidadosamente a Deus.

A peneira Espiritual
Algumas pessoas conseguem ouvir o seu encorajamento ou instrução da liderança, seja leiga ou ordenada, para orar e meditar sobre as questões para que sejam realmente levadas à sério. É preciso tentar assegurar-lhes que pedir-lhes para orar e meditar é levar a questão muito à sério. É preciso mostrar ao presbitério e ao ministro ou ministra que isso não é uma maneira de eliminá-los, é uma maneira de garantir que eles estão enfrentando a queixa ou o problema de um ponto de vista espiritual. É uma maneira para todos nós chegar na mesma página, porque Deus pode mudar situações e corações quando eles precisam ser mudados.

Será que qualquer de nós, como líder, também consegue orar sobre os problemas paroquiais? Absolutamente, e orar também pela pessoa que trouxe o problema. Mas não devemos deixar que nossas queixas e questões pessoais dominem nossas próprias orações, ou dominem nossa tomada de decisão a partir da oração. Temos nossos preconceitos e nossa própria agenda ideológica e cultural
Sempre existe a liderança, leiga ou ordenada, autocentrada e a propagação de rumores mil.
Muitas vezes os líderes da Igreja são reacionários às queixas, ou levam adiante seus egos. Os líderes precisam ver quando as questões estão apenas focadas em si mesmos, sua própria experiência da Igreja, suas próprias necessidades, nas suas próprias agendas. Dirigir-lhes a Deus, à palavra, em vez de simplesmente atender às suas necessidades imediatas, é a tarefa de toda a liderança da Igreja.

Pedir às pessoas que levem suas queixas e preocupações a Deus, em culto, em meditação, em oração, também lhes ensina que Deus é a melhor pessoa para conversar, ao invés de espalhar rumores, fofocas, ou queixar-se à família e aos amigos.
Por que então não buscamos à Deus, como lideranças?
Os presbitérios e ministros e ministras são culpados de não levar suas queixas a Deus também. Os líderes da Igreja, muitas vezes, e mais do que qualquer outro membro da igreja, não se comportam como se Deus estivesse no comando.

Então, por que é que quando nós (qualquer um de nós!) temos um problema na paróquia, ficamos relutantes em buscar aquele com autoridade suprema? Talvez seja porque em algum lugar no fundo sabemos que Deus pedirá algum tipo de mudança pessoal de nós. E muitas vezes as nossas proposições, seja de ministros ou ministras, seja presbitérios, são tentativas veladas para que os outros mudem de acordo com nossa agenda e vontade, por isso não devemos de o fazer. Deus, por outro lado, está transformando todos nós.



[1] https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=Pastor+Religioso

Sunday, February 26, 2017

CINCO PRINCÍPIOS PARA AJUDAR MINISTROS E MINISTRAS A SABER QUANDO E COMO SE AJUSTAR

"Eu nunca vou me comprometer!"
- É uma questão de princípio. Eu fico com minhas armas! "
Algumas das feridas mais dolorosas no ministério são auto infligidas. Mas, às vezes, o compromisso ou o ajuste está em ordem.
Acordo, ajuste, transigência. ARGH!!!!!
Eu sei. Nós não gostamos dessas palavras. Parece que estamos fracos. Ele conota uma pessoa sem convicção, líderes que estão cedendo seu manto de liderança.

É especialmente problemático para aqueles que servem no ministério no trabalho paroquial. A gente faz teologia, 5 anos em uma faculdade, mais estágio, mais Período Prático, tudo para sermos treinados a ter convicção. A gente proclama a Palavra de Deus sem transigir, sem acordo, sem adaptação. A gente não cede. Jamais!!!!
Mas transigir, se ajustar, adaptar é de fato um traço necessário para ministros e ministras, principalmente no trabalho paroquial. Talvez muito especialmente para aqueles no ministério, numa questão amorosa que recebemos de Jesus.
Permita-me então oferecer cinco princípios básicos de ajuste para aqueles que estão em Campo de Atividade Ministerial.

1.       Decida no início de seu ministério as questões doutrinárias que você não irá comprometer jamais. Eu nunca comprometo o meu ministério a aceitar qualquer caminho de salvação que não seja através de Cristo. Eu creio sem ceder que Jesus pagou a penalidade por meus pecados na cruz. Mas não vou entrar em um debate sobre o calendário exato do retorno de Cristo ou se as ruas do céu são pavimentadas de ouro. E, sim, vou aceitar um irmão ou irmã em Cristo que tem mais dificuldades do que eu.
2.       Certifique-se de que você está lutando por princípio sobre preferência. A gente, que está no ministério, às vezes lutar por questões que não são nada mais do que aquilo que queremos, sem consideração pelo que é melhor para o corpo de Cristo, a Missio Dei e seu foco na Grande Comissão. Em última análise, o ministério não é sobre nós e o que nós queremos; Mas essa é uma realidade muito fácil de esquecer.
3.       Discernir se a desunião da comunidade ou paróquia vale o stress da  batalha. A pergunta frequente é: "É um castelo pelo qual vale a pena morrer?" A maioria das lutas e divisões realmente divisivas da igreja têm sido sobre questões em grande parte inconsequentes e de mais cunho de jogo de poder. Um exemplo é uma comunidade que se dividiu sobre uma discussão sobre a obtenção de bancos ou cadeiras, ou a briga como o ministro por causa da posição do altar, ou da cor da tinta a ser pintada o salão. Sim isso já aconteceu mesmo.
4.       Manter uma perspectiva de longo prazo. Às vezes, a gente está pronto para ir para a batalha, porque a gente só tem uma perspectiva de curto prazo. Muitas das questões de divisão tomarão conta de si mesmas ao longo do tempo. A gente nunca deve começar uma batalha onde a gente não estará por perto para ver a conclusão. A síndrome de "lutar e fugir" já feriu gravemente muitas comunidades e paróquias.
5.       Mais importante: Discernir se a questão é pessoal. Se a gente tem um problema que nos afeta pessoalmente, aí é mais provável ir à batalha sobre ele. Às vezes, os ministros e ministras têm de suportar uma temporada de dor pessoal por causa da unidade. Mas é realmente tentador entrar na briga quando você sente dor, farpas ou críticas. É preciso ser muito forte para colocar as necessidades da igreja em primeiro lugar.

Estou convencido de que ministério é uma das posições mais difíceis que uma pessoa pode ter, é estressante, dá dor de barriga, nos deixa doentes. É preciso oração, vocação, discernimento, pele espessa, paciência e uma disposição de se ajustar sobre as questões menos críticas.

Friday, February 24, 2017

Família Pastoral e ministerial para a 1ª Convenção Nacional de Obreiros da IECLB

Comentário proferido pelo pastor Nelson Weingärtner a partir da palestra de Dorothea Wulfhorts, na 1a. Convenção Nacional de Pastores e Pastoras da IECLB, no ano de2009, em Curitiba.

Como jovem eu gostava de ajudar um tio, que era ferreiro e fabricava ferramentas para o trabalho na lavoura.

Um pedaço de ferro ou de aço era colocado nas brasas até ficar incandescente... depois era martelado e batido até pegar a forma da ferramenta desejada... mas, até que a ferramenta ficava pronta, ela precisava voltar várias vezes ao braseiro.

Nossa convenção aqui em Curitiba é parecida com tal ferraria.

Os assuntos aqui tratados foram quentes e nós, obreiros e responsáveis pelos serviços de formação e administração na IECLB, fomos o aço que é colocado no braseiro, e fomos martelados e malhados  para pegar a forma que  Deus quer ver em seus ministros..

A Dorothea colocou – com grande sabedoria e empatia - diante de todos nós – a história, as alegrias e as dores da Família Ministerial.

O que vamos fazer agora com esta palestra, que mexeu conosco, que despertou concordância e certamente também discordância?

Permitam sublinhar e acrescentar alguns tópicos ao que ouvimos:

Desde o tempo da Reforma, a família pastoral, ou ministerial, como se prefere hoje, ocupou um lugar de destaque nas comunidades evangélicas e sempre tinha um status especial  e diferenciado.

O pastor, quase sempre, era muito respeitado e em certo sentido temido – muitos membros ficavam inibidos diante dele e bancavam ser, o que na verdade não eram.

Uma pequena história pessoal:

Em princípios de 1962, eu assumi meu primeiro pastorado na paróquia de Santa Isabel, minha terra natal.

Präses Stoer, presidente do Sínodo, reuniu, antes de minha designação, os membros da Comunidade e lhes explicou, que eles receberiam agora um filho da comunidade como seu pastor e acentuou:

Vocês devem amá-lo e respeitá-lo como o vosso pastor. Ele agora não é mais o filho, sobrinho, primo e amigo de vocês – mas o pastor de vocês”.
  
Quando cheguei com minha mudança, fui calorosamente recebido como pastor...mas era muito estranho, ser chamado “Herr Pfarrer” – Sr. Pastor  por meus tios, primos e ex-colegas de escola.

Quando fui celebrar o primeiro culto numa Comunidade filial, na Segunda Linha, montando o meu “Baio”, lembrei que há 14 anos passados, eu ganhava um dinheirinho de bolso para ficar de guarda, no final da tarde dos Domingos em que havia culto na 2ª Linha.

Quando o pastor aparecia lá na curva dos Rassweiler, eu saía em disparada para a venda, onde os.homens jogavam cartas e onde circulava um copo com uma cachacinha, e gritava: “Der Pfarra kemmt” = 0 pastor vem..

O copo com a caninha desaparecia e as cartas eram escondidas... sentavam em cima delas, até que pastor passara.

Nesse dia, quando voltei no fim da tarde, e cheguei lá na curva dos Rassweiler .. vi meu sobrinho sair em disparada...

Quando cheguei na venda, saltei do cavalo, entrei e fui cumprimentar os homens sentados ao redor da mesa ... eles fizeram uma pequena menção de levantar... mas não podiam... porque estavam sentados em cima de suas cartas.

Rindo, eu segurei a mão de meu tio e padrinho e disse: Vor dem pastor muss man richtig aufstehn, Onkel Betti...  e o puxei para cima, tomei suas cartas e joguei uma rodada com eles...

Assim, aos poucos, a distância entre membros e pastores diminuiu e foi superada.

Experiências semelhantes, outros colegas também tiveram.

Hoje, eu gostaria de perguntar: Será que essa superação – duma certa distância entre pastor e membros – foi bom para os serviços pastorais?

Certamente, foi necessário libertar o pastor, a Frau Pastor e os filhos do casal dum status que os forçava a aparentar algo, que na realidade eles não eram e não queriam ser.

Mas decorrer dos últimos anos aconteceu um nivelamento entre pastores e membros que, em meu entender, prejudicou os serviços pastorais, porque afetou a função pastoral, o específico do pastor.

Um certo distanciamento entre pastor e membro, como entre médico e paciente, professor e aluno é de vital importância, pois o ser humano necessita de  um parâmetro de vida.

É bom lembrar que num passado, um pouco mais distante, o respeito ao pastor tinha suas raízes na sua função e não na sua pessoa.

Exemplifico: Quando, como menino, perguntei minha avó por que a gente tinha que usar sapatos e a melhor roupa para ir a igreja, ela respondeu: porque lá vamos nos encontrar com Deus!

Como na época só acontecia um culto por mês, ninguém faltava.

Lá ao redor da igreja, antes do culto, todos se cumprimentavam e conversavam animadamente.

Cinco minutos antes de o culto iniciar tocava o sino.

Todos tiravam o chapéu e entravam na igreja com respeito e em profundo silêncio, faziam sua oração e sentavam.

Quando o pastor, paramentado, entrava na igreja e se dirigia ao altar, o sino tocava novamente e toda a comunidade se colocava de pé.

No culto vamos nos encontrar com Deus!

Essa frase é uma confissão de fé.

Nossos ancestrais sabiam o que eles estavam dizendo e fazendo quando iam ao culto.

O encontro com Deus na igreja era um momento muito dinâmico e o povo experimentava verdadeiro recondicionamento nesse encontro.

No “Gottesdienst” o pastor tinha uma dupla função: ele era porta voz de Deus na pregação, na absolvição dos pecados e na Bênção.

E era o porta voz da comunidade na confissão dos pecados e nas intercessões.

O pastor estava ciente e consciente da grande responsabilidade que lhe cabia nesse encontro com Deus e a comunidade também o sabia.

O Pastor se dirigia ao altar e ao púlpito com temor e tremor porque neste encontro ele era porta voz de Deus, e falava em nome de Deus.

A palavra Gottesdienst sempre era entendida em sentido duplo: Deus nos serve através do perdão dos pecados, através da pregação de sua palavra e da Bênção e a comunidade serve a Deus com seu canto de louvor e adoração, através da confissão de sua fé e da oração.

O culto, assim entendido e celebrado, alimentou os nossos ancestrais luteranos durante mais de cem anos.

Não havia outros serviços e as comunidades só cresciam, mesmo que restrito aos descendentes de alemães.

Pergunto: Será que o culto, de nossos dias, ainda é sentido e experimentado como um Encontro com Deus?

A igreja ainda representa um lugar santo e sagrado, diante da qual, em tempos passados, as pessoas tiravam o chapéu ao passarem por ela?

Nós pastores ainda estamos cientes e conscientes que no culto somos porta voz de Deus quando pregamos, anunciamos perdão e colocamos a Bênção sobre a Comunidade?

Gostaria de lembrar que colocar a Bênção é  muito mais que desejar a Bênção!!!  Veja Números 6,23 -27.

O culto assim entendido  é celebração genuinamente luterana.

Tenho a impressão que a reforma litúrgica dos últimos tempos, esvaziou a sobriedade e dinamicidade do nosso culto e tornou os membros inseguros... muitos de nossos membros, quando participam de cultos em outros lugares, não reconhecem mais sua Igreja.

Pergunto: Será que muitas das crises vividas hoje por pastores e suas famílias não estão relacionadas com certo esvaziamento da função pastoral?

Esse esvaziamento do “próprium” da função pastoral tem sua origem em uma serie de fatores. Cito alguns:

1)    Nossos pastores estão sobrecarregados com programas e programações. Vivem correndo para os mais diferentes grupos de trabalho nas comunidades e nos Sínodos.

2)    A conseqüência  desse corre...corre é que eles não tem mais tempo para ler, meditar, orar e preparar uma boa prédica, para então subir no púlpito como porta voz de Deus.  

3)    A falta de tempo para o Studier= e Betzimmer, - A sala de estudo e oração – como era entendido o escritório do pastor, gera muitos conflitos, por exemplo: O pastor que precisa pregar e ensinar a palavra de Deus, e não tem tempo para se preparar, torna-se superficial e no decorrer do tempo perde a sua auto-estima e autoconfiança, e, torna-se um barato mestre de cerimônias.

4)    Nesse contexto também nossas conferências de obreiros precisam ser avaliadas. Nessas conferências há espaço e tempo para reflexão teológica com exegese e temas atuais? Ou gastamos esse tempo precioso com assuntos de agenda?

5)    É preciso acentuar ainda, que todo pastor e todos os obreiros dos demais ministérios ordenados, para poderem servir bem as comunidades a eles confiadas, precisam de muita autoconfiança e auto-estima. Isso não num sentido de auto-elevação e autoritarismo, mas a partir da função e autoridade que lhes foram conferidas na sua ordenação.

A Dorothea nos forneceu, em sua palestra, muitos aspectos das dores que atormentam nossos obreiros e suas famílias e indicou possíveis saídas.

Eu gostaria de propor agora, que à partir dessa convenção, sejam tomadas algumas medidas bem concretas, precisamos ir fundo e analisar: por que há tanto descontentamento e tanta frustração entre obreiros da IECLB.

Arrisco algumas sugestões, porque somos luteranos e temos o direito de protestar:

1)    Os obreiros da IECLB precisam ser mais valorizados à partir da função para a qual foram ordenados – eles não podem continuar sendo tratados como meros empregados ou funcionários, cujo trabalho é medido pela produção.

2)    Precisamos ouvir – sem rancor e desarmado – o clamor de obreiros, que acusam nossa IECLB de estar se transformando numa Empresa e que nela reina “um espírito empresarial”!

3)    Um dos grandes culpados, que estão gerando esse clima não bom na IECLB, é “A avaliação dos obreiros”.

4)    A maneira como a avaliação é realizada não condiz com a dignidade ministerial.

5)    Já o contrato de trabalho para um período de quatro anos cerceia a dignidade ministerial e transforma o ministro em funcionário.

6)     Por isso sou de opinião que todo o sistema de avaliação e “contratação” dos obreiros deve ser revisto e encontrada outra forma de acompanhamento dos mesmos,..

7)    Obreiros cientes e conscientes de sua função não precisam ser avaliados, mas visitados por pessoas capacitadas para escutá-los, consolá-los, aconselhá-los e quando necessário também admoestá-los e mesmo repreende-los.

8)     Será que há disposição para tal mudança? E será que temos pessoas capacitadas para esse serviço?

9)    Imagino que sim. Além dos Pastores Sinodais, aos quais cabe esse serviço em primeiro lugar, podem ser convocados obreiros aposentados e outras pessoas com tato e experiência em aconselhamento.

10)                      Em meu entender, também os obreiros aposentados precisam ser mais valorizados e suas experiências mais usadas.

11)                      Outro tópico importante, que precisa ser tratado com muito carinho: Nossas famílias de obreiros, de todos os ministérios ordenados, precisam saber e sentir que elas são importantes para a nossa IECLB, que elas podem contar com sua Igreja em momentos dor, doença e crise. Em todos os Sínodos deveriam existir equipes de profissionais da saúde física e mental, credenciadas pelas respectivas instâncias da Igreja, para atender nossas famílias ministeriais.

Por fim, gostaria de dizer ainda:

Sejam criativos, estimados colegas, aprendam a discernir o central e essencial nos serviços ministeriais.

Se dediquem a esses serviços com alegria e entusiasmo e tenham coragem para dizer não aos serviços, que não são necessariamente atribuições do obreiro

Se assim procederem, com certeza, também vão encontrar espaço e tempo  para vocês mesmo e para as famílias de vocês.

Que assim seja.


Timbó, outubro de 2009                                Nelso Weingärtner